segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Maturidade X responsabilidade


A virada do ano, o fim de um ciclo para o início de outro, quando bem utilizada é uma excelente oportunidade para rever decisões pessoais, planejamento, convicções e responsabilidades. O tempo vai passando, a maturidade vai aumentando e as responsabilidades também.
A maturidade e a responsabilidade aumentam com o avanço da idade, sim, mas de um determinado nível em diante, não necessariamente se desenvolvem de forma harmônica. Culpar a outro e a si mesmo é uma evidência de falta de maturidade, que nem sempre se percebe e está intimamente ligada ao nível de responsabilidade desenvolvido.
Conforme vamos crescendo, perdemos conforto e segurança, mas ganha-se mais liberdade. O passar dos anos exige pegar nas rédeas da própria vida seja para sustentar as necessidades básicas, ou laços emocionais, saúde, negócios e outros. A maneira como cada qual aprende e administra o crescimento e o amadurecimento faz muita diferença para encontrar a solução e não os culpados. Tomar decisões envolve as incertezas e o medo de errar, e é por este motivo, a insegurança, segundo os especialistas, que tende-se a procurar motivações externas que justifiquem os erros, gerando então, a culpa. Parece que a frustração exige um culpado.
Cada um pode analisar seu nível de maturidade diante de situações que exigem algum nível de responsabilidade, diante dos obstáculos do caminho, como algo que não fez, uma chamada de atenção dos pais, ou dos superiores no trabalho, ou um feed back de parceiros ou amigos. Sem refletir, deixando-se levar pelas emoções, a culpa é uma espécie de neon, que de repente se acende e parece fácil transferir a responsabilidade.
Culpar alguém ou a nós mesmos pelo que acontece, evidencia a concentração nas emoções e atitudes negativas, com uma invasão de raiva e frustração, tristeza ou rancor, que paralisa e deixa infeliz. No entanto, quem supera as emoções negativas e segue em frente, percebe que, em vez de procurar um culpado, há atitudes muito mais úteis e produtivas a fazer, como tomar medidas que contribuam com a mudança de situação. Procurando soluções, evidenciamos a nós mesmos uma mensagem de que, se algo der errado, buscaremos uma solução.
“Vamos nos preocupar mais em ser pais do nosso futuro do que filhos do nosso passado.” – (Miguel de Unamuno, escritor e filósofo espanhol). É natural se responsabilizar por um resultado que não foi bem o que era esperado. Detectar as falhas e buscar a correção para obter o resultado desejado na próxima vez é o mais produtivo e saudável a fazer. Martirizar-se por isso não contribui para a produtividade e nem para a saúde física e mental. Reconhecer as falhas para fazer ajustes é o jeito mais fácil, mais racional e mais inteligente de não repetir o fracasso. Todavia, nutrir sentimentos de culpa é uma autopunição psicológica que não vai contribuir com nada.
Culpar-se é uma forma de se punir, atribuir a culpa a terceiros é uma forma de se isentar do resultado negativo e, tanto uma quanto a outra são meios de nutrir sentimentos negativos que, enquanto perdurarem, não permitirão que se conserte o que deu errado. “Não há nenhum problema tão terrível que você não pode adicionar um pouco de culpa e torná-lo ainda pior.” (Bill Watterson, escritor e cartunista, estadunidense, autor de tirinhas como Calvin).
As emoções negativas são inevitáveis, mas quem procura soluções ao invés de culpados, percebe que elas são reflexos do passado e devemos continuar avançando, corrigindo rumos, em busca dos objetivos.
Este texto está baseado na tradução e adaptação do conteúdo do site http://lamenteemeravigliosa.it e o intuito de trazer um trecho para cá, foi propor uma mudança de sintonia para aceitar que erros acontecem e que toda e qualquer ação está sujeita a falhas. Para que as emoções mudem é preciso parar de culpar os outros e a si mesmo, focando a busca por soluções.
             Desejo um Próspero 2020 a todos os amigos leitores!

