Vivemos o momento mais rico em
informações disponíveis, da história da humanidade. O desafio não é mais o
acesso a informação e sim o excesso de informação, que gera problemas de
interpretação e a boataria. Felizmente também vivemos uma fase em que se
reconhecem as múltiplas inteligências e com elas, muitos sinais de
inteligência, abrindo caminhos para muito mais pessoas, que em outros tempos
teriam muitas dificuldades para suas ideias e ações prosperarem.
Jeff Bezos é
conhecido por ser o fundador da Amazon, uma das
empresas mais bem-sucedidas da atualidade e é considerado a pessoa que detém a
maior fortuna do planeta atualmente. Inegavelmente, ele é muito inteligente,
mas provavelmente só conseguiu construir esta empresa e sua fortuna cercando-se de gente muito
inteligente. A pergunta que muitos empresários e executivos que leem a história
deste perfil de empresário se faz é “Como se encontra essas pessoas?”. Essa
pergunta tem sido feita a Bezos em muitas das entrevistas ou palestras em que
ele é protagonista. A resposta tem sido bem diferente e até o oposto do que muita
gente espera.
O
homem mais rico do mundo é adepto da premissa de que “pessoas inteligentes erram, e muito” e que também por
isso, mudam de ideia com boa frequência. A maioria
de nós tende a se perguntar se a pessoa está certa, quando queremos entender o
nível de inteligência de alguém, ou principalmente se irá contribuir com os
projetos da empresa, se é uma boa aquisição para sua equipe. Em processos de
seleção, as perguntas em sua maioria são se o outro está certo: “O entendimento
de mundo desta pessoa está alinhado com as necessidades da empresa?”, “Tem
conhecimento de sua área de especialização?”, “É capaz de dar as melhores respostas
quando se depara com problemas difíceis?”, “Tem condições de realizar análises
e previsões corretas?”.
Os que estudam as estratégias de Bezos chamam de contra-intuição,
em função dele orientar para não observar apenas com que frequência as pessoas
estão certas, mas também e principalmente, o quanto e como elas erram. Ele diz
que busca profissionais que consigam admitir quando estão errados e mudam de
opinião com frequência, orientando que as equipes de suas empresas sejam assim
também. "Observo que as pessoas mais inteligentes estão constantemente
revisando sua compreensão e reconsiderando um problema que acreditavam já ter
resolvido. Elas estão abertas a novos pontos de vista, novas informações, novas
ideias, novas contradições e novos desafios", afirma o empresário.
Pessoas que mudam de ideia com frequência demonstram
um aspecto muito importante para empresas que precisam inovar para se manter no
mercado. Bezos acredita que quem é muito inteligente muda bastante de ideia, o
que parece fazer sentido, uma vez que gente inteligente lê, se informa, estuda,
vivencia e experimenta muitas coisas e sabem que se fixar a determinadas
posições, nem sempre é produtivo. O dono da maior fortuna do mundo acredita que
a consistência é importante, mas muitas vezes é superestimada, ou seja, acredita
que consistência de pensamento, persistência, convicções não são totalmente positivas.
Assim como Jeff Bezos, existem outros líderes da nova economia que entendem que
é uma atitude perfeitamente saudável e encorajam quem terá uma ideia
amanhã que contradiga a sua ideia de hoje.
Entendo
que é preciso muita resiliência na equipe e na organização para as mudanças
rápidas e principalmente na direção oposta, em curtos espaços de tempo. No
entanto, a forma de pensar e agir daqueles que estão ganhando espaço, fama,
fortuna e gerando grandes impactos na sociedade contemporânea precisa ser levada
em conta ao rever nosso conceitos e de nossas organizações. Na próxima seleção de pessoas para a equipe, querendo descobrir
se a pessoa a sua frente dará boas contribuições à equipe e a empresa, ao
verificar se está diante de alguém bastante inteligente, ao invés de perguntar
se a pessoa está sempre certa, pode ser melhor questionar quando foi a última
vez que ela mudou de opinião e de convicções. Dependendo de como vir a
resposta, é preciso reconsiderar se a pessoa é tão esperta quanto aparenta
ser.
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