sábado, 29 de agosto de 2020

O desafio da requalificação

 


As crises aceleram tendências, e este é um conceito que já repetimos aqui, fruto de pesquisas sobre os resultados das crises tanto na saúde, quanto econômicas, políticas, que ocorreram no passado e em vários lugares. A crise da pandemia, tem gerado a necessidade de reorganização em muitos setores. O emprego, o trabalho e a renda das pessoas estão entre as principais preocupações do momento, por terem sido mais fortemente afetados. Um dos maiores desafios a serem superados no que tange a trabalho e emprego é a qualificação das pessoas.

Neste momento, quem tem e quer manter um empreendimento, independentemente do porte, está concentrado em reorganizar o negócio considerando as oportunidades e as ameaças que o futuro próximo pode apresentar. Uma das questões cruciais para mudanças e melhorias em qualquer organização são as pessoas, não tanto em número, como principalmente em termos de qualificação e requalificação de quem está e deve ingressar na equipe. O SINE e demais serviços que oferecem vagas de estágios e empregos retomaram com força a oferta de vagas e há muitas vagas que ficam abertas durante um bom tempo, sem preenchimento.

Há quem diga que estamos vivendo o momento de maior mudança da história. Se é fato, não sabemos, pois só vivemos neste tempo, mas o que sentimos é que as transformações são mais rápidas do que conseguimos acompanhar. Sobre as mudanças no mundo do trabalho e emprego Maurício Benvenutti, sócio da Startse e autor de “Incansáveis” e “Audaz” diz “Os avanços tecnológicos afetam não só carreiras, negócios e governos, mas o próprio sentido da humanidade.” E pergunta: “O que acontecerá com motoristas quando os carros forem autônomos? (...) advogados (...) médicos (...) cozinheiros(...)” e com todas as profissões em que boa parte de suas atividades são repetitivas e podem ser realizadas por robôs ou softwares nos próximos anos. Benvenutti afirma também que “As necessidades da era industrial empacotaram o trabalho em empregos padronizados, previsíveis e em tempo integral, que atenderam perfeitamente as exigências da época. No entanto, apesar dos requisitos profissionais terem evoluído, muitas empresas ainda mantêm a mentalidade inflexível do passado. Em geral, definem cargos baseados em tarefas e remunerações equivalentes às horas trabalhadas nessas tarefas. Essas escolhas geram 2 efeitos colaterais. Primeiro, as atividades previsíveis estão sendo rapidamente substituídas pela tecnologia, pois sistemas de tarefa única são simples de construir. E segundo, milhões de trabalhadores passaram a ter profissões repetitivas. Atuam mais como máquinas do que como humanos. Infelizmente, essas ocupações também se tornarão obsoletas em breve.”

Muitos sinais puderam ser percebidos há um bom tempo, assim como estudos sobre tendências de trabalho e emprego, e sobre estes Benvenutti alerta ainda que “...temos no mundo massas de pessoas qualificadas para uma realidade que já acabou. Para um mundo que não existe mais. Enquanto há cerca de 12 milhões de desempregados no Brasil, sobram vagas no Sine, nos mutirões de emprego e em quase todos os setores da economia. Nos EUA, há 7 milhões de postos de trabalho que não conseguem ser preenchidos.”

Precisamos agir coletiva e colaborativamente, e em muitas frentes, com ações mais assertivas, e numa escala bem maior do que as tentativas anteriores, em favor da requalificação das pessoas para o trabalho. Muitas empresas precisando de gente qualificada em atividades que elas têm demandas a serem atendidas e resolvidas, enquanto muitas pessoas seguem sem emprego e/ou sem trabalho, estando qualificadas para atividades cuja demanda está reduzindo. É uma situação inaceitável enquanto sociedade!

A requalificação ou qualificação constante nas competências necessárias ao mundo do trabalho é uma das ações sociais mais importantes que famílias, empresas, entidades ou setor público poderão realizar. É um desafio gigante, que não pode ser deixado para os governos, independente da esfera, e que precisa de ação de cada um de nós, sendo menos espectadores  e mais de protagonistas.