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Mais chances de sucesso para 2020


            O ano vai findando e ao mesmo tempo que nos angustiamos com os objetivos não alcançados de 2019, vai se criando expectativas, desejos e planejando 2020. Em meio as dificuldades de um período ou outro, sempre tem um grupo que se destaca positivamente. O que estas pessoas fazem diferente dos demais?
        Considerando leituras, relatos e pesquisas, resgato aqui algumas características daqueles que superam as dificuldades pouco afetados pelo cenário externo inóspito. Comemorar as conquistas, independente do tamanho, parece ser um dos hábitos do grupo que se diferencia. Todo avanço gera um mérito em quem participou dele e os neurocientistas vem afirmando que para vencer mais é preciso habituar o cérebro e o corpo a receber recompensas pelos esforços realizados, antes de mais uma carga de compromissos e trabalho. Assim, é possível ter mais energias para buscar conquistas mais difíceis.
                Ser bem-sucedido, embora em diferentes pontos de vista e situações, é o desejo da maioria das pessoas, porém, uma parte apresenta dificuldades para alcançar uma condição onde elas mesmas se sintam bem sucedidas. Ou seja, ser bem sucedido começa com sentimentos, passando pelo modelo mental, atitudes e ações. Segue alguns lembretes para melhores resultados em 2020:
- Planejar sempre - Estabelecer objetivos para o ano e criar planos de ação para conquistá-los, é um hábito dos mais importantes. Buscar mais organização, ter disciplina e preparar-se para não permitir que os obstáculos que certamente que surgirão, gerem desmotivação.
- Procurar conhecer novas pessoas – A zona de conforto é bom, como a expressão já diz, mas conviver e estabelecer relações com pessoas que de alguma maneira, possam ensinar algo novo gera crescimento e aprendizado. Cortesia, simpatia, respeito, cordialidade abrem portas que serão novas possibilidades para o presente e futuro.
- Comemorar conquistas – Reforçando o exposto, as conquistas, mesmo que pequenas, representam avanços, que exigiram esforço físico, emocional e mental. Melhores resultados a cada etapa concluída dos objetivos perseguidos são uma oportunidade para comemorar e recompensar mobilização física, mental e emocional. É muito importante também valorizar as conquistas de quem está próximo, o que fará muito bem tanto para você quanto para os outros.
- Ser confiável – É fundamental agir de forma a ganhar a confiança das pessoas. Não é necessário ser o melhor em tudo o que se faz, porém é importante cumprir tarefas e prazos, pois pessoas comprometidas inspiram confiança e seriedade. Observando estes pontos, é possível melhorar as relações pessoais e profissionais, que são chaves para manter e expandir negócios.
- Evitar que o trabalho tome conta da sua vida – O equilíbrio é fundamental em tudo na vida, principalmente para o sucesso e por isso, o tempo do seu dia também deve ser dividido equilibradamente. É fundamental gostar do trabalho, mas não é saudável deixar de exercitar-se, cuidar da saúde, curtir a família e os amigos, pois quando o stress começa a aumentar a presença em todas as áreas da vida, tudo fica mais difícil e desgastante, podendo atrapalhar muita coisa.
- Buscar adequar-se às várias e diferentes situações – Quando estiver com a família e amigos, é preciso curtir e valorizar a companhia das pessoas queridas. Quando estiver no trabalho, é preciso colocar toda a energia produzindo eficazmente e sendo pró-ativo. Fazer as coisas pela metade, ou mais ou menos, vai atrapalhar tanto a vida profissional, quanto a vida pessoal. A busca pela excelência pode ser feita no trabalho, na família e com os amigos. Aproveitar cada momento para fazer o que tem que ser feito, é um dos segredos das pessoas mais admiráveis e também das mais produtivas.
- Os resultados são consequências – Ser feliz, ter mais dinheiro, mais saúde, são sempre consequências do que se faz ou deixa de fazer. É preciso encontrar aquilo que te motiva, pois quando isso ocorre, a pessoa levanta da cama feliz pelo que fará naquele dia. Só é possível fazer muito bem, aquilo que se ama fazer e os melhores resultados serão obtidos com as coisas que se faz muito bem.
                Desejando uma excelente preparação para 2020, deixo um abraço e até a próxima semana!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

