Estamos a
cerca de 3 semanas de uma das eleições mais importantes do País. Infelizmente
está sendo comum ver e ouvir amigos brigando para ver quem tem razão na opção
do candidato a Presidente que defendem e esquecendo o restante da eleição. Tem
antropólogo que entende ser uma característica dos latinos a esperança de um
salvador e seria este o motivo de se ver semideuses entre candidatos ao
executivo, negligenciando a formação do legislativo.
Neste
pleito de 2018, a eleição mais importante possivelmente não é para os cargos de
Presidente e Governador, mas para o Senado, Câmara Federal e Assembleias
Legislativas. A constituição em vigor foi escrita para funcionar no sistema
parlamentarista, o que proporcionou grande poder ao congresso e, por
conseguinte, para as assembleias legislativas. O presidencialismo venceu o
plebiscito, mas a constituição já estava escrita. O que temos visto são poucas mudanças
sendo propostas, levando tantos anos para serem apreciadas, que quando aprovadas,
em boa parte já não tem mais sentido.
Independente
do que está prometendo o seu candidato a Presidente ou Governador, o País e os
Estados precisam de reformas urgentes nas áreas fiscal, tributária,
previdenciária e política. O congresso e as Assembleias Legislativas parecem
ter aprendido que ao dificultar, polemizando, alegando impopularidade das
medidas, pode barganhar concessões, tanto legais como emendas parlamentares,
cargos para simpatizantes, quanto ilegais como os mensalões e outros. Os
parlamentares que votam pelos interesses do futuro do País e do Estado, fieis
ao segmento que representam, parecem ser poucos e insuficientes diante dos
desvios de interesses. No último pleito, em 2014, mais de 70% dos parlamentares
foram reeleitos, mesmo com o conjunto de denúncias, prisões, flagrantes que já
se amontoavam na época. Quem os reelegeu?
Neste
contexto a eleição que provavelmente é a mais importante é para Senador,
Deputado Federal e Deputado Estadual. Este é o grupo que vai votar as medidas
propostas pelo Presidente e Governadores e pode propor projetos que transformem
o futuro dos nossos Estados e País. Votar em parlamentares comprometidos com as
reformas necessárias, que tem menos chance usar o seu voto por barganhas e
interesses alheios a reconstrução necessária ao País, é umas das atitudes mais
importantes para quem deseja ter um futuro digno.
Estão muito
equivocados aqueles que entendem que uma autocracia, ou seja, um governo sem
Congresso, totalmente nas mãos de um pequeno grupo pode ser a solução. Aqueles
que pensam que a taxa de banditismo no Congresso não
é menor que a de um presídio esquecem que a culpa por formar um Congresso sem
credibilidade é de quem vota. Parece ironia, mas esta é uma atitude de quem
parece fugir orgulhosamente responsabilidade de formar um congresso decente. A
dicotomia de que nós, o povo, somos bons e eles, os políticos, são os maus, é
ridícula, simplesmente por que é preciso muita gente votando para que um
Deputado seja eleito.
Estamos
nesta situação lamentável devido aos anos de crise política, em parte porque
exauriram-se as fontes de recursos para sustentar o volume crescente de
barganhas exigidas para propor e votar as medidas necessárias ao país. Tiveram
oportunidade, ganharam muito dinheiro das formas mais diversas possíveis e
mesmo assim não propuseram, nem votaram as reformas para desenvolver o país. De
outra parte a incoerência de um povo que diz que quer mudanças, mas que faz
greve contra as mudanças que surgem. A estrutura de governança da nação está
definida para que cada segmento tenha o seu Deputado, para que no conjunto
defendam os interesses do Estado e da Nação. Votos com mais critério poderiam
solucionar a maior parte do problema.
Podemos
auxiliar o País e o Estado neste momento convencendo quem está “de boa”
esperando que um paizão, ou mãezona na Presidência proporcione tudo o que
precisa, a ser mais criterioso no voto para Deputados e Senadores, do que para
Presidente e Governador. O centro da crise política que gerou a crise econômica
do país não é a política, mas a forma como uma boa parte do eleitor se
comporta.
Um abraço e até a próxima!
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