Vivemos dias de muitas crises, que
antes da crise econômica já davam muitos sinais. Há tempos vive-se uma crise
de bom senso e de ética nas relações, onde o desejo de levar vantagem tem
se propagado até atingir níveis jamais imaginados. Entendo que esta é a crise
que tem ocasionado todas as demais.
Da necessidade de levar vantagem
em tudo, que a longo prazo é insustentável, veio a crise política, onde
a manutenção de alianças ocorre cada vez mais pelas vantagens individuais e cada
vez menos pela intenção de melhorar o coletivo.
Quanto mais gente se deu conta
de que a maioria quer levar vantagem em tudo, se instala a crise de
confiança, onde o receio de ser enganado, de perder dinheiro ou patrimônio,
de arriscar e perder tudo, mesmo que pouco do que foi conquistado com muito
esforço, vai sendo elevado a níveis quase insuportáveis. A quebra de contratos,
onde o próprio país muda regras que estruturaram determinados setores, que em
tese esperam estar em setores e atividades confiáveis, abalou ainda mais a
confiança de investidores, aprofundando um sentimento que chegou aos
consumidores.
Chegamos na crise
especulativa, que notadamente, é outra crise decorrente do desejo de levar
vantagem em tudo, característica muito presente em nossa cultura popular, que
de alguma forma, precisamos conseguir superar. Há setores da economia
notadamente capitalizados, porém, os clientes não compram esperando a redução
dos preços, uma grande oferta, uma queda nos juros, uma redução dos tributos. O
varejo de muitos setores praticamente zerou o estoque pensando em comprar por
menos e vender por mais, aguardando o cliente pedir. A indústria aguarda um
câmbio favorável, incentivos fiscais, redução de encargos sobre a folha. As
entidades sindicais de empregados e empregadores, tentando tirar vantagens
diversas do momento, barganham situações que ambas podem se arrepender mais
tarde. Instituições financeiras seguram o crédito aguardando o aumento dos
ganhos com juros em linhas mais vantajosas. Podemos antecipar o fechamento do
ciclo com as corretoras de ações especulando a compra de ações baratas agora
para ganhar muito numa possível mudança do governo e assim segue-se tentando
obter vantagem em tudo.
Sobre crise também podemos
aprender com uma das grandes figuras de nossa história, o
físico alemão Albert Einstein, cuja própria vida, é um grande exemplo de
superação. Preocupava os pais aos 3 anos ao ter dificuldades em se comunicar e por
mais tarde ter reprovado no primeiro vestibular. Na escola, mesmo tendo
desempenho com notas acima da média, era considerado mais lento que os colegas
de sala na resolução de problemas matemáticos. Foi influenciado por um médico
para fazer a leitura de obras complexas, mesmo desde cedo. A superação de
dificuldades particulares e as leituras variadas renderam-lhe a condição de ver
o mundo muito além de cálculos e física, nos deixando brilhantes pensamentos
sobre os momentos de crises, como este: “Não pretendemos que as coisas mudem,
se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com
pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da
angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções,
os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si
mesmo, sem ficar superado.”
A
superação é importante em todos os obstáculos e com ela temos oportunidades de
progredir muito. Albert Eintein ainda tem outro pensamento que deve vir a luz
neste nosso momento: “Quem atribui
à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais
os problemas do que as soluções. A verdadeira crise é a crise da incompetência.
O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e
as soluções fáceis. Sem crise não há desafios. Sem desafios, a vida é uma
rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que aflora o
melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la e calar-se sobre ela é exaltar o
conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única
crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la.”
Um
abraço, e até a próxima!
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