quarta-feira, 25 de setembro de 2019

O profeta não é ouvido em sua pátria

     Jesus e seus apóstolos, afirmavam que o Espírito estava sobre Ele, mas boa parte dos que conheciam a pessoa simples da aldeia, o filho de José e Maria, que sequer era sacerdote, consideravam muito ousadas as suas afirmações: porque logo ele seria um profeta, quanto mais o filho de Deus? Quem era ele para pregar em nome de Deus, propor mudanças no modo de agir das pessoas e dos governos, propor o Ano do Jubileu, por exemplo, que significaria um tempo para parar de acumular, dar descanso à terra, perdoar as dívidas contraídas pelos mais pobres, buscar a igualdade, dentre outras. Em Lucas (4,25-27) “Os de casa rejeitam, quem é estrangeiro acolhe”, verifica-se a consciência de Jesus de que nenhum profeta tem suas propostas bem recebidas na sua própria pátria.
     Trago esta passagem bíblica para refletirmos um pouco sobre como são tratados nas famílias, nas empresas, nas instituições, nas comunidades, os talentos que surgem em meio aos semelhantes.  Aos amigos leitores, proponho um pequeno exercício, procurando lembrar de quantos bons/boas profissionais, talentos artísticos, esportivos, lideranças surgiram na sua comunidade, próximo de você, mas só foram reconhecidos, só foram ouvidos, fizeram sucesso fora de casa, longe da família, da vizinhança, longe de quem conhecia o/a filho/a do/a fulano/a, que conheciam há tempos. Se estas pessoas estivessem hoje aí na comunidade, na empresa, na família, possivelmente fariam muita diferença.
     Assim como Jesus não foi reconhecido por muitas pessoas em Nazaré, onde passou boa parte da vida, e na chamada “terra santa”, mas é reconhecido há mais de 2.000 anos em todo o planeta, infelizmente vemos talentos que não são reconhecidos nas empresas familiares, grandes talentos profissionais que não são reconhecidos pelos colegas da mesma empresa, e/ou lideranças, no seu município de origem. Ao invés de incentivar lideranças de base, na família, na empresa, na instituição, na comunidade, muitas vezes prefere-se acreditar mais em que está fora, em quem se conhece superficialmente, em quem “fala bonito”. 
     Me refiro aqui ao “santo de casa” que faz milagre “fora de casa” e a “prata da casa”, que é “ouro” em vários lugares, “fora de casa”. Tem gente “de casa” que parece ter prazer em destruir lideranças, reduzir a importância, os feitos, os talentos, pela não aceitação de que um semelhante possa se destacar e contribuir mais e melhor. Quantos jovens precisam sair das propriedades de suas famílias, das empresas de seus pais, da sua comunidade, para mostrar seu talento e fazer sucesso em outros locais, porque os semelhantes não acreditam e não permitem o uso do seu talento para melhorar o local em que vivem? Quantas pessoas precisam sair de suas cidades, para colocar em prática todo o seu talento para desenvolver outra localidade distante, que não há viu crescer e portanto, não tem preconceitos sobre esta pessoa? São pessoas que, apesar das críticas e da não aceitação de suas ideias por aqueles que estão no seu entorno, seguiram em frente, não se abalaram, não se entregaram as opiniões pessimistas e preconceituosas ao seu respeito. Apesar das críticas, do desdém, da não-aceitação, seguem o seu caminho, não perdendo o ânimo, que não pode ser baseado em opiniões, aprovações e aceitação dos outros, e sim na convicção do seu talento e seu propósito.
     Com este pensamento (Hb 12, 3) “Para que vocês não se cansem e não percam o ânimo, pensem atentamente em Jesus, que suportou contra si tão grande hostilidade por parte dos pecadores.”, desejo a todos os/as “santos/as de casa” e aos “pratas da casa” que não esmoreçam diante das dificuldades impostas pelos que estão próximos, pois o mundo está diante de ti, com outras dificuldades, mas com muito mais oportunidades e necessidades dos seus talentos.
     Foco, força e fé! Um abraço e até a próxima!

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