            Um abraço e até a próxima!

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Trabalho inteligente agrega valor

     Circula pelas de redes sociais uma análise antiga e conhecida que traz uma lição importante, mas ainda aprendida por poucos, mesmo abordando de maneira simples e fácil de entender, o quanto o trabalho inteligente agrega valor.

A análise que circula nas redes é a seguinte “Uma barra de ferro custa US$ 5, mas transformada em ferraduras vale US$ 12. A barra de ferro transformada em agulhas vale US$ 3.500, mas transformada em molas para relógios, tem seu valor de mercado avaliada em US$ 300.000,-.” (aproximadamente um milhão e meio de reais) Em todas estas etapas, mesmo a fundição do minério em barra de ferro, precisa trabalho, equipamentos e inteligência, porém, quanto mais trabalho inteligente for empregado, mais valor é possível obter ao final do processo.

Um quilo de uva é R$ 1, mas transformada em suco passa a R$ 10, e em vinho bem simples R$ 15, enquanto um vinho médio passa para R$ 40, a R$ 100, sendo que alguns vinhos do RS e SC ultrapassam os R$ 500, a garrafa. Da mesma forma, é preciso trabalho, capital, tecnologia, inteligência para produzir uvas em condições de fazer sucos e vinhos, mas aqueles que transformam R$ 1, de uva em R$ 200, a R$ 300, de vinho o fazem com agregação de trabalho inteligente de várias formas, incluindo embalagem, rotulagem, apelos de marca e imagem, esforço de vendas e boas histórias.

Um quilo de soja custa R$ 2, mas transformada em óleo e farelo, vale mais, sendo que transformado em lecitina, proteína texturizada, suco, tofu, molhos, farinhas, fibras, ingredientes para outros alimentos e cosméticos, alcança valores de mercado muito superiores. O milho avaliado em R$ 1, o quilo, transformado em frango, ou suíno, tem um valor de mercado bem superior, sendo que por sua vez, o quilo da carcaça do suíno avaliada em R$ 10, tem o valor aumentado quando transformada em cortes especiais, ou embutidos de preço médio como salame e presunto cozido, que vão de R$ 25, a R$ 100 o quilo, enquanto o famoso presunto pata negra pode alcançar R$ 800,00 o quilo.

A economia de nosso país, bem como de cada estado, assim como o volume de riqueza e a qualidade de vida, com os recursos que giram na economia local tem relação direta com a agregação de valor que as pessoas de cada comunidade se esforçam e estão dispostos a empregar em sua produção primária. Conforme conclui a análise que circula nas redes sociais, fazemos muitas “ferraduras” e poucas “molas de relógio”. A superação das dificuldades de geração de emprego e renda pode vir mais rápida, ou com menor dificuldade, se conseguirmos que mais pessoas, especialmente as lideranças entendam que a riqueza, a qualidade de vida, o bem estar vem com a transformação do trabalho na produção primária, básica, extrativa, em agregação valor, com mais inteligência, tecnologia e inovação.

Esta análise também pode e deve ser uma lição aprendida em cada uma de nossas casas, pois o valor do trabalho é determinado pelo que cada um é capaz de fazer com o seu esforço e com o seu tempo.

     Como se obtém mais inteligência, tecnologia e inovação para as comunidades, estados e país? Ainda não foi inventado nada que substitua a necessidade de estudar, aprender, desenvolver conhecimento, para aprimorar processos e gerar mais valor. Pessoas, famílias, comunidades mais dispostas a aprender a agregar valor são o primeiro passo para a mudança de rumo que muitas gerações esperam do país em que vivemos.

Um abraço e até a próxima!

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Histórias para se inspirar


    A humanidade precisa do melhor de nós neste momento, mais do que nunca! Não tenho a pretensão de publicar um texto apelativo, tão pouco dramático, mas gostaria de sensibilizar os amigos leitores para a necessidade de convidarmos as pessoas ao nosso redor para uma mudança de postura.

