O
“apagão da mão-de-obra” é um tema cada vez mais presente nos diálogos sobre
perspectivas, desenvolvimento social e econômico. A falta de profissionais nos
mais diversos setores e níveis, em boa parte, se deve aos 30% da população de
18 a 24 anos que não trabalha e não estuda. Sendo esta, uma barreira para o
desenvolvimento do País, alguns estudos estão sendo feitos para entender as
causas deste fenômeno. Uma das pesquisas recentes revelou que 35% dos
brasileiros que planejavam ingressar na faculdade em 2024 adiaram essa decisão
por estarem comprometendo sua renda com apostas on-line. Este segmento tem 1,4
milhão de pessoas.
A
pesquisa, realizada pela Educa Insights, destaca que plataformas de apostas,
como bets e jogos de cassino virtual, como o "jogo do tigrinho", têm captado
os recursos que seriam usados para educação. O estudo mostra que o impacto é
ainda mais significativo entre as famílias com renda mensal abaixo de R$ 1mil
por pessoa, onde 41% abandonaram a ideia do ensino superior, sendo que na faixa
com renda até 2,4 mil por pessoa, são 39% os que desistem dos estudos
superiores. A pesquisa entrevistou 10,8 mil pessoas de todas as classes sociais
e regiões do Brasil, que foram convidados a se manifestar sobre interesse em
ingressar no ensino superior e como se comportam em relação as apostas online.
É notório que o Brasil enfrenta a falta de regulação
dos sites de apostas, causando muitos prejuízos aos jogadores e a sociedade
como um todo. Entidades que congregam instituições de ensino querem contribuir com
a regulação dos sites de apostas. Algumas regras que se discutem envolvem limite
diário de gastos, cadastro obrigatório de jogadores com reconhecimento facial,
registro de empresas autorizadas a operar no Brasil, dentre outras. O objetivo
seria reduzir o número de pessoas que consideram as apostas uma forma de renda,
em vez de um entretenimento. No entanto, especialistas alertam que o formato
dos cassinos on-line, que tendem a estimular o vício, continuará liberado,
dentre outros motivos, porque a maioria destas empresas de jogas é de fora do
País.
Um levantamento realizado
pela consultoria PwC mostrou que o setor de apostas movimentou R$ 100 bilhões
em 2023, equivalente a cerca de 1% do PIB brasileiro. Nas famílias de baixa
renda as apostas representam 76% dos gastos com lazer e cultura e 5% das
despesas com alimentação. O impacto das apostas on-line é percebido em vários
setores da economia, principalmente no varejo. Em agosto, o diretor do Banco
Central Gabriel Galípolo, afirmou que o aumento da renda no Brasil não está
sendo refletido no consumo ou na poupança das famílias, possivelmente pelo
grande aumento nos gastos com jogos on-line.
Entre as instituições comunitárias
e privadas de ensino, já existiam estudos que levantavam hipóteses onde as
apostas online estavam contribuindo para os jovens desistirem da formação
profissional, técnica e superior. Com a pesquisa, confirmou-se a influência
negativa das apostas on-line para a continuidade dos estudos. O ensino superior,
assim como o nível técnico, que dão a segurança de empregabilidade e
oportunidades de renda ao longo da vida, nunca deveriam competir com o dinheiro
para as apostas, que geram ilusão e vício. Educação e trabalho com atitude são
os únicos caminhos para ter mais renda, vida confortável e oportunidades de
alcançar os desejos. Muitos apostam pela ilusão da renda fácil e depois caem no
vício do jogo, consumindo sua renda e da família, além das suas energias e
esperanças.
O IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) em junho divulgou dados que reforçam a
importância da educação superior na qualidade de vida e na renda das pessoas.
Pessoas sem nível superior tem renda média de R$ 2,4 mil, enquanto as pessoas
que têm graduação recebem, em média, R$ 7 mil, ou seja, quase três vezes mais.
Que possamos voltar a
ter mais pessoas interessadas em estudar e trabalhar! Um abraço e até a
próxima!
Nenhum comentário:
Postar um comentário