Há muito tempo o Brasil precisa de muitas reformas. Tenho 49 anos
e desde cedo me interessam leituras, análises e críticas sobre economia e
política. Todos estes anos as reformas que o Brasil precisa estão na pauta de
quem critica os governantes e dos candidatos que pleiteiam cargos públicos. São
décadas de discussões, discursos, críticas, movimentos, propostas, e infelizmente
para os brasileiros comuns, nenhuma das reformas se efetiva.
Nestes anos todos vimos movimentos contra as reformas, muita gente
brigando, mas em verdade, muito poucas propostas efetivas de solução para os
problemas que se acumulam e levam o país à dificuldades cada vez maiores. Há
décadas se falava das reformas importantes e cruciais para o país. Não tendo
havido reforma alguma nestas décadas, parece que chegamos ao momento em que
todas passam para o status de urgente ao mesmo tempo. E quando tudo é urgente,
pouco se consegue solucionar, planejar ou estruturar.
Várias organizações internacionais, entre elas a OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico vem apontando que o Brasil precisa realizar pelo menos 5
reformas para iniciar o desenvolvimento que se espera para um país deste
tamanho e com as condições existentes oferecer melhores condições de vida para
a sua gente. Reforma previdenciária, reforma trabalhista, reforma
tributária e fiscal, reforma política, e a reforma do pacto federativo são as
principais, mais importantes e que se tornaram urgentes todas ao mesmo tempo.
Qual seria o motivo que impediu os Presidentes, partidos e
coligações que dirigiram o Brasil nos últimos 20 ou 30 anos de fazer as
reformas que o Brasil precisa? É possível que as dificuldades em superar os
interesses de grupos em particular, estejam entre as principais barreiras para
as reformas. As dificuldades de articulação com 30 ou 40 partidos, pode ser
outra causa. A quantidade de instâncias de aprovação de projetos de reformas,
com grandes colegiados de discussão e inúmeras possibilidades de trâmites, pode
estar associada. Reitero ainda, o que tenho dito e escrito, de que temos uma
população que vota em quem promete mais mudanças, mas apoia e participa de
movimentos que não querem mudanças. A verdade é dicotômica, no Brasil, pois as
mudanças elegem Presidentes, Governadores e parlamentares que quando eleitos
temem a impopularidade no caso realizarem mudanças que prometeram.
Para realizar as mudanças que o Brasil precisa, me parece evidente
a necessidade de uma ordem de prioridade, que conhecendo os motivos das
dificuldades das últimas décadas, iniciaria pela reforma política,
reestruturando a relação de partidos e pelo menos reduzindo práticas que
viciaram os processos e impedem as mudanças. Na sequencia precisaríamos da
reforma do pacto federativo, dando mais racionalidade, equilíbrio e justiça nas
responsabilidades e fontes de receita dos Estados e Municípios. O modelo atual
oportuniza a corrupção, pelo grande volume de recursos em poder da união e pelo
trânsito necessário entre a origem que é o município, até voltar ao local de
uso, que é também o município. A reforma previdenciária tão em voga, tão
midiática, é muito importante especialmente para reduzir privilégios
extremamente injustos e principalmente para que nossos filhos e netos tenham
alguma chance de se aposentar. Todavia, não é mais importante do que a reforma
tributária e fiscal, para que tenhamos menos sonegação, menos evasão de
divisas, mais arrecadação e ao mesmo tempo, estimular a produção, a
produtividade, o empreendedorismo e a inovação. A reforma trabalhista, que muito
se falou, mas pouco mudou, deveria seguir na pauta para igualmente estimular o
emprego, o empreendedorismo e as forças produtivas como um todo.
Semanas atrás tive a satisfação de mediar um debate a respeito das
reformas que o Brasil precisa, com a presença de outros 3 professores
economistas e devemos fazer mais alguns em outros municípios. Nesta semana está
ocorrendo o Fórum da Liberdade, em Porto Alegre, discutindo as reformas que o
Brasil precisa. Precisamos debater sobre as reformas, mas depois de tantos anos
de discussão, nossos governantes e parlamentares precisam parar de falar e agir.
Desejando um país
melhor para todos, um abraço e até a próxima!
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