sexta-feira, 29 de maio de 2020

Consumo vai mudar para sempre


             A pandemia COVID 19 mudou os hábitos das pessoas ao redor do mundo e com isso, as práticas de consumo, comportamento de compras, dentre outras. Na tentativa de que as empresas locais possam manter-se ativas no enfrentamento das consequências causadas pelas restrições da circulação de pessoas, temos dedicado as últimas edições para identificar tendências e oportunidades.
Já foi possível comprovar que a reabertura do varejo e redução das restrições das atividades industriais não significou a retomada das vendas e hábitos de consumo no volume dos movimentos pré-pandemia. O receio do desemprego, da queda da renda, o medo de sair ou ficar muito tempo fora de casa, e todos os desdobramentos sobre distanciamento social, cuidados com a higiene e limpeza, saúde, home office, mudaram decisivamente os hábitos de consumo. Chamo atenção neste texto, que os hábitos mudarão por muito tempo e alguns, para sempre.
O aumento das compras online é notório e uma oportunidade ainda inexplorada por muitas  empresas locais e microrregionais. Já escrevi mais de uma vez que as crises aceleram tendências, inclusive de consumo. Aliando duas destas tendências penso que as empresas locais podem explorar o fato das pessoas procurarem mais produtos locais e se acostumado, até “treinado”, a comprar on line. De um modo geral as relações ficaram mais virtualizadas, a começar pelas reuniões, aulas e trabalhos domiciliares.
Um grande número de pessoas que não cogitava comprar on line, com o distanciamento social, mais tempo em casa, apoio dos filhos, quase tudo pela internet, está fazendo as primeiras experiências de compras on line. Parte destes, pensando no tempo gasto no trânsito, estacionamento, riscos, não fará muita questão de ir ao centro comercial, procurar vaga, caminhar no sol, ou na chuva, ou se aglomerar nos shoppings para comprar alguns itens. Os e-commerces e deliverys têm crescido e devem continuar expandindo no pós-pandemia, depois de tanta gente que “aprendeu” e gostou da experiência. As empresas locais precisar criar e reforçar suas soluções para este segmento do seu publico que busca conveniência e agilidade.
Pode-se observar que os consumidores estão gastando menos e não têm muitos motivos para comprar agora roupas, calçados, cosméticos, acessórios para viagens, artigos de festas. Este comportamento vai mudar, quando festas, bailes, jantares, encontros voltarem a ocorrer com frequência. O comportamento pode mudar também, no que tange a utilização de veículos, a frequência a bares, restaurantes, bailes e shows.
É possível que muitas pessoas e até famílias que acompanham seus gastos mensais se deem conta do que foi economizado com a mudança de hábitos durante a pandemia e passe a priorizar apenas a compra de itens essenciais, ou não volte mais há alguns hábitos. Quem trabalha com itens que podem ser considerados não essenciais, precisa projetar alternativas imediatamente. Estes e outros fatores mostram a necessidade das empresas avaliarem seu posicionamento de mercado e a forma como se apresentam.
Há algumas pesquisas mostrando que mais da metade dos entrevistados teriam mais chances de aderir a propostas de empresas que estão fazendo o bem para a sociedade. Assim, convido os amigos leitores a avaliar como suas empresas estão se apresentando e como estão divulgando as ações que estão realizando neste sentido. Embora o preço seja um fator determinante em tempos de crise econômica, sempre há comparação, mesmo quando os preços são parecidos. Quem se apresenta de formas mais alinhadas com as preferências do consumidor, sempre leva vantagens na decisão de compra.
                Esperando que todos se mantenham com saúde, e motivados para superar as dificuldades, vamos em frente com criatividade e fé!   
               Um abraço, desejando dias melhores!