O roubo do tempo


                Para os ocidentais, o fim do ano se aproxima e com ele mais festas, férias e o tempo de encerrar um ciclo. Para alguns uma oportunidade de fazer um balancete das realizações do período e os planos para os próximos 12 meses, com análise dos motivos pelos quais não foi possível alcançar determinados objetivos e quais os propósitos e metas para o próximo ano.
Nas conversas com os colegas e amigos a sensação é de que o ano passou “voando” e que faltou tempo para muitas coisas. Racionalmente este ano tem o mesmo número de dias, horas, minutos, do ano passado e anteriores, então, não será o tempo que permitirá fazermos melhor e alcançarmos o que queremos para o ano que vem.
           A falta de tempo é mais uma percepção, ou sensação gerada, o que deveria ser um alerta sobre a baixa produtividade diante dos compromissos assumidos e os desejos. A baixa produtividade pode ter inúmeros motivos, mas há que se considerar que por vezes assume-se mais compromissos ou tem-se mais desejos do que a capacidade produtiva permite. Depois de entender melhor o equilíbrio na relação volume de compromissos e desejos X capacidades, é preciso analisar outros aspectos. É preciso saber que a indecisão e a incerteza sobre as escolhas possíveis, as alternativas, os caminhos, são verdadeiras ladras do tempo!
          A crescente quantidade de e-mails a serem lidos e respondidos, as redes sociais, o telefone, atividades dos diversos grupos, grupos e clubes que vamos ingressando, dentre outras, vai aumentando a disputa pelo tempo, que parece desaparecer. Há cada vez mais frentes para dar atenção, que nos obriga a fazer tudo mais rápido, podendo reduzir a qualidade e aumentar a sensação de que o tempo passou muito rápido. Cuidar da saúde, lazer, exercícios, falar com amigos, relacionamentos, estudos, leituras, novos projetos, um novo trabalho, vão ficando para depois, até gerar consequências que geram arrependimentos.
         Os pesquisadores da neurociência, vêm mostrando dentre outras, que o nível de certeza do caminho a ser tomado e o nível de indecisão sobre os mais diferentes temas fazem grande diferença em nossas vidas. Segundo eles, quando o cérebro não tem tanta certeza sobre as decisões tomadas, o corpo não libera a mesma quantidade de hormônios que liberaria se soubesse exatamente para onde está indo e os motivos pelos quais está se fazendo aquilo. Por este motivo, investir tempo para definir exatamente os motivos pelos quais está se tomando cada decisão e fazendo cada atividade, bem como os resultados esperados, contribui preparando a mente para alcançar o que se quer. Simplificando, identificou-se que o cérebro coordena o corpo para ter mais vontade e energia para fazer tudo o que estamos com a certeza de que é o melhor a ser feito!
           Observe como as pessoas ao redor gastam tempo, quando surge uma indecisão e o quanto esta situação atrapalha a produtividade! Diante de muitos afazeres, os pesquisadores mostram que o cérebro tende a escolher o que é menos complicado, pois o instinto de sobrevivência manda economizar energia e não sofrer com problemas. Assim, por muitas vezes acaba-se fazendo aquilo que é menos importante, afastando ainda mais dos resultados desejados. Em outras palavras, inconscientemente, não conseguimos ir atrás do que realmente precisa ser feito.
          Com indecisão e sem destino definido muitas pessoas chegam ao fim do dia, ao fim da semana, ao fim do ano... cansadas e frustradas com a sensação de que o tempo passou, foi cansativo e pouco se realizou. Ás vezes percebe-se nos colegas e em pessoas da família esta situação desagradável, que também ocorre conosco. Procure investir mais tempo em ter a certeza das decisões a serem tomadas, reduzindo o nível de indecisão e aumentando a produtividade. Da mesma forma, é fundamental reduzir significativamente o nível de incerteza sobre o que está ao seu redor e no seu dia-a-dia. E lembre-se que não existe perfeição, pois as coisas serão melhores a partir de decisões firmes, de atitudes positivas e da energia que se coloca na busca dos objetivos.
          Desejando mais tempo para viver bem e com mais produtividade, deixo um abraço e até a próxima semana!

