Foram várias e boas as repercussões
sobre o texto da semana passada em que provocamos a reflexão sobre algumas
ideias erradas que foram se disseminando ao longo de décadas em nossa sociedade,
com destaque para o equívoco de que trabalhar é ruim.
Estendo a reflexão para o texto de
hoje, considerando a necessidade de contrapor algumas ideias e mostrar que
estudar e trabalhar faz bem para as pessoas e para a sociedade, onde uma boa
parte passou a entender que contribuir no mínimo 20 anos para a previdência é
muito, mesmo com a expectativa média geral de vida alcançando os 90 anos, que
se aposentar o quanto mais cedo possível é o melhor a fazer, dentre outras. A
ideia de que trabalhar é ruim também se reflete no número daqueles que se
dedicam anos à estudar para aprovação concursos públicos, focando em planos de
carreira com licenças generosas, aposentadorias precoces e valor garantido até
o fim da vida, bem como no número de pessoas que não faz muito esforço, nem
questão de ter mais renda formal, para não perder benefícios sociais.
A população ocupada de um modo
geral é baixa em vários dos municípios inclusive ao nosso redor, onde alguns têm
apenas 9% de população ocupada, somando empregados na iniciativa privada,
órgãos públicos, sociedade em empresas, profissionais autônomos e produtores
rurais. Os municípios com maiores índices alcançam 40% da população ocupada e
estes tem uma grande diferença nos indicadores sociais, qualidade de vida e
renda, conforme já escrevemos aqui no início do ano.
Embora a taxa de desemprego esteja
baixando há vários meses consecutivos, com a economia se recuperando, muitas
outras variáveis estão presentes e a recuperação está bem mais lenta e bem mais
tarde do que gostaríamos e precisaríamos. Dados do CAGED mostram claramente que
o desemprego é maior entre aqueles que possuem pouca qualificação profissional,
ou seja, não tem um curso técnico, nem superior de qualidade concluído. Ao
analisar o desemprego por segmento, é possível verificar que quem tem uma
qualificação profissional concluída, tem menos chance de perder o emprego e
quando ocorre, leva menos tempo para se recolocar. Isto porque devido ao alto
custo dos encargos trabalhistas, riscos de acidente, absenteísmo por motivos
diversos e outros, as empresas estão investindo em automação dos processos que
exigem mão de obra operacional (braçal) que antes eram realizados por pessoas
com baixa qualificação profissional. Por outro lado, há muitas vagas de emprego
abertas em posições que exigem conhecimento técnico de nível médio ou superior.
Algumas ideias erradas fazem a evasão escolar alcançar níveis
inacreditáveis para um país que precisa se desenvolver. A Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua – IBGE, 2016) mostra que 62% dos jovens de até 19
anos deixam a escola sem concluir o ensino médio e que 55% nem concluiu o
ensino fundamental (até o 9º ano). 11,2% da população de 25 anos não tem
qualquer grau de instrução concluído. O Brasil passou nos últimos anos rapidamente
de 8 para 15% da população com ensino superior, porém, boa parte do crescimento
não tem qualquer contribuição a qualificação profissional, por ser fruto da
venda de diplomas baratos, de cursos que não precisa estudar. Apenas 0,0003% da
população tem mestrado ou doutorado, sendo 60 mil mestres e 20 mil doutores,
para 210 milhões de habitantes.
Sem instrução qualificada da
população será muito difícil reverter o quadro de desemprego, pois as empresas
precisam de mão de obra de nível técnico e superior, para desenvolverem novos
produtos e tecnologias. Precisamos difundir a ideia de que trabalhar é bom, e
mais ainda, a ideia de que estudar é bom e é preciso, pois não há outro caminho
para transformar vidas e realidades!
Um abraço e até a próxima!
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