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Preparando o pós pandemia


A rápida adaptação às novas rotinas de distanciamento social, ocorreu principalmente porque fomos forçados e não havia muita outra saída. Numa situação normal, demoraríamos muito mais para mudar tantos hábitos e rotinas, não é mesmo? Além da urgência, a adaptação também foi rápida porque o improviso parecia mais coerente com os prazos curtos anunciados para o distanciamento, de 20 de março a 6 de abril, depois até 15 de abril, depois até 30 de abril, depois ...(?). Todavia, o retorno ao que conhecíamos por normalidade não poderá ser tão rápido, nem tão improvisado, pois há um trabalho imenso e muito consistente a fazer no retorno.
Quando as pessoas voltarem a frequentar espaços de maior circulação de pessoas, depois do fim das restrições, as empresas que investirem em estratégias para engajar os clientes de modo profundo, criando ambientes que deixem a sensação de estar em casa, vão ganhar mais clientes e parceiros. Esta é uma tendência citada por vários pesquisadores. É um ponto especial de atenção para bares, restaurantes, cafeterias, academias, ambientes de coworking, instituições de ensino, mas também escritórios, que devem repensar e reorganizar seus espaços para também reduzir a aglomeração e facilitar o acesso a produtos de higiene, como álcool em gel.
O estudioso de futurismo Rohit Bhatgava aponta que uma das tendências para o setor de lancherias e restaurantes é um número cada vez maior daqueles que só atendem com delivery/tele entrega, e ainda, venda de comida pronta para aquecer ou descongelar em casa. Dentre outros, Rohit entende que devemos nos preparar para novas ondas de pandemia num futuro próximo e os diferentes setores devem ficar atentos as mudanças nos modelos de negócios, sendo que os serviços de entrega vão continuar em alta, podendo ser tornar a principal fonte de receita em muitos casos.
Artistas e produtores culturais passaram a apostar em shows e espetáculos on line, assim como vem aumentando as opções de passeios virtuais a parques e museus. Estas novas possibilidades, que demandam novos comportamentos, deve evoluir para mais experiências culturais imersivas, que tentam conectar o real com o virtual a partir do uso de tecnologias que já estão nas mãos e nas casas das pessoas. Contudo, as experiências imersivas devem ampliar muito com a popularização da realidade aumentada e virtual, assistentes virtuais e máquinas inteligentes. A Gartner consultoria internacional em futurismo afirma que as experiências imersivas estão entre as principais tendências da tecnologia. Estes exemplos para a área cultural, se estenderão a outros setores como esportes, viagens a varejo e muitos outros, possivelmente muitos negócios em que os leitores estão envolvidos. Sugiro olharem logo para estas possibilidades e repensar seus negócios, seu trabalhos, antes que outros o façam.
O trabalho domiciliar, trabalho remoto, ou home office já era uma realidade para muita gente da área da publicidade e propaganda, designers, arquitetos, desenvolvedores de sistemas, freelancers,  profissionais liberais e inclusive algumas áreas de servidores públicos. Essa modalidade de trabalho vai crescer muito mais, para mais setores e mais trabalhadores. Além de evitar muitas pessoas juntas nos espaços de trabalho, esta modalidade evita a aglomeração em ônibus e metrôs, especialmente em horários de pico. Por trabalhar parcialmente em casa e evitar transporte coletivo, outra tendência que se acelera é morar próximo do trabalho.
A quantidade de lives anunciadas cresce de forma impressionante a cada semana, e agora passam a ser vistas como oportunidades de negócios por muita gente. As vendas pela internet passaram a ser uma excelente opção para lojas que até então tinham o local físico como única opção. Logo veremos uma integração de lives com venda on line, combinada com ações nos pontos de venda.
Vínhamos em transformação acelerada e agora, com esta mudança rápida de direção, ajustes de rotas são inevitáveis para não seguir no caminho errado, ou não tombar. Atualizar conhecimentos e conceitos, é uma questão de sobrevivência, além de ser prazeroso para muita gente. Lembrem-se que nas crises o dinheiro troca de mãos mais rápido. Enquanto falta emprego, renda, espaço para alguns, outros ganham mercado. Em que lado você quer ficar?
               Desejando uma boa reinvenção a todos os leitores, deixo um abraço!

