No ano passado escrevi um pouco sobre o movimento tecnológico que
avança rapidamente chamado Indústria 4.0 ou Manufatura Avançada ou ainda 4ª Revolução
Industrial. A convergência entre as tecnologias da operação e da informação
aumenta e se alastra por todas as cadeias produtivas. A velocidade com que a
Indústria 4.0 tende a se disseminar em todas as cadeias produtivas provocando o
aumento da conexão e interação entre insumos, consumidores, mercado e
tecnologias permite dizer que caminhamos para um verdadeiro Mundo 4.0.
Na indústria inteligente as máquinas, os insumos, o varejo e os
mercados “dialogam”, trocando dados ao longo das operações e transações e este
conceito ultrapassa a fabricação, iniciando
na concepção e no desenvolvimento de novos produtos, alcançando o pós-vendas e
o relacionamento com o cliente. A Indústria 4.0 vem promovendo um encurtamento
dos prazos de lançamento de novos produtos no mercado, maior flexibilidade nas
linhas de produção e mais eficiência no uso de recursos naturais e energia.
A customização em massa era algo sonhado pelos profissionais de
marketing no passado, quando viam a indústria tendo dificuldades para atender
as diferentes necessidades dos consumidores. Hoje vemos a criação de novos
modelos de negócios com base nas demandas reais de diferentes tipos de clientes.
Logo veremos cada vez mais empresas podendo fabricar em tempo real boa parte do
que o consumidor demanda, reduzindo em muito a necessidade de estoques e o
tempo de adaptação de máquinas e procedimentos. Serão modelos cada vez mais
automatizados de produção que permitirão gerar tamanha flexibilização na
produção.
A fábrica mais moderna do grupo Fiat Crysler Automobiles (FCA) foi
finalizada em Goiânia-GO-Brasil em 2015 e tem capacidade para fabricar 250.000
carros por ano, através de uma gestão integrada que reúne digitalização,
conectividade e realidade virtual, permitindo agilidade e flexibilização
atuando em tempo real com dados de produto e processo, permitindo fabricar até
4 modelos diferentes de veículos, com apoio de 604 robôs em funcionamento e conectados.
A BASF multinacional do setor químico investe em aplicativos inteligentes para
dentro das fábricas reduzindo desperdícios de matérias primas, enquanto oferece
para o agricultor aplicativos que permitem identificar com base em análise de
dados, o momento de maior vulnerabilidade de cada cultura para realizar as
aplicações de defensivos com mais economia, eficiência e responsabilidade
ambiental.
Sabemos que o Brasil precisa resolver grandes desafios de
infraestrutura e conectividade (redes banda larga e móveis), além de
identificar instrumentos de melhoria da política industrial que viabilizem o
desenvolvimento do país. Mais do que isso, temos que nos preparar pois a
Indústria 4.0 mudará o mundo que conhecemos para um mundo com menos emprego,
mas com mais trabalho, um mundo com mais trabalho inteligente e menos trabalho
braçal e insalubre, com menos profissionais “chão de fábrica” e mais pessoal
técnico especializado.
A regulamentação ambiental, trabalhista e tributária, assim como a
competição impulsionam as empresas para acelerar a entrada na Indústria 4.0.
Neste momento, a adaptação mais difícil é para as grandes empresas, pois as
novas empresas tem menos comprometimento com operações específicas e
infraestrutura. A aproximação das empresas com instituições de ensino com
prática e capacidade de pesquisa é um caminho que se mostra cada vez mais bem
sucedido em várias partes do mundo.
Um Mundo 4.0 ainda é muito incipiente, mas podemos dizer que terá
um consumo muito mais consciente, com uma produção adequada e sem desperdícios,
muito mais sustentável, mais cooperativo, mais inteligente com menos acidentes
e doenças do trabalho, com mais respeito e valor a qualidade de vida no
trabalho e do trabalhador.
Um abraço e até a próxima!
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