quarta-feira, 16 de junho de 2021

Reféns do que plantamos

 


A ideia é antiga e está escrita de diferentes formas, dependendo da filosofia, religião ou época. O fato é que a vida de cada um de nós é resultado direto ou indireto do que se fez e do que se deixou de fazer no curto, médio ou longo prazos, e por este motivo, geração após geração tenta-se aprender que se colhe o que se planta.

Ações conduzem a resultados, o que quase todos sabem, mas poucos entendem que os pensamentos conduzem as ações, e que os pensamentos são originados nos sentimentos. Em outras palavras, a vida de cada um de nós é muito mais impactada pelos nossos sentimentos do que imaginamos. Quando olhamos para trás, muitas lembranças fazem sentir arrependimento, por decisões equivocadas que geraram resultados ou efeitos que diferentes do que se gostaria. Todavia, o conjunto de variáveis é tão grande, que torna impossível avaliar com alguma precisão os resultados possíveis e a cadeia de acontecimentos, se as decisões fossem outras e outros fossem os caminhos seguidos, pois eles são muitos e o mais importante é ter objetivos bem claros.   

O dia a dia é cheio de negociações, concessões, decisões, que independente de pequenas ou grandes, vão moldando a vida. Estudar, trabalhar, curtir melhor as alegrias da vida, assim como a forma como nos relacionamos com quem encontramos durante a caminhada, representam um conjunto comparável a uma plantação feita ao longo da vida, que vai permitindo, e em alguns casos obrigando, colheitas dos resultados que determinam o que consegue da vida.

Responsabilizar entidades, concorrentes, colegas, adversários, governos, pelos resultados indesejáveis da vida pessoal, ou profissional, da instituição ou da empresa que dirigem, alivia a responsabilidade de muita gente, até de gestores, reduzindo sensivelmente a culpa, o arrependimento, mas não gera aprendizado para si, nem para os sucessores. Colhem melhores frutos aqueles que não perdem tempo reclamando do azar, que não ficam com pena de si mesmos e que não culpam os outros pelos efeitos indesejáveis de sua vida. Quem corre atrás de metas e objetivos bem definidos e preferencialmente coletivos, acordando todos os dias sabendo o quer e o que precisa fazer, vai colher frutos como aquele que planta corretamente e cuida bem de todas as etapas do cultivo.

Quem conquista e ganha antes de gastar, quem procura fazer uma diferença positiva onde estiver e para as pessoas ao seu redor, assim como quem sabe amar a quem lhe dá amor, vai colher melhores frutos como aquele que sabe plantar e cultivar uma boa cultura. Aquele que sabe cultivar boas relações, que procura descobrir novas formas de resolver antigos problemas, que consegue compartilhar o que tem de bom a sua volta, cuida bem do corpo e da mente, investe no seu desenvolvimento pessoal e profissional, consegue viver mais feliz e proporcionar melhores condições de gerar felicidade ao seu redor.

Cada situação vivida requer um nível de superação, quando superar o ímpeto da transferência da responsabilidade do que não se deseja, para outros é uma das necessidades mais importantes para uma vida melhor e com melhores efeitos no que se faz ou deixa-se de fazer. Cabe avaliar algumas vezes ao dia o que está sendo plantado e cultivado no caminho, ao redor e ao longo da vida. Martinho Lutero escreveu que se soubesse que teria apenas um dia de vida, imediatamente plantaria uma macieira, quando se referia a importância de se deixar um legado, que pode ser aproveitado por outros.

As marcas, os legados deixados em diferentes pessoas com quem se convive e lugares que se passa, independente do tempo, são frutos deixados para outros seguirem colhendo o que se plantou e cultivou. As relações, as repercussões dos feitos, das ideias, das pequenas e das grandes realizações repercutem como as colheitas, que por vezes são frustradas, e por vezes surpreendem de tão fartas. Assim, convido os amigos para avaliar melhor o que plantam, cultivam em suas palavras, ações e reações, em todos os momentos da vida.

Um abraço e até a próxima!

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