sexta-feira, 27 de abril de 2018

Extremismos


Ao entender um pouco a história da humanidade, o desenvolvimento dos povos, a construção e a destruição das civilizações, é possível se aprender muito sobre o momento, e  especialmente, se preparar para o futuro. Já que não é possível mudar o passado, precisamos aprender ao máximo com as lições que ficam. Com alguma presença nas redes sociais, é possível ler e ouvir cada dia mais manifestações extremadas a cerca do que é melhor para nossa sociedade e das soluções para nosso País.
Radicalismos e extremismos religiosos, ideológicos, econômicos, políticos, nacionalistas, de gênero ou qualquer que seja ele, no meu entender tem um papel fundamental e importantíssimo em todos os campos de estudo, principalmente para estender as fronteiras dos pensamentos, do status quo, dos paradigmas e em especial ampliar a visão das sociedades e das civilizações. Todavia, como a lei natural, conhecida no meio acadêmico como a terceira Lei de Newton, “para toda ação há uma reação oposta e de igual intensidade”. Em outras palavras, cada ação extrema que ganha força e abre fronteiras para um lado, estimula outra ação com igual força no extremo oposto. Infelizmente, muita gente não se dá conta desta lei natural que afeta diretamente nossa vida.
Quando o extremismo chega ao centro do poder, seja pela radicalização momentânea da sociedade, seja pelo uso da força, ou pela via da coalização com as tendências de centro para ganhar votos, será uma questão de tempo para que suas ações façam o extremo oposto ganhar força de igual intensidade na busca do centro do poder, para fazer valer os seus valores.
Os extremismos vividos e presentes nos países que estão na pauta do noticiário provocam ações e reações de igual intensidade, assim como vemos surgir movimentos na sociedade brasileira que se recente de extremismos ideológicos que em parte, causaram o caos econômico e o desequilíbrio político. Dispensa comentar que nosso país necessita de um novo ordenamento político e social, todavia, tendo claro os efeitos nefastos do extremismo no centro do poder, não pode-se admitir que a solução será colocar o extremo oposto no poder. Nas próximas eleições é preciso prestar muito mais atenção em cada um dos nossos votos, e discutir, buscando esclarecimentos mútuos, dando uma contribuição real para mudança de rumos políticos, sociais e econômicos. É tão ou mais importante discutir em quem vamos votar para Presidente e Governador, quanto discutir em quem vamos votar para o senado, câmara ou assembleia.
Os próximos executivos precisarão fazer muito para tentar aumentar a credibilidade em nosso país, na economia, na política, nas instituições e suas propostas só poderão ser efetivadas, se aprovadas pelos parlamentares. A prática de distribuição de benesses legais ou ilegais, certamente muitas imorais, para aprovação de propostas nos legislativos precisa ser relegada a um passado do qual só temos que nos envergonhar. Os parlamentares que definem seus votos baseados no que vão receber para si ou até mesmo para suas comunidades, precisam ficar apenas para a história, naquele ponto em que vai ser ensinado o que nunca mais pode ser repetido.
Para a reflexão dos amigos leitores, deixo algumas questões que seriam ótimas para um bom debate:
- Este ano é hora de dar voto de protesto, ou voto de compromisso consciente com o País e o Estado?
- Um grupo radical/extremista seja do modelo anterior, ou do extremo oposto teria apoio necessário dos parlamentares para aprovação de medidas e soluções que o País precisa?
- Você está discutindo com as pessoas próximas tanto as preferências de votos para deputado estadual, federal e senador, quanto para Presidente e Governador?
       É certo que não cabe aqui manifestar minhas preferências e voto, mas é minha intenção questionar quem defende os extremistas no centro do poder, sejam eles quais forem, como solução para nosso país que tenta se reerguer a duras penas para seu povo tão sofrido.
Um abraço e até a próxima!

