Enquanto conhecia uma região bem diferente da que eu vivo,
pensei muitas vezes naquela frase: “Quem quer, encontra um meio. Quem
não quer, encontra uma desculpa”.
Caros amigos, pensem num local em que praticamente não chove. São poucos
os locais no Brasil nesta situação e estes via de regra, passam por grandes
dificuldades econômicas. Nas regiões onde a agricultura tem maior impacto
econômico, a falta de chuva em algumas semanas causa grande apreensão na
população. No entanto, alguns locais, quebram este paradigma, provando que
quando há empreendedorismo e cultura de desenvolvimento, a natureza não é um
problema e o que parece uma grande barreira, pode ser transformado num recurso
estratégico.
Estive visitando na semana passada empresas produtoras de vinhos,
processadoras de azeite e frutas, na província de Mendoza – AR. Fiquei
realmente impressionado com o fato das cidades, das empresas, das propriedades
serem fartamente arborizadas e ajardinadas contando com chuvas muito escassas,
que alcançam a média de 100 milímetros por ano. A cultura inca de preservação
da água do degelo da Cordilheira dos Andes num imenso lago, aliada a
arquitetura e engenharia rudimentar dos incas na construção de canais para
distribuir a água represada, para municípios localizados a 300, 400 km de
distância, aprimorada ao longo dos anos pelos imigrantes, distribuindo a água em
milhares de canais que alcançam todas as quadras, todas as casas e todas as
propriedades rurais de uma região de aproximadamente 800.000 habitantes, é
simplesmente impressionante. A água distribuída ordenadamente por pequenas
comportas controladas a partir de uma programação de horários distintos,
garante irrigação para muitas praças com grandes e belíssimas árvores, jardins
bem cuidados nas cidades e nas empresas, e nas propriedades rurais, imensas
áreas de viticultura, olivicultura e fruticultura. A água é para estas
comunidades, um dos recursos mais estratégicos e por este motivo, a gerenciam
melhor do que a maioria das partes do mundo, conseguindo utilizá-la muito melhor
do que quem a tem em abundância, como várias regiões do Brasil.
A região de Mendoza tem outras dificuldades naturais como as baixíssimas
temperaturas do inverno que fica em boa parte abaixo de 0 C° e altíssimas temperaturas
no verão, chegando próximo aos 50 C°. Por este motivo, muitas das vinícolas
fazem boa parte do processamento e toda a guarda do vinho no subsolo, onde é
mais fácil controlar a temperatura. Outra questão importante é que seguidamente
há pequenos tremores de terra e a cada 4 anos em média ocorre um terremoto de
grandes proporções, necessitando de construções com bases preparadas para
suportar de 30 a 40cm de deslocamento, sem sofrer grandes danos. As 24 praças
da cidade de Mendoza e o imenso parque de 420 ha possuem muitas árvores
frondosas e centenárias, rodeadas de belíssimos jardins. Estes espaços, além de
garantirem um pouco mais de umidade ao ar seco, são um refúgio para a
população, durante os terremotos.
Com todas estas situações impostas pela natureza, é uma região muito
próspera, baseada no agronegócio, grande exportadora, com belas paisagens e com
uma cultura de preservação da natureza e das artes, que impressiona
positivamente aos visitantes. Convivendo por algum tempo neste lugar, não há
como não pensar nas pessoas ou nas culturas dos locais que parecem ver frequentemente
a natureza como uma barreira. Me refiro aqueles que num dia reclamam que chove
demais, outro dia que chove pouco, ou que é muito quente, ou muito frio, ou o
solo é muito pobre em algum componente, ou outro problema e assim, vão deixando
de fazer muitas coisas, o que no fundo é acomodação, de quem decide não fazer e
encontrar desculpas.
Desejando que
tenhamos todos atitudes para fazer o que é preciso, ao invés de buscarmos desculpas, um abraço a todos e até
a próxima semana!
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