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Como será o pós pandemia


Quase todo mundo, (e não é força de expressão) quer voltar ao que costumamos considerar “vida normal”. Estimam-se datas de retorno, especula-se o que temos que fazer para retornar a “vida normal”, mas os últimos meses mostraram que ainda sabemos muito pouco, e de pouca coisa.
Sabemos muito pouco sobre como as pessoas se comportam difusa e perigosamente em meio as guerras de informações dos grupos ideológicos que escolheram a pandemia como campo de batalha. Apesar de toda a evolução tecnológica, sabe-se pouco sobre a circulação das pessoas, assim como os hábitos que impactam na saúde, na imunidade de diferentes comunidades. Da mesma forma sabemos pouco sobre as diferenças sutis entre as pessoas de diferentes regiões, que fazem uma diferença enorme, em alguns poucos momentos.
O que será diferente no retorno à chamada normalidade também não sabemos, mas surgem vários estudos indicando tendências de mudanças que haverão quando tentarmos voltar ao que era conhecido por normal. Algumas tendência que li e concordo serão alvo deste e do próximo texto, pois é certo que com tudo o que estamos vivendo e aprendendo, por tantos dias, não há como tudo voltar ao era antes.
As grandes crises que a humanidade passou como guerras e pandemias sempre aceleraram mudanças que há estavam em curso. Tendências de queda e de aumento, sejam de consumo, hábitos, negócios, produtos, serviços, já iniciadas antes das grandes crises se aceleram significativamente, durante e depois. Para sabermos como será o mundo, nossa vida, nossos negócios no pós-pandemia, é preciso considerar os sinais, as tendências iniciadas antes e como a pandemia influenciou. A partir daí, é possível fazer algumas projeções do que pode declinar e o que pode potencializar, mudando nossas vidas.
As grandes crises anteriores mudaram valores e geraram importantes alterações no comportamento de boa parte das pessoas. As grandes crises costumam unir as pessoas em torno de pequenas comunidades seja nas pequenas cidades, nos bairros, ou nas empresas, desde que haja lideranças em condições.
Uma crise financeira por si só já é motivo para as pessoas mudarem hábitos e economizar revendo o consumo e investimentos. Um artigo do Instituto de Estudos Futuros de Copenhagem diz que a ideia de “menos é mais” vai guiar os consumidores daqui para frente. “Consumir por consumir sairá de ‘moda’” é a tônica de um texto de Sabina Deweik no site “O futuro das coisas”.
Avaliar continuamente o valor concedido às pessoas, o impacto ambiental, a geração de impactos positivos na sociedade e no engajamento por uma causa já estava presente em várias empresas de diferentes setores e tamanhos. Já passamos a ver algumas amostras durante a pandemia e esta pode ser uma tendência que se ampliará mais fortemente nos próximos tempos.
O trabalho domiciliar deve ser ampliado de forma significativa depois que muitos trabalhadores e empresas tiveram esta experiência. Este movimento muda muitos hábitos, investimentos, estrutura, despesas nas empresas e nas casas. Evidentemente o direito do trabalho terá que acompanhar estas mudanças.        
O varejo deve ser repensado em muitos casos, especialmente na interatividade, na internet e nos espaços físicos comerciais. Com meses seguidos em que o contágio da doença domina totalmente os noticiários e rodas de conversa, devem se multiplicar os casos de fobia social, com mais gente com medo e ansiedade por circular entre outras pessoas, mudando hábitos e provocando mudanças em locais públicos, ginásios, estádios, feiras, bailes, shows, festas e outros, que devem passar por mudanças permanentes.
Os cuidados com a saúde e o bem-estar, que aumentaram muito nos últimos meses, possivelmente se incorporarão mais naturalmente a vida de cada vez mais pessoas, com tendência a se diversificar.  Os espaços públicos, de diferentes tamanhos, sejam lojas, escolas, restaurantes, e outros, para terem mais engajamento dos públicos, precisarão passar aquela “sensação de estar em casa”, num lugar que também parecerá seu.
Semana que vem seguimos refletindo sobre como a vida poderá se transformar no pós-pandemia. Um abraço e até lá!

sábado, 9 de maio de 2020

Por que convivemos com regras díspares em meio à crise da COVID19?

