quarta-feira, 22 de abril de 2015

Preparação e crescimento na crise

                Com os indicadores de nossas organizações, da economia brasileira e das nossas próprias contas, nos vemos passando por uma crise econômica que vai deixando marcas profundas. Sem crescer em 2014, enquanto outros países avançam, em 2015 vemos lamentavelmente a economia brasileira recuando pelo menos 1%. Já quando o dólar é o parâmetro, podemos dizer que ficamos 30% mais pobres de novembro de 2014, a março de 2015. Com a restrição do crédito, mais empresas e pessoas tem dificuldades para investimentos e despesas e assim, a recessão avança rápido, gerando muitas dificuldades para manter os negócios no mesmo patamar.
                Para quem precisa produzir para vender, gerar empregos e tributos, ficar parado esperando o desenrolar da história é muitas vezes a pior estratégia, por isso, é preciso ficar atento ao que os executivos mais bem sucedidos fazem nestes momentos. Na última edição da Exame, há uma entrevista com o gaúcho José Galló, presidente da Lojas Renner, que além de executivo de sucesso há anos, figura como um palestrante requisitado em todo o Brasil, pela clareza e postura diante das mais diversas situações e cenários. Galó tem afirmado que se prepara tanto para crises reais, quanto para as imaginárias, sendo que quanto a 2015, ele afirma que a crise é real e impactante, principalmente para o setor do vestuário, onde ele atua, que deve recuar mais de 1%, considerando ainda o alto endividamento da população. Todavia, diante deste cenário, o empresário afirma que sua estratégia não vai mudar e relata que mesmo com a previsão de estagnação, em 2014 a Renner abriu 54 lojas e cresceu 19,4% em receita, para 5,2 bilhões de reais, sendo que em 2015 pretende abrir mais 45 lojas.
                Este e outros empresários que mantém empresas em constante crescimento há muitos anos, são aqueles que veem oportunidades e investem, também onde os demais veem barreiras e recuam. Quem recua vai faturar menos, vai até encerrar operações, vai mandar gente boa embora, o que representa uma oportunidade para quem está capitalizado e preparado para assumir estes pontos de vendas, contratar estes talentos e levar novidades aos mercados. Manter um controle rigoroso dos custos, considerando desperdício como pior inimigo, em anos ótimos ou péssimos é o mínimo a fazer para estar sempre bem preparado. A Renner por exemplo, mesmo ampliando suas operações com a novas 54 lojas, conseguiu reduzir os custos em 1% da receita líquida, o que poderia parecer pouco, mas gerou 46 milhões de reais de economia, conquistados em revisões nos pequenos detalhes. Agora, pense bem em quantos detalhes destes, às vezes nem tão pequenos existem na sua organização?
                O consumo estagnado, vendas em baixa em várias áreas, inflação em alta e câmbio imprevisível, não é bom para ninguém. Todavia, quem está com “a casa em ordem” pode se beneficiar de algumas situações que vão aparecendo nestes momentos. Além do mais, um bom ambiente de trabalho, o lançamento de um produto inovador, uma boa estratégia de marketing, uma campanha promocional certeira, pode fazer muita diferença nessas horas. Uma boa capacidade de geração de caixa e o endividamento bem controlado, tecnicamente chamado de índice de solvência, é chave para a tranquilidade nos investimentos nos períodos de crise. É possível ver em publicações como Exame, Época Negócios, Isto é Dinheiro, dentre outras, rankings sobre companhias com maior e menor capacidade de geração de caixa e também maiores e menores endividamentos. Fica evidente nos momentos de crise que quem passa a investir e crescer mais, são as que estão na ponta de cima do ranking de solvência, independente do setor de atividades.
                Quem se preparou para ter boa capacidade de geração de caixa e endividamento controlado não vai crescer automaticamente, claro, mas está muito mais bem posicionado para aproveitar as desordens que se estabelecem no mercado em crise. São organizações que fizeram muito boa gestão em momentos de fartura, para não ter sustos nos períodos de aperto.
                Finalizando, tenho alertado que muitas vezes não é a crise que está criando dificuldades das empresas, pois ao circular no meio vejo muitas dificuldades por disputas societárias, familiares, até, outras muito mal geridas, também as que não inovam em nenhum setor a anos, ainda aquelas que não se organizam minimamente, e sinceramente, em todos estes casos, a crise representa uma boa desculpa para não resolver os problemas estruturais do negócio.

                Deixo um abraço a todos e até a próxima!

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