    As tragédias, as desgraças, as notícias ruins parece que sempre chamaram mais atenção e por isso estão mais presentes na mídia, nos comentários, reuniões e rodas de conversas. Todavia, olhando um pouco para a história da humanidade, este aspecto negativo nunca esteve tão presente quanto neste momento em que os meios de comunicação e de interação entre as pessoas é muito maior do que em qualquer outro momento. Esta percepção negativa gera comportamentos que só aumentam as dificuldades, gerando paralisação e destruição das alternativas. Precisamos olhar para a frente com mais vontade de fazer coisas positivas. O melhor de cada um de nós pode ser mostrado no que fazemos efetivamente e a humanidade está precisando do melhor de nós. 

    Ler, ouvir, ver histórias inspiradoras, incentiva e mobiliza o melhor de cada um. Convido aos amigos leitores para dedicar mais tempo a conhecer histórias inspiradoras e compartilhá-las em rodas de conversas da família e amigos, nos grupos das redes sociais, e onde mais puder. A humanidade precisa mais do que nunca de mais pessoas estimuladas a agir em causas sociais, humanitárias, empresariais, comunitárias, ambientais, e outras. 

    Muitas empresas, pequenas e grandes, viram seus planos de desenvolvimento serem adiados, ou modificados a partir da maior pandemia dos últimos 100 anos. Todavia, após o impacto (e susto) inicial, muitas organizações, independente do tamanho, ficaram sem saber o que fazer, enquanto algumas trataram de se movimentar, quer seja tirando projetos do papel ou usando da criatividade, pesquisa, inovação, para se reinventar, sendo que algumas destas já vivem momentos tão bons quanto antes da pandemia e outras, vivem seus melhores dias de desenvolvimento. Estas últimas têm demonstrado alguns pontos em comum, como o fato de terem tirado o foco das más notícias, e aprimorado o entendimento das mudanças de como potencializar o negócio. 

    Reinventar o modelo de negócios, focando em facilidades para a vida dos clientes e auxílio para a sociedade passar por esta enorme provação, pode gerar dividendos a longo prazo. Fechar parcerias para complementar o portfólio, vender para quem nunca havia vendido, abrir mais canais de vendas, novos canais de comunicação, aumentar a produtividade e a produção com novas tecnologias e mais parcerias são algumas das ações realizadas por aqueles que estão se superando. 

    A pandemia, infelizmente, continuará entre nós, esperando que em breve com impacto reduzido, mas as histórias de inovação entre pequenas e grandes empresas do Brasil e de fora, e também entre ONGs, autarquias, repartições públicas, mostram que é nos momentos mais desafiadores que os melhores espíritos despontam. Este momento exige o melhor de cada um de nós, ajudando a tirar mais gente da inércia, buscando inspiração em histórias positivas, nos casos de superação, e compartilhando-os para inspirar mais gente. Ampliar acessos, baratear, facilitar, flexibilizar, gerar conveniência, inovar, qualificar e principalmente fazer, devem ser palavras de ordem em nossas organizações.

    A sociedade mundial está inovando como nunca, mas segue com o desafio de compartilhar com uma parcela maior da população estas novidades, pois muitas vezes o que parece comum para alguns, ainda é desconhecido pela maioria. O Brasil que é sempre lembrado pelos abismos de desigualdades poderia mostrar uma face diferente desta vez em que o mundo está com os mesmos problemas.

    Um abraço e até a próxima! 

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

O valor dos negócios locais

     Um tema que não me canso de tratar, escrever, pesquisar, falar, é sobre a valorização dos negócios locais e o faço desde que era estudante. Volto ao tema hoje e voltarei muitas vezes pois entendo que é preciso um esforço extra de todos os segmentos para valorização dos negócios locais, que são importantíssimos para a economia e a qualidade de vida de cada local em que vivemos.