Cansado do ruim por que é ruim


Preciso confessar aos amigos leitores que estou cansado de ouvir que tudo é ruim, porque o Brasil é ruim! Não é só pelas discussões intermináveis, chatas, desmedidas entre fãs de Bolsonaro e de Lula, pois ouço e leio gente de diferentes níveis de escolaridade reclamando e destacando tudo o que tem de ruim no Brasil há muito tempo. Estou cansado disso! E você, como se sente?
Independente do governo, Sarnei, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula, Dilma, Bolsonaro, sempre houve uma avalanche de críticas, onde parece que tudo é ruim, sem destacar as coisas boas e levando a uma crença coletiva de que o Brasil é ruim. Estou cansado também porque os anos estão passando muito rápido, e este tipo de discurso, crença e práticas não constroem nada e nem apontam como melhorar. Um grande volume de problemas é conhecido e vem da cultura da nossa gente. Precisamos antes de muitas coisas, de mudanças de hábitos de muita gente independente da idade, da renda, dos níveis de escolaridade.
É construindo que mudamos as coisas para melhor! Críticas sem propostas de alternativas, sem mostrar que se consegue fazer melhor só destroem. O Brasil já provou todos os tipos de governos e governantes e o hábito de destruir parte do pouco que os antecessores fizeram de bom, nos trouxe a situação atual. Porque repetir ?
Podemos ver nas empresas, nas instituições, nas comunidades, nos municípios, onde as dimensões são menores, mais próximas, os resultados diferentes quanto há mais foco na critica e quando há mais foco nas proposições de melhorias.
Todos os grupos, pequenos como a família, ou gigantes como um país, se fortalecem identificando as adversidades externas e unindo-se internamente, assim como o contrário também é verdadeiro, ou seja, todos os grupos, independente do tamanho, se destroem ao tratar como adversário, ou inimigo quem está sob o mesmo teto, sob a mesma marca, mesma bandeira.
Ao dizer e escrever que tudo está ruim, sem apontar caminhos ano após ano, governo após governo, vamos reduzindo os níveis de estima da população, e do inconsciente coletivo, no país. Lembro da frase do professor James Heckman, prêmio Nobel de Economia em 2000, quando disse num evento no Rio de Janeiro que “O maior problema do Brasil, é a baixa auto-estima do brasileiro”. Algumas pesquisas corroboram com esta afirmação identificando baixos índices de auto-estima. Ou seja, o brasileiro médio não acredita em si mesmo e nem no país.
Agora, cá entre nós, com tanta gente dizendo e escrevendo tanta coisa ruim e errada por tantos e tantos anos, sobre nós e nosso país, como é que vamos ter auto-estima elevada?
 Será necessária muita energia, muito esforço coletivo para fazermos deste país algo melhor e nos próximos 15 a 20 anos. Considero este prazo, pois é o fim do bônus populacional na maior parte das regiões do país, onde a partir de então, haverá menos população em idade economicamente ativa. Com menos força de trabalho, há menos renda, menos tributos, menos investimentos internos.
Então vamos lá, gente, menos reclamação, mais ação! Vamos olhar para o “meio copo cheio”, ao invés de focar no “meio copo vazio”. Se os governantes atuais fizerem um mau governo novamente, como tantos outros, quem vai seguir pagando a conta, querendo uma vida melhor somos eu e você que trabalhamos muito, geramos muitos impostos, e que infelizmente não vemos o retorno proporcional.
Vamos agradecer a Deus pelo que temos e usar isso para construirmos. Que Ele nos dê força para mudar o que pudermos e paciência com o que não pode ser mudado. Sejamos gratos também aos que nos antecederam por terem deixado o que conseguiram, para podermos seguir em frente!
Um abraço e até a próxima!


