Acompanhando os acalorados debates e discussões sobre governos,
reformas, economia, fico com a sensação de que a necessidade de alguns
movimentos transformarem inocentes úteis em inimigos é insaciável. É sabido que
utilizando de técnicas relativamente conhecidas troca-se propositalmente o sentido
dos termos e palavras, mas mais lamentável é ver gente desavisada repetindo a
cartilha, sem analisar com profundidade.
“Poderosos”, “democracia”, “empresários”, “mercado” são alguns entre
tantos termos com o sentido deturpado de acordo com o interesse particular,
fragilizando ainda mais o entendimento do contexto por segmentos que tem
sabidas dificuldades de compreensão, pelo contexto educacional e cultural. Nos debates
sobre linha dos governos e especialmente reformas trabalhista, previdenciária,
tributária, o termo “poderosos” é frequentemente utilizado pelas diferentes
matizes, que por vezes os atribui ao empresário.
O SEBRAE em parceria com o DIEESE apresentou uma pesquisa na
Revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios mostrando que 99% das empresas
brasileiras são micro e pequeno porte, que geram 15 milhões de empregos
formais. A pesquisa mostra que nos últimos anos, os empregados das micro e
pequenas empresas brasileiras tiveram um aumento real 3 vezes maior do que os
trabalhadores das grandes empresas. As barbaridades que estamos lendo e ouvindo
nas discussões sobre as reformas, sobre pagamentos de impostos, encargos e
relação entre empregadores e empregados não condizem com esta realidade.
No último dia 1º de maio, feriado internacional, enquanto a mídia
transmitia movimentos, protestos, shows comemorativos, em todas as nossas
cidades, uma parte dos mais legítimos representantes da classe empresarial
deste país estavam trabalhando em seus mercadinhos de bairro, na fruteira, na
padaria, no açougue, no comércio de bebidas, na lancheria, no restaurante, na
serralheria, na construção civil, no transporte, na banca de jornais e
revistas, no escritório contábil, no escritório de engenharia e arquitetura, no
escritório de consultoria, nos seus stands nas várias feiras e eventos deste
período.
A quase totalidade dos empresários que eu conheço, e posso dizer
que conheço muitos, tem o patrimônio pessoal limitado a casa e um ou dois
veículos, geralmente dos mais simples, para que o maior investimento seja no
negócio, em máquinas, prédios, conforto e segurança de quem trabalha com ele e
fazendo o melhor para manter os clientes. São patrimônios pessoais
insignificantes quando comparado com parte daqueles que falam e escrevem sobre
empresários e gritam contra os poderosos. Todo o patrimônio da empresa e a
família do micro e pequeno empreendedor é colocado em risco todos os dias no
mercado das causas trabalhistas, na indústria de multas fiscais, na fragilidade
contratual e na insegurança jurídica de nosso país. Neste contexto, os
empresários brasileiros são na verdade super heróis das nossas comunidades,
garantindo emprego, renda, serviços, benefícios sociais, tributos, mesmo sendo
injustamente considerados em tantos discursos e movimentos equivocados país a
fora. Esta minoria de cidadãos brasileiros que têm sido citados como vilões em
petições trabalhistas, em argumentos sobre as reformas, seguem sem proteção, pagam
uma conta cada vez maior assumindo além da maior carga tributária do planeta, áreas
em que o Estado é absolutamente ineficiente como ações sociais, planos de saúde
e previdência, educação e qualificação profissional das suas equipes.
Nas mais diferentes mídias, temos visto diariamente pessoas com
vasto curriculum de cargos exercidos para defender e proteger o trabalhador, a
sociedade, o interesse público, o país, sendo denunciadas, algumas poucas presas,
delatando outras e mostrando recebimentos ilegais de quantias estratosféricas.
É lamentável saber que os vilões, e verdadeiramente poderosos contam com ferrenhos
defensores, para que possam seguir livremente suas práticas, enquanto os
empresários brasileiros, verdadeiramente heróis tem seus interesses atacados e não
conseguem a simpatia dos que se proclamam defensores interesses públicos.
Um abraço e até a próxima!
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