sábado, 21 de abril de 2018

As feiras e o desenvolvimento local


Os leitores mais assíduos sabem que sou um entusiasta de ações mais efetivas de desenvolvimento local através do fortalecimento da iniciativa privada e cooperada. Assim, volto as variáveis que influenciam, esclarecem, contribuem ou dificultam a economia local, procurando refletir um pouco sobre as exposições e feiras comunitárias promovidas por nossos municípios.
Décadas atrás apenas os municípios polos de cada microrregião organizavam feiras, que hoje se tornaram estaduais e nacionais, incentivando que outras comunidades se estruturassem para exposições e feiras associadas a eventos locais como rodeios, motocross, jeep/gaiola cross, arrancadão, ciclismo, maratona, traking, festivais de música, dentre outros movimentos que mobilizam o município para atrair visitantes, quanto maior o conjunto de atividades. Organizar um conjunto de eventos no mesmo espaço e calendário é muito desafiador e necessita grande desprendimento das lideranças e de um grupo disposto a deixar parte de suas atividades particulares e profissionais, para dedicarem-se ao que é para todos. Muitas horas de trabalho, grandes dificuldades para agradar a maioria, dificuldades de conseguir patrocínios, participantes, controlar orçamento, atrair público e ainda torcer para um clima favorável, desafiam os organizadores. Aqui vai a primeira reflexão: o quanto cada um de nós e o conjunto da comunidade consegue ser grato e mostrar seu agradecimento às pessoas que dão seu precioso tempo e energia para criar um evento à altura das expectativas e desejos da comunidade?
Visito várias feiras e exposições, tanto a título de entretenimento e companhia da família, quanto para prestigiar ao trabalho abnegado de quem se dispôs a organizar tudo aquilo, sem os quais faltariam atrativos na região. Considerando o que estudo e trabalho, os negócios em exposição e feira sempre atraem minha atenção e não consigo passar só na condição de visitante. Observo atentamente as formas de exposição e venda de bens e serviços, quais são e de onde vêm as empresas participantes. Neste ponto peço uma reflexão aos organizadores de eventos, e especialmente aos que decidem a vida de suas empresas: tenho visitado eventos em que a grande maioria dos expositores e dos fornecedores vem de outros municípios e regiões. É exatamente neste objetivo que ao meu ver, deveriam ser centradas as exposições e feiras comunitárias. É preciso refletir sobre o quanto o evento contribui com a economia local, quando o grande volume de vendas é realizado por empresas de outras regiões.
Sabendo que todos os negócios concorrem pelas economias das pessoas, neste caso, pelo bolso dos moradores, quando a comunidade se mobiliza para um evento que faz as pessoas saírem de casa e gastarem suas economias, o objetivo deveria ser o estímulo a circulação de dinheiro nos negócios e entidades do município, mantendo empregos, gerando renda para os trabalhadores e empregadores, além de tributos para melhorar a infraestrutura e os serviços de limpeza, educação e saúde locais. Ao circular em várias exposições e feiras é possível verificar empresas que se especializaram em vender nestes locais, o que é um bom negócio para aqueles profissionais e aquelas empresas. Todavia, para os negócios instalados no município e para o conjunto da economia local, quando o evento tem na maior parte dos expositores, empresas de outras regiões e que vendem bem, levando boa parte dos poucos recursos da população disponíveis para o consumo, é preciso fazer uma grande reflexão com todos os atores deste processo.
O primeiro passo é entender os motivos pelos quais as empresas locais não foram, ou não vão expor; e quando vão, se não vendem bem, quais os motivos? O que é preciso fazer nas empresas locais e nos eventos? Se não é possível e enquanto não é possível fazer melhor, é preciso pensar o quanto o evento contribui com a economia local. Porque a administração municipal deveria colocar dinheiro e serviços num evento que promove a evasão de recursos da economia local? Porque as entidades locais deveriam promover e tantas pessoas trabalhar voluntariamente numa atividade que tem por efeito colateral a perda de recursos da população para compras em empresas de outras regiões?   
Um abraço e até a próxima!

sexta-feira, 13 de abril de 2018

O que há de pior entre nós?


