Preparação para o
retorno, plano da volta, retomada, recomeço, volta ao normal, novo normal, e
outras expressões nesta linha estão presentes nas discussões, falas e textos dos
últimos meses e sobre as mais diversas atividades como futebol, esportes,
clubes, turismo, fronteiras, voos internacionais, casas noturnas, teatros,
cinemas, shoppings, bares, restaurantes... e também sobre as escolas,
novamente, por último.
É no
mínimo curioso acompanhar as defesas da volta do futebol e agora da volta do
público aos estádios, abertura de bares, cinemas, teatros, casas noturnas... na
sequência de comentários e opiniões temerárias a abertura das escolas. As
discussões estão na imprensa, com comentaristas, entrevistas com autoridades,
mas não são somente estes que priorizaram o retorno das atividades de lazer e
entretenimento, deixando o ensino por último. São 7 meses de escolas fechadas e
para o retorno as informações são de falta de tempo e condições para completar
os planos de contingência, adaptações aos protocolos, aquisições de utensílios
e equipamentos, preparação de professores, técnicos, estudantes e famílias. Em
outras palavras, a mobilização social pela abertura das escolas tem sido bem
aquém dos movimentos pela volta do futebol, casas noturnas e outras.
A bola
rolava na TV e as unidades fabris, o comércio e a prestação de serviços, lutavam
para se manter abertos, e até hoje seguem temendo cada troca de bandeira. Não
parece ser o mesmo sentimento de quem atua nos negócios relacionados com 1ª
divisão do futebol brasileiro, por exemplo, há tempos em atividades, com
anuência e apoio da imprensa, sociedade e autoridades. Os cinemas e teatros, em
tempos diferentes em cada região, retomaram o funcionamento devido ao trabalho dos
grupos de apoio a cultura. Há algumas semanas as autoridades discutem com os
representantes de casas noturnas os protocolos para o retorno das atividades
normais, tendo iniciado pelos que oferecem apresentações de bandas incluindo um
lanche. Cultos e missas tiveram retorno da presencialidade nas últimas semanas,
assim como os esportes ao ar livre de praticamente todas as modalidades. O funcionamento
das escolas é que vai ficando por último...
Na
condição de apreciador de vinhos tintos finos (com bastante resveratrol),
cervejas artesanais, chocolate ao leite e cafés especiais, tenho preferido ler
as pesquisas científicas que mostram o quanto o consumo na dose certa destes
produtos contribuem com a saúde. Lembro assim que pesquisas científicas,
depoimentos de profissionais, argumentos para defesas dos setores, escolhas de prioridades
tem numa certa variedade e não por acaso, cada um de nós escolhe aqueles números
e evidências que corroboram com sua defesa e enaltecem seus argumentos. Isto
posto, enfatizo que meu propósito não é discutir qual o momento de retornar
cada atividade, mas compartilhar com os amigos leitores a constatação de que
novamente o ensino ficou por último. E novamente pela vontade do conjunto da
sociedade, não somente por responsabilidade das autoridades constituídas que
respondem pelo setor. A repercussão na mídia, nos decretos e nos anúncios são
boas evidências da prioridade pelo entretenimento, deixando o ensino em planos
inferiores novamente.
Quando
começou a ter condições de segurança para volta de atividades, esta deveria ser
gradual. Quais atividades deveriam ser priorizadas em atenção, investimentos,
mobilização?
Eu
gostaria de viver numa sociedade que pudesse priorizar o ensino com mais
frequência. Não é racional esperar que uma sociedade que prioriza o
entretenimento acima do ensino e das atividades produtivas, tanto em atenção e
planejamento, quanto em investimentos e preparação, possa superar o
subdesenvolvimento e a consequente dependência dos países desenvolvidos.
Um abraço e até a próxima!