Risco de se tornar irrelevante



       Seguindo a reflexão sobre estudo e trabalho, compartilho hoje a preocupação pelo fato da onda gigante de novos conhecimentos, tecnologias, exigindo novas habilidades, atitudes e competências, sem precedentes na história. Há um jeito novo para ver, sentir, entender e agir para quase tudo e por outro lado, um contingente de pessoas desistindo de estudar, exatamente quando se precisa estudar para o resto da vida.
Uma das mudanças mais prováveis em relação ao trabalho e estudo do foco e esforço para fugir da exploração da mão de obra barata, que coloca em risco a saúde, a integridade e a vida, daqueles que tem pouca instrução, para o esforço em evitar que um contingente de pessoas que deixa de estudar fique irrelevante e seja ignorada pelos meios produtivos e econômicos. Nas próximas décadas um número cada vez maior de pessoas sem instrução e qualificação profissional, corre grande risco de ficar fora dos interesses por mão de obra, que já não será necessária em tanto volume e portanto sem produzir renda para si e para suas famílias.
Com o processo acelerado de automação de atividades insalubres, perigosas, repetitivas, pesadas, desgastantes, a redução do volume de vagas para mão de obra com baixa instrução é inevitável. Sem trabalho, este público tende a depender mais de programas sociais governamentais e filantropia. Ou seja, o risco dos que tem pouca instrução, sem competências específicas, ao invés de ser “explorados pelos poderosos” está sendo substituído pelo risco da irrelevância, desconsideração e ignorância pelos novos sistemas produtivos. Precisamos de uma grande mobilização para reverter os índices de evasão do ensino fundamental e médio, além de incentivar a educação profissional de nível técnico e superior qualificados, não somente para terem diplomas, mas terem mais condições de contribuir com a tecnologia e inovação no setor produtivo e estarem inclusos de forma mais completa na sociedade.
O ensino superior está mudando de um modelo disciplinar, para um modelo por competências, também em função dos desafios impostos pelo cenário de mudanças. Destaca-se também, que a diferença da renda e qualidade de vida de quem tem ensino superior, para quem não tem, segue aumentando. Embora no Brasil, a diferença salarial seja em média 4 vezes maior de quem tem ensino superior para os demais, segundo o IBGE, o professor Luis Alcoforado, da Universidade de Coimbra (Portugal) afirma que em todo o planeta “as pessoas que têm curso de graduação têm, a longo prazo, maiores retornos financeiros, além de ficarem menos tempo desempregadas. Alcoforado diz ainda que “Se nós, na Europa, temos metas ambiciosas para aumentar a frequência dos jovens neste nível de ensino é porque acreditamos que este investimento tornará a sociedade mais democrática, mais justa, melhor”.
A formação superior num curso e instituição de qualidade faz ainda mais diferença na vida das  mulheres, influenciando decisivamente na empregabilidade. A inserção no mercado de trabalho das profissionais com formação superior chega a 82%, taxa muito superior à observada entre as mulheres que têm apenas o ensino fundamental completo, que é 45%. Entre os homens, essa diferença também se observa, porém, numa proporção um pouco diferente, pois os indicadores são de 89% e 76%, respectivamente. (OCDE, 2019)
Apesar estar crescendo nos últimos 20 anos o número de pessoas entre 25 e 34 anos com ensino superior, o Brasil ainda tem a menor proporção de pessoas diplomadas entre todos os países da América Latina. Em média, no continente, para cada ano a mais de estudo, as pessoas têm um incremento de 10% na renda. Por esse motivo, o ensino superior continua sendo o principal mecanismo de mobilidade social, de acordo Francisco Marmolejo, do Banco Mundial. O especialista ainda afirma que “As pessoas com estudos superiores também valorizam mais a democracia, a saúde, o meio ambiente. Além disso, também são mais tolerantes. É o melhor investimento que uma família, uma sociedade pode fazer”.
Precisamos que mais gente entenda isso em nossas comunidades!
Um abraço e até a próxima!