Nos últimos tempos corrupção é assunto mais frequente nas rodas de conversa do que futebol, ou novela, não é mesmo? Eu sei os nomes e parte do curriculum de todos os ministros do STF, mas não sei a escalação do meu time, campeão gaúcho de futebol! Os amigos perceberam o quanto mudou parte dos assuntos dos brasileiros?
É preciso mudar muito mais! Muitas vezes me vejo em conversas como de onde veio e para onde vai nos levar este jeito de ser de tanta gente, que por vezes vira marca de nossa pátria. O que há de pior entre nós? Talvez os ensinamentos que vem de muitas casas, ou se aprendem na rua de que é preciso levar vantagem em tudo, com o passar dos anos tenha produzido um contingente maior destes, do que os demais podem suportar.
O hábito de querer levar vantagem em tudo pode começar em pequenas fraudes nas brincadeiras de criança, nos “roubos” em jogos de carta inocentes, passando para fraudes mais graves como cola nas avaliações da escola, e pagar um lanche para um colega colocar seu nome num trabalho que não teve muita ou nenhuma participação. Com a frequência, estes hábitos podem deixar parecer natural atos como adquirir aparelho que capta sinal pirata de TV por assinatura, adquirir filmes, aplicativos, softwares, piratas, adquirir produtos de origem duvidosa, ou sabidamente fruto de furto, ou contrabando, oferecer propina para o agente de fiscalização, ou transferir pontos da habilitação para outra pessoa ao cometer uma infração de trânsito, só para ficar em alguns exemplos. Nesta sequencia de hábitos, vai parecendo natural deixar de pagar contas, ignorar leis de trânsito, sonegar tributos, negar direitos de pessoas da família, dos trabalhadores, de vizinhos e de clientes. Entendo que estes hábitos, que até em algumas rodas encontra-se quem os incentive, está na lista daquilo que há de pior entre nós.
Os corruptos que estão sendo denunciados, respondendo por parte dos seus crimes, uma parte sendo estranhamente absolvida, uma pequena parte sendo presa por crimes contra a nação e a economia, os canalhas, os patifes que levam dinheiro público que deveria ser investido em atendimento a saúde, em educação e profissionalização do nosso povo, os crápulas que levam parte da integridade da política, não começaram do dia para a noite. A quem duvidar, peço que leia suas biografias, histórias contadas por quem os conheceu quando não eram influentes e famosos. Verão que delitos menores, hábito de levar vantagem em tudo está presente em muitos relatos e momentos da vida.
Uma cola na prova, um pequeno furto de frutas, um golpezinho aqui e outro ali, sem punição formam um caráter! Ter desejo, passar necessidades e dificuldades diversas sem pegar o que não é seu por direito, sem fazer o que sabe que é errado, mesmo quando ninguém está vendo, forma um caráter diferente! Estes últimos, são hábitos que caracterizam aqueles que já não suportam mais aqueles que sempre querem levar vantagem, sem querer saber quem terá que perder, se sacrificar, trabalhar ou sofrer, para eles terem o que querem, mesmo que não lhes seja de direito.
O problema que vejo nestes pontos e no conjunto imenso de outras questões relacionadas e que estão vindo à sua mente agora, é que parte disso tudo está se misturando as ideologias, aos partidos políticos e vemos os radicalismos se fortalecendo. Os radicalismos em alguns momentos são necessários para termos mais claro as fronteiras dos pensamentos sobre determinados temas, mas quando os moderados não surgem, não se avança e não se constrói. Num país arrasado pela corrupção, que teve as bases frágeis da economia abaladas pelas crises políticas, os moderados teriam um papel importante lembrando que reconstrução nas proporções que necessitamos, só é possível com muita coalisão, cooperação, compreensão e desenvolvimento coletivo. Não se combate radicalismo com radicalismo da outra extremidade, pois a reação é mais antagonismo e aí, é o fim!
Que possamos juntos e de todas as formas, reduzir e muito, o que há de pior está entre nós!
Um abraço e até a próxima!

