sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Encare a realidade das organizações

        O texto da semana passada provocando a reflexão sobre a motivação ou direção das pessoas nas organizações gerou bons feed backs, instigando a sequencia do assunto por outros desdobramentos. Um dos desdobramentos é saber encarar a realidade do mundo do trabalho e das organizações.
        Por vezes demonizado por questões ideológicas, o mundo do trabalho e das organizações é, por outro lado, excessivamente romantizado. Encarar a realidade é ter presente que não é um extremo, muito menos o outro! Para vivermos bem e prosperar no mundo do trabalho é preciso encarar com racionalidade as realidades. O trabalho tende a proporcionar satisfação, orgulho, mantem o corpo e a mente ativa e saudável, em função das pessoas se sentirem uteis e cumprirem com um propósito na sociedade gerando renda para si, para outros, e tributos para a comunidade. Por outro lado o compromisso que se espera das pessoas nas organizações, vem de uma pequena parte, de quem tudo depende. 
         Uma pesquisa do Instituto Gallup, mostra que 57% dos trabalhadores não está comprometida/engajada com o seu trabalho, ou seja, embora tenham potencial produtivo, não se sentem conectados com a empresa e nem colocam muita energia no desempenho de suas funções, se tornando mais propensos a perder horas e dias de trabalho pago pela organização. Para piorar o estudo mostra que 21% das pessoas está ativamente descomprometido, ou seja, seria muito bom se não fossem ao trabalho, pois deliberadamente não fazem o que devem ser feito e ainda acabam por desmobilizar outras pessoas da organização, por se sentirem infelizes, desmotivados, e minando o que os mais engajados fazem. Os 22% restantes são os considerados engajados, ou seja, pessoas que trabalham com paixão, comprometidos com a organização, com a marca, com os clientes, tendendo a produzir, inovar, atrair prosperidade, sustentando toda a organização.
         Esta é uma pequena demonstração da dificuldade de se liderar equipes e gerir negócios: contar com menos de ¼ de pessoas engajadas dentre aquelas que recebem salário, benefícios e custam encargos em sua equipe. Quem fizer uma análise precisa vai perceber que tirando os que não contribuem e atrapalham, os resultados vão melhorar.  
         Quando se entra para a liderança, “de cabeça”, querendo fazer uma gestão profissional, fatalmente se começa a entrar em certas áreas “cinzas” do mundo do trabalho e dos negócios. Por exemplo, passa-se a descobrir que muitas pessoas contratadas por você escondem a verdade, maquiam informações e números e que ao invés daquele engajamento que prometeram ao ser contratadas, estão negligenciando o atendimento ao cliente, a produção, o cuidado com a organização e com os colegas.
         Muitas vezes as dificuldades geradas em diferentes setores das organizações são fruto da falta de comunicação e de organização. Muitos executivos acreditam que são grandes comunicadores, mas isso não corresponde com a realidade, conforme suas equipes, onde parte atribui erros a falta de comunicação. É preciso que lideres e liderados encarem a realidade e não alimentem falsas expectativas. As pessoas querem e precisam ser ouvidas para receber a orientação correta e segura do que precisam fazer para alcançar os resultados necessários. Ao falar a verdade, a tendência é de se ouvir mais a verdade e isso precisa ser praticado nas equipes.
        O que motiva as pessoas é a busca do sucesso, da prosperidade, do reconhecimento. O medo só afasta, encolhe e inibe quem poderia fazer alguma coisa, além de ser a desculpa perfeita para quem não quer fazer nada. Quem atinge bons resultados é celebrado e naquele momento a pessoa é o centro da equipe. Para muitas pessoas este sentimento de ser bem-sucedido é muito mais estimulante do que para outros. É preciso aproveitar melhor estas pessoas e valorizar mais estes momentos. 
        Encare a realidade, de que as pessoas não precisam ser motivadas, os engajados precisam de direção e atenção para produzir mais e alguns outros, não vão mudar com as tentativas de motivação externas, enquanto não mudarem internamente.
Um abraço a todos e até a próxima!

As pessoas precisam de direção

Dias atrás, com uma turma de graduação, fizemos uma discussão sobre como os líderes podem e como devem motivar suas equipes. Há muita gente que defende que o líder deve ser um grande motivador das pessoas das suas equipes, mas estou entre os que defendem que o líder deve ser um direcionador das habilidades, competências e atitudes das pessoas da equipe. 
Penso que palavras e atitudes de estímulo, são chaves na função de quem lidera o processo, pois quando esta figura perde esperança, fica pessimista, tudo começa a ruir. Porém, quem lê esta coluna há mais tempo sabe que defendo que cada um de nós que precisa alimentar, dar boa educação e saúde para si e para os filhos viverem dignamente, tem motivação de sobra para fazer o máximo todos os dias, desde que acorda. Fico estimulado, cheio de energia para assumir novos desafios, inovar, fazer, quando recebo reconhecimento e estímulo da liderança. Todavia, motivação vem de dentro de cada um e creio que não pode haver maior motivação para um profissional do que manter uma boa marca pessoal e prover a sua vida e a vida de seus mais queridos de forma digna.  
Ao invés de defender que o líder seja o responsável pela motivação das pessoas, proponho que o líder seja o responsável pela direção dos profissionais da sua equipe. Se motivação vem de fatores internos, o que precisamos do líder é de direção. 
        Ao que parece, durante toda a história, nunca foi necessário que a grande maioria das pessoas tivesse que perguntar “O quê eu tenho que fazer?". A cultura criada ao longo da história foi dizer o quê tinha que ser feito. Esse tempo acabou, ou está acabando para um número cada vez maior de atividades, pois atualmente os profissionais precisam aprender a perguntar:
- O que eu devo fazer?
- Qual deveria ser a minha contribuição para a empresa?
- Olhando para as minhas forças, a minha performance e os meus valores, como eu poderia fazer a grande contribuição que a minha empresa precisa?
- Quais resultados precisam ser atingidos para fazer a diferença?                
Os líderes absolutamente determinados a serem bem-sucedidos irão encontrar sempre as pessoas certas para atingir juntos os objetivos coletivos.  Nós precisamos de líderes! Iniciativa privada, organizações comunitárias, setor público nas várias instâncias, precisam de líderes autênticos, ou seja, seres humanos com um profundo senso de propósito e que sejam verdadeiros com seus valores.
Precisamos de líderes dispostos a encarar a realidade, que definem metas e prioridades claras, e que acompanhem o projeto do início ao fim. Precisamos de líderes que recompensem quem faz as coisas acontecer e que se preocupem em desenvolver a capacidade dos seus comandados. 
Como conjunto de sociedade vivemos uma carência de lideranças em termos de qualidade e quantidade. Precisamos estimular mais pessoas para assumir a liderança de processos, assim como precisamos qualificar as lideranças que tem surgido, para que esta função que é vital, seja exercida com foco em objetivos coletivos e altruístas.
Um abraço a todos e até a próxima!

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