   A pandemia do COVID19 avançou rápido e ultrapassou fronteiras, junto dela surgem diversos problemas: sanitários, empregatícios, monetários, psicológicos, sociais, criminais, etc., porém, com este texto busco responder algumas perguntas acerca de como as autoridades produzem as normas para regular esta situação tão complexa, quais os fundamentos jurídicos para tais e os desdobramentos destes atos normativos.
     A quem cabe produzir as normas que irão regular as novas relações que se apresentam? Que caráter terão estas normas? Por quê precisam existir regras federais, estaduais e municipais? A qual devo obedecer? São algumas das dúvidas que procuro responder nas próximas linhas.
     Para entendermos quem é o responsável por elaborar essas regras devemos olhar primeiro para nossa lei suprema: a Constituição Federal. Em seu artigo 23 ela indica que é de competência comum à União, Estados e municípios cuidar da saúde e assistência pública, tendo em vista que a preservação destas é um direito fundamental de todos e deve absorver os cuidados das mais diversas esferas administrativas. A partir disso, surge o primeiro questionamento: se a competência é comum e todos podem editar normas, existem diferenças entre estas normas? Quais são elas? Bem, cabe aqui ressaltar que em um momento excepcional como este as medidas tomadas pelo poder público devem ser coordenadas, se complementando uma a outra, no sentido de melhor solucionar o problema presente, além de orientar a população com ações mais adequadas.
     De toda forma, do ponto de vista jurídico, cabe à União fixar normas gerais e aos estados e municípios restaria a competência suplementar, isto é o mesmo que dizer: as normas são organizadas de forma que a União forneça um norte, uma direção na qual irá se pautar a atuação do país e os estados e municípios atuem legislando de acordo com suas particularidades locais e nos pontos em que a lei federal é omissa. Sendo assim, se o Ministro da Saúde ou o Presidente da República determina uma medida, o meu prefeito é obrigado a segui-la? Como já exposto, o mais adequado neste contexto é que os entes atuem conjuntamente a par de determinações previamente estudadas e embasadas em critérios objetivos (científicos, econômicos, estatísticos).
     Ainda assim, podem surgir conflitos, tem-se então de analisar até que ponto as decisões administrativas federais não invadem a autonomia de cada ente federativo (União, estados e municípios), que é um dos pilares da organização do Estado. Acerca deste ponto, o STF se posicionou no último dia 15, no julgamento da ADI 6.341, no sentido de que as medidas do governo federal não afastam a competência concorrente dos entes.
     Diante de tantas incertezas como podemos saber qual regra a ser seguida é preferível? A fim de melhor esclarecer e fornecer uma certa segurança jurídica neste momento conturbado o Prof. Rafael Maffini aponta 3 critérios para definir qual norma é mais adequada e qual deve prevalecer no caso de conflitos entre normas produzidas para enfrentar a pandemia, são eles, em ordem: 1) aquelas normas que tem maior embasamento em evidências científicas e análises estatísticas; 2) aquela que tiver maior compatibilidade com as realidades locais e 3) a que prever maior restrição em prol da proteção à saúde1.
     São critérios objetivos e que poderão delinear a elaboração de normas daqui pra frente, posto que muitos dos primeiros atos normativos (leis, decretos, portarias), acabaram pulando algumas etapas em especial o debate democrático e pré-estudo técnico, o que é compreensível dado a urgência das medidas exigidas.
   Por fim, neste momento delicado em que vivemos são incontáveis as possíveis repercussões que esta pandemia irá trazer no Brasil, em especial no sistema jurídico, que terá grandes desafios pela frente e talvez inclusive modificando princípios para se adequar a nova realidade que apresentar-se-á. Não temos a certeza do que irá mudar, mas sabemos que muita coisa irá mudar. Estas mudanças exigirão menos antagonismo, disputas ideológicas, cooperação e humanidade.
     Um abraço a todos e até a próxima.

Texto de Igor Marcelo Blume. 

