Sou militante da inovação e do empreendedorismo desde antes de
atuar profissionalmente, tanto como estudante, quanto membro de entidades. Nas
últimas décadas foram aprimoradas, difundidas e adotadas muitas metodologias de
incentivo e aceleração da inovação e fomento ao empreendedorismo. A partir
deste movimento vimos faculdades, universidades, entidades empresariais e governos
movimentando seus públicos para adesão às novas tecnologias, adoção de
metodologias inovadoras, qualificação de pessoas, investimentos em novas
ideias, softwares e equipamentos.
Com este
movimento também vimos a popularização de termos próprios da inovação, tecnologia
e empreendedorismo, o aumento significativo de empresas tradicionais contratando
gestores de inovação, o surgimento em alta escala de startups em todos os
segmentos e contextos muito inovadores. O interesse pela criação de produtos e
empresas inovadoras finalmente alcançou os países em desenvolvimento, as salas
de aulas, as casas, as pequenas empresas, as reuniões de ACIs, as reuniões de
amigos, e assim por diante.
Atenção! É
possível se atrapalhar no foco dos investimentos. Já temos alguns carros elétricos
circulando em nossas cidades embora ainda não há carregadores rápidos. Alguns
países europeus anunciaram o encerramento da produção de veículos a combustão a
partir de 2025, daqui 3 anos. Pode parecer cedo, mas é uma tendência mundial,
visto que nos EUA, foi anunciada a proibição da produção de veículos a
combustão a partir de 2035, que não é tão cedo, mas é logo ali. Este trecho é
um convite para a reflexão, pois a situação de alguém que anda em trajetos que
não possuem carregadores rápidos e compra um carro elétrico é semelhante a
situação da empresa que compra equipamentos e softwares de última geração, mas
os colaboradores não sabem operar ou não tem disposição de aprender a utilizar
e usar todas as funções ou extrair o máximo de resultados. Aliás não é difícil
encontrar empresas que investiram em equipamentos e/ou softwares com muitos
recursos, mas não conseguem transformar aquele custo em receita.
Nas últimas décadas atuando diretamente no estímulo a inovação e
ao empreendedorismo tecnológico, vivi o suficiente para garantir que a inovação
está nas pessoas. Para inovar é preciso primeiro investir nas pessoas, depois
em prédios, equipamentos, tecnologias. A inovação não está nas coisas, mas na atitude,
no comportamento, na ação das pessoas que forem envolvidas no projeto, na
iniciativa.
Quem quer uma empresa mais inovadora, profissionais mais
criativos, com mais iniciativa precisa investir primeiro na preparação da
equipe, para que as pessoas entendam a cultura da inovação e saibam aplicar o que
aprenderam na sua atividade. Ao desenvolver a cultura da inovação nas equipes é
sempre muito importante lembrar que o foco deve ser no resultado. Escrevo isso,
pois ao invés dos resultados, parece haver muita gente mais atenta aos prêmios,
troféus, títulos, holofotes... o que chamamos de empreendedorismo e inovação de
palco.
Se as pessoas que falam em inovação ao seu redor focam em
equipamentos, softwares e prédios, e não priorizaram o aprendizado da inovação,
podem estar focadas no caminho errado. O caminho certo não é difícil, pois a
inovação pode ser ensinada e aprendida de maneira relativamente fácil. Antes de
comprar um lote de notebooks novos, por exemplo, talvez seja o caso de realizar
alguns cursos, visitar alguns centros de inovação, participar de alguns eventos
de inovação, trazer alguns representantes de casos de sucesso para trocar umas
ideias com a equipe e assim por diante. Um bom sinal de que a organização está
no caminho certo da cultura da inovação é o foco das ações no crescimento e
fortalecimento do negócio, mais voltadas para dentro do negócio do que para
subsidiar a divulgação dos protagonistas e da empresa.
A escolha é de
cada um de nós, sempre, assim como os resultados são sempre consequência do que
fizemos, ou deixamos de fazer.
Um abraço e até a próxima!
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