Em muitos segmentos, até pouco tempo a concorrência
não incomodava muito, pois onde há equilíbrio na relação de oferta e demanda a
sensação é de que há mercado para todos. Há porém, aqueles que há tempos perdem
o sono pensando no que faz a concorrência. O mais desejável no entanto, é
quando a concorrência gera um sentimento que não permite acomodação.
Com a quebra de muitos paradigmas nos negócios, vive-se
um momento em que é bem mais difícil identificar claramente os concorrentes e
quase impossível identificar de onde sairão os novos competidores. Até algum
tempo, falava-se da concorrência como algo relativamente previsível, bastando
monitorar alguns players que faziam algo parecido e então planejar e produzir vantagem
sobre eles em algum atributo. Desde que eu pesquiso e escrevo, venho defendendo
que a análise de concorrência não pode ser feita com base no sentimento/feeling
de quem decide, pois deve ser baseada nos cálculos de quem disputa as fatias da
renda do cliente alvo.
Apesar dos muitos sinais, notícias, palestras,
pesquisas, cursos, textos, vídeos... muitas empresas vêm perdendo mercado,
mesmo que aos poucos, percebendo algumas perdas e atribuindo-as a fatores
externos como macroeconomia, política, clientes, fornecedores, sem analisar com
precisão para quem estão perdendo a participação no mercado. Esta situação é
mais frequente em negócios cujos gestores não se atualizam, ou não permitem que
aqueles parceiros de mente mais aberta contribuam com o negócio. Este problema
não se restringe a empresas pequenas, médias ou familiares, pois grandes
empresas, marcas renomadas também perdem mercado ao ponto de desaparecerem,
quando não conseguem identificar e acompanhar quem são todos os seus concorrentes.
Um exemplo bem conhecido é a Nokia, que vendeu a maior
parte desde os primeiros modelos populares nos anos 1990, até 2007, quando havia
se tornado um conglomerado gigantesco, com 65% do mercado e praticamente só considerava
concorrente a Blackberry. A partir daquele ano as fabricantes de computadores
Apple e Samsung, que depois foram seguidas por outras, passaram a tirar uma
fatia cada vez maior deste mercado que cresceu imensamente até os dias atuais. A
Nokia não as considerava concorrentes, não percebeu que iriam tomar o seu
gigantesco mercado, o que ocorreu muito rapidamente. Poderíamos citar um caso
mais antigo e tão conhecido quanto, que é o da Kodak, que viu evaporar o seu
consolidado mercado de filmes e máquinas fotográficas, mesmo tendo a primeira
patente registrada de máquina fotográfica digital, quando os fabricantes de
eletrônicos lançaram suas máquinas digitais e principalmente quando surgiram os
smartphones. O que a Nokia, a Kodak e muitas que perderam seus mercados têm em
comum com aquelas que estão perdendo o mercado atualmente é o fato de não terem
se preparado para as outras possibilidades de concorrência. Eles estão perdendo
mercado para players de outros setores, ou de quem era pequeno demais para ser
considerado, e não para os concorrentes que estão acostumados a acompanhar e
talvez culpam pelas dificuldades do setor.
Os canais de
TV aberta e por assinatura rivalizavam entre si, mas têm hoje nos canais
particulares do Youtube e streamings de filmes e séries, quem lhes toma a maior
parte de seus mercados. Como já se considera normal o fato dos aplicativos de
mobilidade ser os principais concorrentes dos táxis e ônibus urbanos, os
aplicativos de hospedagem tomar parte do mercado de hotéis e imobiliárias,
outros muitos setores de atividade estão vendo boa parte de seu mercado ser tomado,
por concorrentes não tradicionais e não que vinham acompanhando.
Quem é mesmo
seu concorrente? É uma pergunta cada vez mais importante para os planos de se manter
no mercado. Primeiro é preciso mudar significativamente o modelo mental das
lideranças dos negócios, pois o conhecimento precisa ser renovado
constantemente e os olhares ampliados e diversificados.
Um abraço e até a
próxima!
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