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Vendendo na pandemia


             Na semana passada relatei sobre um estudo que realizamos sobre o comportamento de consumo durante a pandemia. As informações interessaram a leitores que pediram por mais detalhes do estudo e segue aqui mais alguns resultados. Para quem não leu ou não lembra o texto da semana passada, a coleta de dados foi realizada no início do mês de abril, por email e perfil de professores e estudantes da FAHOR nas redes sociais, com 676 consumidores, de diversas faixas etárias, níveis de renda, escolaridade e locais de residência.
             Complementando os principais dados apresentados na semana passada, pode-se destacar os principais hábitos que as pessoas deixaram neste período de pandemia. 85% dos respondentes afirmam que deixaram de ir a bares e restaurantes e 80% informa que deixou de frequentar eventos sociais, incluindo encontros de família e amigos, cultos ou missas. Só estas 2 informações já mostram o quanto bares, restaurantes, promotores de eventos culturais, esportivos e de lazer estão precisando se “reinventar”, mas geram ainda um forte indicativo de que o comércio de roupas, calçados e acessórios que tem nestes momentos e nas trocas de estações, alguns dos mais fortes apelos para vendas, precisam identificar outras alternativas. 76,13% afirma ainda, que um dos hábitos que deixou, foram as idas ao centro da cidade e às lojas. Esta informação mostra o tamanho do público com potencial para venda on line e o quanto é importante que as lojas tenham em paralelo a abertura (física) dos estabelecimentos, soluções de venda on line e tele entregas.
35,35% das pessoas afirma que deixou de usar serviços como salão de beleza e barbearia e 33% indicou viagens e excursões como serviços cancelados ou suspensos neste período. A boa notícia para os setores de serviços, é que o restante não é indicado por uma fatia mais significativa como possíveis cancelamentos, ou suspensões.
              Os novos hábitos a partir da pandemia, podendo indicar mais de 1 opção também foram identificados e 57,54% afirma que passou a ter mais cuidados com a higiene pessoal, sendo que 54,88% diz que passou a limpar mais e com mais frequência as suas casas, enquanto 54,73% afirma que passou a higienizar mais alimentos e bebidas. Este conjunto de novos hábitos mostra oportunidades evidentes para produção e vendas de mais produtos de higiene e limpeza, como combos e kits de limpeza mais práticos e mais bem adaptados aos novos usos novos.
Cozinhar mais, com 51,63% e comer mais, com 51,18% estão entre as mudanças de hábitos mais frequentes e mostram oportunidades de vendas para mais equipamentos e acessórios de cozinha, gás, ingredientes, inclusive novidades nas linhas consideradas gourmets. Parte do público tem estas respostas combinadas com o hábito de assistir mais televisão, onde os programas e canais dedicados a culinária/gastronomia passaram a ter mais espaço. Empresas locais que vendem produtos destas linhas deveriam expor mais digitalmente e comunicar mais e melhor as suas ofertas.
Trabalhar em casa é um hábito novo para 41,66%, sendo que 40% passou a cuidar mais da casa e do jardim e 28% passou a concertar mais coisas em casa e na empresa. Este conjunto de novos hábitos permite entender que móveis como mesas e cadeiras novas, mais ergonômicas para trabalhar em casa tem aumentado a probabilidade de vendas. Equipamentos e acessórios para pequenos concertos e produções, do tipo faça você mesmo, assim como artigos que deixam a casa mais aconchegante, mais confortável e mais usual para todos que passaram a ficar muito mais tempo em casa, tem aumentado o potencial de vendas, e pode ser aproveitado por empresas que atuam no setor que anunciarem mais, principalmente nos canais digitais, de veículos locais.
          Ainda sobre os negócios locais, a grande queixa, é sobre os preços dos produtos. Na sequencia a variedade e disponibilidade e ainda o atendimento é uma forte justificativa para aqueles que compram fora de seu município. Estes e outros pontos desta e outras pesquisas são importantíssimos, com ou sem pandemia e precisam ser melhor geridos por aqueles que querem sobreviver e se desenvolver.
         Finalizo reforçando que as mudanças de hábitos do consumidor vão mostrando oportunidades de produção e vendas durante e após a pandemia. Algo que não muda é que quem quer vida longa aos seus negócios, precisa entender melhor o comportamento dos seus públicos.
                Um abraço e até a próxima!

