Tenho escrito os textos deste espaço aos Domingos, ou
segundas-feiras pela manhã a partir das leituras do fim de semana, em função da
agenda concorrida da semana e pela data limite para envio. O relato se deve ao “golpe”
que levamos quando o texto “Preparados” tinha a intenção trazer uma reflexão sobre
como cada um se preparava para a
retomada do crescimento da economia brasileira a partir das reformas
trabalhista e previdenciária, queda de juros, queda da inflação, fortalecimento
da taxa cambial, dentre outros.
Mesmo que ao final do texto eu tenha escrito “...se a política não
atrapalhar muito...”, não esperava que depois de tantas prisões e denúncias, as
falcatruas continuariam no mesmo nível. Quando saíram as novas denúncias, o texto
que já havia sido publicado em alguns jornais e enviado para outros, ao invés “preparados”
para crescer, poderia ser uma reflexão sobre “preparados” para um novo golpe nas esperanças.
Escolhida com maestria pelos marqueteiros de um grupo, a palavra
“golpe” passou a ser repetida e eficientemente conseguiu polarizar boa parte das
manifestações, debates e comentários. No meu entender a expressão símbolo de
quem não queria o impeachment do ano passado seria muito mais apropriada se
fosse utilizada pelos brasileiros que tentam sobreviver na plateia deste palco
de horrores, onde os bandidos prediletos de um e de outro se digladiam em
delações, com cifras de milhões e milhões alcançando patamares inimagináveis e
absurdos.
Investidores internos e externos que queriam acreditar novamente
no Brasil levaram um golpe logo no início de um novo ciclo. Os pequenos e
médios empresários brasileiros, já levaram tantos golpes dos governos e da
política que podem ser exemplos de resistência. Quem atua em setores altamente
regulados como educação, saúde, alimentos, finanças, cooperativas, dentre
outros, leva um golpe atrás do outro com as seguidas alterações de legislação,
normas e entendimentos jurídicos. Quem escreve, leciona ou tenta orientar sobre
como lidar com investimentos leva um golpe a cada novo acordo político e escuso
que tem reações dos mercados.
Enquanto transações coletivas ou individuais de 5 a 500 milhões de
reais, circulam de um bolso ao outro sem que a Receita Federal perceba ao longo
de anos e anos, a população brasileira que paga imposto de renda na fonte ou na
declaração, leva um golpe a cada mês!
“É golpe!” deveria gritar também aquela legião de pequenos
empresários que seguem sem acesso aos recursos do BNDES porque o sistema e o
gerente do banco dizem que apesar do projeto ser bom, não pode conceder o
crédito porque não tem garantias suficientes, enquanto os irmãos, amigo e
afilhado do ex-presidente receberam em 22 dias recursos do BNDES para comprar a
maior rede de frigoríficos dos Estados Unidos, levar a sede da empresa daqui
pra lá e atuar em 150 países, sem qualquer necessidade de análise técnica. Da
mesma forma, ao pagar o combustível dos veículos de trabalho e passeio deveríamos
gritar “é golpe!”, ao ver o quanto os bandidos eleitos por nós embolsaram deste
dinheiro.
Ao transportar a produção agrícola ou industrial, sem pontes e
estradas em condições, também deveríamos gritar “É golpe!” ao saber que as
empreiteiras que decidiram os candidatos e as eleições dos últimos anos
receberam recursos do BNDES para obras faraônicas em países cujas lideranças
alinhavam suas ações ao que ocorre no Brasil. É golpe lá e golpe cá!
“É golpe!” deveriam gritar também o pai, a mãe, os filhos, os companheiros
de enfermos em fila de espera de atendimentos, tratamentos, transplantes, ao
saber por exemplo, dos dois irmãos que entregaram muitas falcatruas de quase
2.000 políticos entre eles os últimos 3 presidentes da república, fizeram
acordo com a justiça lhes dando as condições para entre outras, comprar 1 bilhão
de dólares (R$ 4bi), com lucro de R$ 200mi num dia antes de serem publicadas as
denúncias, além de sair do país para viver num dos endereços mais caros do
mundo.
Para suportar tantos
golpes, muito mais do que estas poucas linhas mencionam, somos em verdade,
muito fortes, amigos!
Um abraço, força, fé e até a próxima!
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