Estudar e trabalhar é bom!


                Foram várias e boas as repercussões sobre o texto da semana passada em que provocamos a reflexão sobre algumas ideias erradas que foram se disseminando ao longo de décadas em nossa sociedade, com destaque para o equívoco de que trabalhar é ruim.
                Estendo a reflexão para o texto de hoje, considerando a necessidade de contrapor algumas ideias e mostrar que estudar e trabalhar faz bem para as pessoas e para a sociedade, onde uma boa parte passou a entender que contribuir no mínimo 20 anos para a previdência é muito, mesmo com a expectativa média geral de vida alcançando os 90 anos, que se aposentar o quanto mais cedo possível é o melhor a fazer, dentre outras. A ideia de que trabalhar é ruim também se reflete no número daqueles que se dedicam anos à estudar para aprovação concursos públicos, focando em planos de carreira com licenças generosas, aposentadorias precoces e valor garantido até o fim da vida, bem como no número de pessoas que não faz muito esforço, nem questão de ter mais renda formal, para não perder benefícios sociais.
                A população ocupada de um modo geral é baixa em vários dos municípios inclusive ao nosso redor, onde alguns têm apenas 9% de população ocupada, somando empregados na iniciativa privada, órgãos públicos, sociedade em empresas, profissionais autônomos e produtores rurais. Os municípios com maiores índices alcançam 40% da população ocupada e estes tem uma grande diferença nos indicadores sociais, qualidade de vida e renda, conforme já escrevemos aqui no início do ano.
             Embora a taxa de desemprego esteja baixando há vários meses consecutivos, com a economia se recuperando, muitas outras variáveis estão presentes e a recuperação está bem mais lenta e bem mais tarde do que gostaríamos e precisaríamos. Dados do CAGED mostram claramente que o desemprego é maior entre aqueles que possuem pouca qualificação profissional, ou seja, não tem um curso técnico, nem superior de qualidade concluído. Ao analisar o desemprego por segmento, é possível verificar que quem tem uma qualificação profissional concluída, tem menos chance de perder o emprego e quando ocorre, leva menos tempo para se recolocar. Isto porque devido ao alto custo dos encargos trabalhistas, riscos de acidente, absenteísmo por motivos diversos e outros, as empresas estão investindo em automação dos processos que exigem mão de obra operacional (braçal) que antes eram realizados por pessoas com baixa qualificação profissional. Por outro lado, há muitas vagas de emprego abertas em posições que exigem conhecimento técnico de nível médio ou superior.
Algumas ideias erradas fazem a evasão escolar alcançar níveis inacreditáveis para um país que precisa se desenvolver. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua – IBGE, 2016) mostra que 62% dos jovens de até 19 anos deixam a escola sem concluir o ensino médio e que 55% nem concluiu o ensino fundamental (até o 9º ano). 11,2% da população de 25 anos não tem qualquer grau de instrução concluído. O Brasil passou nos últimos anos rapidamente de 8 para 15% da população com ensino superior, porém, boa parte do crescimento não tem qualquer contribuição a qualificação profissional, por ser fruto da venda de diplomas baratos, de cursos que não precisa estudar. Apenas 0,0003% da população tem mestrado ou doutorado, sendo 60 mil mestres e 20 mil doutores, para 210 milhões de habitantes.
         Sem instrução qualificada da população será muito difícil reverter o quadro de desemprego, pois as empresas precisam de mão de obra de nível técnico e superior, para desenvolverem novos produtos e tecnologias. Precisamos difundir a ideia de que trabalhar é bom, e mais ainda, a ideia de que estudar é bom e é preciso, pois não há outro caminho para transformar vidas e realidades!
Um abraço e até a próxima!

