Na última publicação escrevi sobre minha convicção de que as pessoas
do bem são a maioria, mas que ficam quase no anonimato diante do foco da mídia e
no volume das notícias de tragédias, fraudes, roubos e violência. Hoje conto um
pouco de uma das muitas histórias que entendo serem merecedoras de maior divulgação
pelo efeito multiplicador que precisariam ter em nossa sociedade.
Auxiliar as pessoas que querem estudar e se profissionalizar, mas
que não tem todas as condições de acesso, assim como realizar doações a
instituições de ensino são práticas bastante difundidas nos países mais
desenvolvidos. Egressos de escolas, faculdades, universidades com carreiras
consolidadas fazem doações para as instituições onde estudaram, assim como algumas
empresas que tem empregados formados por estas instituições. Os que se dedicam
mais profundamente a esta causa criam fundações que de forma mais robusta
angariam recursos em maior volume e contribuem com diferentes instituições.
Infelizmente estas práticas ainda são raras no Brasil e ao meu ver, mais raras
por não terem seus casos publicados e promovidos para constituir-se num exemplo
a ser seguido por mais gente.
Em Horizotina-RS há um
espírito comunitário diferenciado, com várias iniciativas de participação e
visando o bem comum e é deste lugar que escrevo para destacar o trabalho da
Fundação Capacitar, que está completando 10 anos de atividades, envolvendo um conjunto
de voluntários e beneficiários. Relatam os instituidores, Martin e Maitê
Mundstock, que sempre foram muito gratos com o que receberam das suas famílias,
da comunidade, da instituição em que estudaram e das empresas em que
trabalharam. Para expressar esta gratidão, queriam fazer algo que contribuísse decisivamente
com a vida de outros. O primeiro movimento para a criação da Fundação Capacitar
foi a doação de recursos financeiros para a construção de um prédio para o
campus da FAHOR. Gratos pelo gesto, a instituição entendeu que tinha que fazer
a sua parte e transformou os recursos recebidos em bolsas de estudos para um
fundo rotativo e auxiliou na constituição de um grupo para definir os critérios
de concessão do benefício. Foi definido o processo seletivo para que o público
alvo fosse candidatos que desejam estudar, mas não tem condições financeiras
para bancar totalmente seus estudos e que possam demonstrar gratidão devolvendo
o que receberam depois de formados e atuando profissionalmente. Além do
financiamento dos estudos, cada beneficiário recebe o acompanhamento de um
mentor, voluntário, geralmente profissionais formados na área ou áreas afim com
o curso do beneficiário. Vários integrantes do grupo de mentores são
profissionais que receberam o auxílio financeiro e mentoria da Fundação, outros
são empresários, executivos, professores, profissionais que se engajam na causa
e contribuem com o seu tempo, experiência e conhecimentos. Beneficiários e
mentores tem um programa de encontros a serem seguidos ao longo dos 4 a 5 anos
de estudos, visando o desenvolvimento de competências pessoais e profissionais,
que potencializam tanto a inserção e melhor desempenho no mundo do trabalho,
quanto o voluntariado e a gratidão.
10 anos depois de sua constituição, a Fundação Capacitar conta com
um número significativo de egressos que devolveram e seguem devolvendo os
recursos financeiros que receberam para o fundo rotativo que segue auxiliando
novos beneficiários a cada semestre. O fundo também recebeu recentemente
aportes financeiros de outro casal de beneméritos residentes na cidade e de
duas importantes empresas multinacionais, onde o casal instituidor trabalhou,
contando ainda com o apoio de uma professora doutora aposentada de uma
universidade do EUA. Além dos que doam recursos financeiros, dos que doam tempo
e experiência em mentoria, a Fundação conta com o trabalho voluntário de
membros da diretoria que planeja e organiza as atividades de formação
complementar de mentores e mentorados, de profissionais da psicologia, da
comunicação, dentre outros.
Estas pessoas não buscam notoriedade, mas o que fazem merece ter
ecos em muitos lugares de nosso país. Por estas e outras, acredito que os de
bem são a maioria!
Um abraço e até a próxima!
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