sábado, 2 de maio de 2020

Consumo e hábitos na pandemia


                Há algumas semanas atrás participando de um grupo de empresários e executivos que discutem o que fazer para manter os negócios diante do distanciamento social, perguntei aos participantes se eles pudessem, o que perguntariam aos seus clientes e prospects. Com as questões propostas por eles e mais algumas, convidei uma colega e nossas turmas de estudantes e realizamos uma pesquisa com análise de comportamento de consumidor durante a pandemia.
Com os resultados da pesquisa, a pretensão é orientar empresários, executivos, profissionais liberais e autônomos para continuar vendendo bens e serviços para as pessoas que moram nos seus municípios e estão bem mais tempo em casa. Trago aqui alguns resultados gerais e algumas análises, que podemos seguir complementando nas próximas semanas por este espaço. Responderam a pesquisa nas duas primeiras semanas de abril, 678 consumidores de diferentes faixas etárias, diferentes faixas de renda, ocupações e municípios.
                Um dos resultados que chama a atenção é a disposição das pessoas para contribuir com as empresas locais. 32,1% dos respondentes afirmam que estão dispostos a deixar de comprar de empresas de outros municípios, para prestigiar as empresas locais. 30,8% está disposto a indicar os produtos e serviços das empresas locais para amigos e familiares. 28% quer comprar agora por telefone e internet, para entregarem nas suas casas. 6,6% se dispõe a comprar agora “vouchers” de serviços diversos para usar posteriormente.
                Quanto aos produtos que as pessoas têm interesse em comprar, mas atualmente não conseguem fazer isso sem sair de suas casas 11,14% dizem que gostaria de comprar comida e mantimentos sem sair de casa e não consegue fazer isso na sua cidade. 8,96% citam vestimentas, cama, mesa e banho e 8,44 citam calçados e acessórios como itens que não conseguem comprar sem sair de casa. Medicamentos, com 6,7%, móveis, artigos para o lar, e decoração, com 6,09%, eletrônicos e eletrodomésticos, com 4,96%, bebidas com 4,53%, materiais de construção, incluindo tintas, com 3,83% e cosméticos e perfumaria, com 3,48% são outros grupos de itens dos mais citados entre aqueles que seriam adquiridos de empresas de suas cidades, se houvesse como adquirir sem sair de casa.
                No que tange a serviços, a dificuldade de acesso durante o distanciamento social a serviços médicos, hospitalares, laboratoriais, assim como consultas e terapias aparece com 21% e os serviços de odontologia, foram citados por 15,93%. Os serviços de beleza/estética, com 12,69, os serviços de fisioterapia, fitness e bem estar com 12, 51% e entretenimento, cultura e lazer com 11,61% também são apontados como de difícil acesso durante este período. Serviços de manutenção como encanador, eletricista, pintor, instalador, manutenção de equipamentos eletrônicos, aparecem com 3% de citações com dificuldades de acesso neste período.
                Tanto na reinvenção do varejo quanto na prestação de serviços, os resultados mostram boas e  variadas oportunidades para negócios micro regionais apresentarem-se mais e melhor com vendas por telefone, on line e entregas domiciliares as pessoas que residem no município.
                33,83% respondeu que pelo menos 1 vez por mês faz alguma compra pela internet, sendo que destes, 7,69% tem frequência semanal. 28,25% diz que a cada 3 meses faz alguma compra pela internet, sendo que apenas 10,80% afirma que nunca compra pela internet. Isto também quer dizer que o morador destes municípios já está habituado em boa parte a comprar pela internet, mas precisa que os negócios locais, que ele conhece e confia, estejam lá também, com acesso bem divulgado e em condições de entregar na casa dele. Pensando na micro região, certamente a entrega pode ser feita  com maior rapidez e confiabilidade.
                Na próxima semana podemos trazer mais informações sobre os hábitos de consumo neste período de exceção, mas o resultado mais importante talvez já se sabia, que é a necessidade de rever vários pontos, acelerar a inovação, para continuar vendendo, atendendo, atraindo a atenção, mesmo que o cliente e o prospect não puderem sair de casa.
                Verifique se os seus serviços, amigos profissionais liberais e autônomos, ou a organização em que você trabalha, é gestor, ou sócio, tem oportunidade para gerar mais conveniência, inovando em serviços agregados e entregas, se aproximando mais e facilitando a vida de outras pessoas.
               Um abraço, desejando dias melhores!

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