Há 2 semanas atrás esta coluna circulou com o título “As reformas
que o Brasil precisa” e fiquei muito feliz com a quantidade e a qualidade dos
retornos recebidos. Para quem não leu ou não lembra, destaquei que o Brasil precisa realizar pelo menos 5 reformas para
iniciar o desenvolvimento que se espera de um país deste tamanho e com as
condições existentes, para oferecer melhores condições de vida para a sua gente.
Reforma previdenciária, reforma trabalhista, reforma tributária e
fiscal, reforma política, e a reforma do pacto federativo são as principais, as
mais importantes e as que se tornaram urgentes todas ao mesmo tempo.
Quanto a Reforma da Previdência, me parece que as autoridades
políticas, de situação e de oposição, se envolveram de tal forma num enredo mal
escrito pelos que não se importam com a realidade da população e do país, que
demonstram não conseguir mais distinguir o que é ficção do que é realidade. Os
congressistas que deveriam nos representar precisariam discutir e votar objetivamente:
-
os trabalhadores ativos que entrarão na regra de transição, devem trabalhar 2,
3 ou 5 anos além do que está previsto atualmente;
-
quem entrará no mercado de trabalho a partir da reforma vai contribuir para a
previdência durante 32, 35 ou mais anos;
-
quanto deve ser o teto (máximo a receber) de cada categoria, a partir da
publicação da reforma;
-
extinção dos privilégios existentes em algumas categorias;
-
alternativas para aumentar a arrecadação da previdência, para ser sustentável e
ainda desonerar a folha de pagamento para reduzir o desemprego;
-
...
Diante de tantos discursos
irresponsáveis, ilusórios e que afastam cada vez mais o país dos caminhos do
desenvolvimento, arrisco-me ao convidar os amigos leitores para um exercício bem
simplório, que talvez auxilie na objetividade da discussão. Se o trabalhador
comum, da iniciativa privada, tem desconto mensal de 11% de seu salário para a
previdência social e o empregador contribui com mais 20%, soma-se 31% para o
caixa. Uma pessoa que iniciou a contribuição aos 21 anos, e manteve-a por 35
anos ininterruptos, se aposenta aos 56, gera um “saldo” que corresponderia a
cerca de 11 anos (31% X 35 anos) da aposentadoria que vai receber, mantendo-o
até os 67 anos (56+11). Considerando que temos uma crescente geométrica da
população que passa dos 80 anos, é fácil entender que não há contribuição suficiente para a previdência bancar
25 a 35 anos de aposentadoria. Alguém está lembrando dos que não alcançam os
80, claro, mas temos que lembrar também daqueles que se aposentam sem ter
contribuído com a previdência. Além disso, temos que lembrar que o País todo,
especialmente o sul, está tendo uma redução da população em idade
economicamente ativa, ou seja, dos que contribuem com a previdência.
Para além da ideologização das discussões, a criação de cenários
ilusionistas transformaram um debate poderia ser bem objetivo, considerando que
envolvem limites quantitativos, estatísticas e cálculos financeiros, em intermináveis
discussões subjetivas que ofendem a inteligência de quem assiste. A dificuldade
de apresentar propostas de solução objetivas por parte dos Executivos das
últimas décadas talvez não foi maior do que as trapalhadas dos atuais. Estamos
ávidos por soluções e alternativas para os itens falhos das propostas
apresentadas e por isso classifico como a mais absoluta irresponsabilidade diante
do caos, das lideranças que discordam sem apresentar alternativas, pois é a
face mais cruel de quem põe os interesses particulares de suas eleições e de
sua categoria, acima da vida das futuras gerações de seu país.
Lideranças lúcidas, cientes do poder de representação que
receberam e minimamente responsáveis com o futuro do país estariam agora
debatendo alternativas, que gerariam cenários futuros e votariam pelo que é
melhor, independente de quem desejam que
ocupe os cargos eletivos desejados.
Que Deus possa proteger os brasileiros!
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