     Por algum motivo bem difícil de entender, autoridades públicas vêm tomando decisões que aumentaram em muito as dificuldades dos negócios locais. Quando entra 1 ou 2 clientes em alguns estabelecimentos locais é uma alegria para os poucos atendentes, muitas vezes membros da família. Estranhamente a situação é considerada perigosa por autoridades e parte da mídia, mesmo vendo as aglomerações em frente a repartições públicas, a volta dos campeonatos estaduais e brasileiro de futebol. A propósito, as permissões ao futebol e os impedimentos das aulas presenciais nas faculdades dão uma boa dimensão das escolhas dos governantes e da tolerância da sociedade. O futebol, assim como as tragédias sempre renderam muita audiência, que por sua vez rendem sempre patrocínios polpudos. Já a educação rende melhores profissionais, mais produtividade, mais tecnologia, mais renda, portanto independentes economicamente e com mais capacidade de questionar o que está ocorrendo, e claro que visivelmente incomoda alguns governantes.

     Os negócios locais normalmente empregam pessoas que moram próximo, atendem melhor, confiam e tem a confiança dos clientes, dificilmente tem casos de adição de insumos não recomendados e de descartes mal efetuados, pois a vizinhança está sempre “de olho”.

     Melhorias nas ruas, limpeza, podas, jardinagem, coleta de lixo, iluminação, saúde, segurança, precisam dos tributos embutidos nas compras de produtos e serviços de empresas do seu município. As compras feitas em outras cidades e nos grandes market places da internet geram tributos para os municípios de origem destas empresas. As vagas de emprego, desejadas e necessárias para amigos e familiares são geradas com o aumento do volume de compras nas empresas locais.

     Mais pessoas com emprego aliviam a pressão sobre a ação social, também sobre os postos de saúde, em função dos convênios, das ações das próprias empresas, além do aumento da autoestima, do nível de educação e profissionalização, uma vez que para trabalhar, é preciso se manter atualizado e com a mente saudável. Um emprego próximo de casa reduz a necessidade de transporte público, a poluição, a manutenção de ruas, vagas de estacionamento, dentre outros.

     Vem as eleições municipais e creio que o foco dos debates deverá ser sobre as propostas para o desenvolvimento dos negócios locais. Quais candidatos têm as melhores propostas e condições de efetivá-las, para fazer prosperar as empresas locais, e assim aumentar o número de vagas de emprego, o nível de renda dos moradores e a arrecadação própria. Se estiveres “por fora” dos debates eleitorais, assim que lhe pedirem apoio e voto, você, sua família, amigos, colegas terão oportunidade para perguntar aos candidatos a prefeito e a vereador sobre suas propostas para a valorização das empresas locais, geração de emprego, renda e tributos.

     Claro que é preciso que todos aqueles que decidem pelos negócios locais entendam que não serão valorizados se não fizerem algo por eles mesmos. Com atitudes mais profissionais e pró ativas qualificar o atendimento, aumentar ainda mais a conveniência, qualificar os produtos e serviços, oferecer condições do cliente ver, escolher e solicitar produtos e serviços sem sair de casa e em horários mais ampliados, mesmo que more perto, são formas de melhorar a sustentabilidade do negócio.

     A valorização dos negócios locais tem um impacto muito maior do que a maioria imagina. A mudança de comportamento e hábitos de compra serão decisivos para a qualidade de vida e estrutura de serviços a nossa volta. É preciso falar mais sobre isso com mais pessoas e em mais locais. Vamos lá?

        Um abraço e até a próxima!

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Valorização dos negócios locais



Hoje, às 20h, a Associação dos Administradores do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (ANORS) promove uma LIVE sobre a valorização dos negócios locais. Os painelistas, Adm. Viviane Obadowski e Adm. Marcelo Blume, vão debater como os empresários e consumidores podem fazer a sua parte neste processo.

Painelista: Adm. Marcelo Blume, Especialista em Marketing, Mestre em Engenharia de Produção, pesquisador, escritor, blogueiro e colunista de gestão e negócios, professor universitário, vice-diretor da FAHOR e fundador e consultor da Referenda Consultoria.
Painelista: Adm. Viviane Obadowski, Mestre em Desenvolvimento na linha de Estratégias Empresariais, Contadora, Especialista em Comércio Exterior, Conselheira da AGV e da CDL de Santo Ângelo.

Mediadora: Adm. Roseli Fistarol Krüger, presidente da ANORS.

Inscreva-se neste link: https://forms.gle/sWgUxQ3LjQdVGAFy8



Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...