“Uma conduta irrepreensível consiste em
manter cada um a sua dignidade, sem prejudicar a liberdade alheia.” O conceito
é clássico, a frase é de Voltaire e compartilho por entender pertinente para
estes dias turbulentos, de manifestações, discussões entusiasmadas sobre
liberdades reprimidas, ou excessivas e tantas versões diferentes para as
verdades.
Um dos grandes
desafios das empresas familiares indiferentemente do porte, é separar questões
familiares e conjugais dos negócios. A questão é antiga e cada vez mais atual, pois
acumulam-se os exemplos provando que os negócios vão muito melhor, quando bem separados
das emoções e relações pessoais. Sobre este tema, Almir Rizzato, da RZT
Comunicação entrevistou o consultor José Carlos Ignácio, diretor da JCI
Acquisition, e compartilho com os amigos leitores nesta semana, trechos do
texto.
Um relacionamento conjugal
exige dedicação, paciência, amor e companheirismo, mas quando o casal também é sócio
de um empreendimento, mais exigências se acumulam. Como fazer com que eventuais
problemas no trabalho não atrapalhem o casamento? E como não levar discussões
conjugais para os negócios?
Ignácio explica que
é preciso blindar as duas situações em termos de local e horário, inclusive
para discussão de problemas e tomada de decisões. “Tudo que envolve a empresa
deve ser tratado dentro dela. E assuntos familiares devem ser tratados em casa,
ou a caminho da mesma, preservando radicalmente a convivência familiar”.
O consultor afirma ainda
que é importante assumir o papel e a postura adequada em cada situação, bem
como a dinâmica pré-estabelecida de convivência. “O dia a dia da empresa exige
energia, racionalismo e agilidade, o que é completamente diferente da situação
doméstica, onde a afetividade e dinâmica familiar predominam. Em resumo: o boné
de Diretor financeiro, por exemplo, cabe bem na empresa, não substituindo em
casa o boné de marido ou pai.”
Outro ponto
ressaltado pelo especialista é a preservação do diálogo permanente, baseado em
confiança mútua e comprometimento com os objetivos de cada grupo, em ambos os
ambientes. “A discussão honesta de divergências cabe em ambas situações, sendo
que o que muda são os assuntos, a relação de poder e a dinâmica de tomada de
decisões. Consequentemente, é essencial evitar empurrar as discórdias para
debaixo do tapete, pois as mesmas se transformarão em bombas de efeito
retardado, deteriorando a relação”, completa Ignácio.
O consultor
entrevistado também entende que é preciso avaliar se há harmonia entre o casal
e, em hipótese nenhuma, encarar o negócio como a salvação de um casamento que
não vai bem. “Um bom relacionamento pessoal pode gerar uma boa sociedade, mas
uma sociedade não corrigirá um relacionamento ruim.”
Um caminho que
muitas empresas familiares escolhe para se protegerem de prejuízos á empresas
por conflitos conjugais, ou familiares de qualquer natureza é a formação de
holdings, ação que também gera economia fiscal em ações como inventários e
outros. Todavia, alertamos sempre que estas decisões devem ser tomadas enquanto
a empresa e a família estão no seu melhor momento, pois quando a situação
começa a ficar difícil, a confiança fica abalada e alguns começam a desconfiar
e não se engajar em ações coletivas, por mais salutares que possam ser.
Um abraço e o desejo de prosperidade a todos os
leitores!
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