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Uma provocação aos pessimistas


Numa entrevista de tempos atrás o conhecido Professor e Filósofo Dr. Mário Sérgio Cortela teria sido chamado de otimista, quando na ocasião respondeu, não, sem antes fazer toda uma contextualização. Vez por outra o vídeo deste trecho provocativo da entrevista, passa pelas redes sociais. Nesta edição optei por compartilhar alguns trechos, comentando um pouco, pois acompanhar as notícias, em especial da economia, política e justiça, por vezes nos deixa em dificuldades em ser otimista com o Brasil, e com o mundo.
No trecho que circula, depois de ser perguntado se estava otimista, Cortela faz uma espécie de desabafo e diz categoricamente que “o pessimista antes de tudo é vagabundo”, justificando que o fato de ser otimista gera um trabalho danado e desgaste, pois é preciso ir atrás de fatos, estudar o contexto, trocar ideias, reunir-se com outros que estudam o assunto para criar e promover algo e discutir com os pessimistas. Enquanto isso, segundo ele, para ser pessimista pode-se limitar-se a dizer que não vai dar certo. O professor lembra que a frase preferida do pessimista é “Que horror, alguém tem que fazer alguma coisa.” e critica os pessimistas quando sentam e ficam esperando algo dar errado nas propostas e ações de quem tem esperança e assume responsabilidades para si. Ele lembra ainda que quando alguém responde ou mostra ao pessimista que não está dando errado, ouve-se aquela tréplica habitual “espera para ver no que vai dar”.
Ser pessimista é confortável, pois tudo o que ocorre com ele, com as pessoas próximas, com a cidade e com o país, pode ser atribuído as forças que estão fora ou longe. Vejam que tem gente que fala de Brasília e não vê as atitudes que pode mudar em si mesmo, na sua casa, na empresa, na comunidade. Cola e comete fraudes na escola, deixa de pagar contas, ignora leis de trânsito, sonega tributos, nega direitos de pessoas próximas, tenta levar pequenas vantagens a qualquer custo e critica as lideranças de entidades e os políticos. Contribui pouco com a comunidade e quando o faz é para ter plateia para ouvir as críticas e as opiniões sobre o que não vai dar certo, e ainda faz comentários como “...as pessoas não participam...” e “Hoje em dia os jovens...”.
Cortela lembra que quando cobrado por não participar e tentar mudar o que não concorda, o pessimista costuma dizer “Eu não vou lá, porque é uma brigaiada só!”, ou “É só perda de tempo, porque não decidem nada”. Todavia, quando uma decisão é tomada e ele não gosta ou acontece algo que ele não deseja, saem comentários como “Viram? Isso aqui não funciona, é um absurdo!”
Diretamente sobre a pergunta em relação a suposto otimismo quanto ao futuro do Brasil, o Filósofo responde “eles não vão me vencer” e acrescenta que “os corruptos, os canalhas, os patifes que levam dinheiro público, que levam parte de integridade da política, não vão vencer duas vezes”. E segue “Já derrotaram nossa capacidade financeira, derrotaram nossa capacidade de ter mais recursos para aquilo que é necessário, derrotaram o emprego de muita gente... não vão me derrotar tirando e matando minha esperança. Os democracídas não vão vencer!”
Já vi a entrevista mais vezes e quase todos os trechos mexeram comigo. Sugiro aos amigos leitores que assistam a entrevista na internet, e aos que não conseguirem, que parem para pensar um pouco nesta situação, que trata sobretudo de esperança. Por vezes parece haver um movimento para não acreditarmos mais em nada. Sei que estamos na era da pós-verdade, mas... e a esperança?
Como está a sua esperança? No seu futuro, nas pessoas de sua família, nas lideranças, na sua comunidade, no seu município, no Estado, no Brasil, no mundo?
Acabamos de celebrar a Páscoa, que é sobretudo, a renovação das esperanças. É um excelente momento para pensarmos na esperança, na vida que queremos e também no que fazemos por nossos mais queridos. O que queremos do Estado, do País e do mundo depende daquilo que estivermos dispostos e do que conseguimos fazer, não exatamente da opinião, do otimismo ou do pessimismo de quem estiver envolvido.
Sem esperança, o que nos resta?
Um abraço e até a próxima!

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