Ideia errada!


          
           As sociedades evoluem quando a maior parte é influenciada por ideias positivas, que no seu conjunto melhoram as condições de vida de todos. Em alguns grupos o desejo de poder infelizmente faz com que a influencia ideológica e a busca de benefícios ao seu grupo tenha mais ênfase do que a busca do que é melhor para todos. Com isso, ideias equivocadas vão ganhando força e se constituindo em conceitos.
Alguns grupos de influencia, no afã pela busca do poder, plantam ideias equivocadas que por parecem boas ao indivíduo, atraem a simpatia e ganham massas de adeptos que desejam vantagens pessoais, em detrimento do coletivo, e escondem irresponsavelmente resultados nefastos para o conjunto e o futuro da sociedade. Ao percorrer a história é fácil verificar que a influencia de ideias erradas geraram conceitos que as fizeram sucumbir. Muitas destas ideias equivocadas estão entre nós, e é a elas que atribuo a maior parte das dificuldades e das barreiras que transformam o país do futuro, numa expectativa frustrada.
Uma destas ideias é de que trabalhar é ruim, que quem trabalha seja como empregado, ou empregador é vítima, é sempre explorado e sacrificado, e que o Estado deve prover a vida do cidadão com alimentação, segurança, abrigo, saúde, educação, cultura e lazer. Ao longo da história sabe-se que quem deseja o poder sem medir consequências ao conjunto e ao futuro da sociedade, terá sucesso quanto mais pessoas dependentes do Estado houverem.
Como consequência desta ideia muito equivocada de que o trabalho é ruim, temos no Brasil:
- mais pessoas querendo se aposentar cada vez mais cedo;
- cada vez mais pessoas buscando concursos públicos na expectativa de aposentadoria cedo e bem remunerada até o fim da vida;
- um grande número de desempregados por desalento, ou seja, nem procuram mais vagas;
- uma grande evasão escolar no ensino fundamental, médio e superior, de jovens que param de estudar muito cedo, ficando ainda sem trabalho, ou então, mais tarde, com trabalho precário e de baixa renda;
- muitas vagas ociosas em cursos técnicos e superiores pagos e gratuitos em todo o país, mesmo tendo um déficit de técnicos e estando o País incrivelmente longe dos 30% da população com ensino superior que países com desenvolvimento social razoável apresentam;
- um grande número e crescendo, de vagas de estágio não preenchidas por falta de estudantes em cursos presenciais e de qualidade, e vagas de emprego em diversas áreas, bem remuneradas como tecnologias, engenharias, e outras, de nível técnico e nível superior não preenchidas por falta de profissionais formados e qualificados;
- um grande número de aposentados com pouca idade para os dias atuais, que poderiam seguir contribuindo com sua experiência, conhecimento e energia, mas param de produzir e passam a ser sustentados pela previdência pública;
- um grande número de aposentados que ao parar com as atividades profissionais tornam-se sedentários, ficam mais em casa, passam a ter mais problemas de saúde mental, emocional e física;
- ... (inclua aqui outros pontos que você também percebe).
Assim, não deveria ser difícil entender que quanto maior o número de desempregados, desalentados e aposentados tivermos em nossas comunidades, mais difícil é para o pequeno grupo que sobra para trabalhar e produzir, gerar o suficiente em tributos para o Estado sustentar vida digna a todos.
Quem trabalha tende a se manter saudável física, emocional e mentalmente, por vários motivos, que vão desde programas que a própria empresa, pública ou privada oferece aos colaboradores, passando pela motivação dos grupos de colegas de trabalho, a necessidade de sair de casa, encontrar pessoas, atender compromissos, seguir regras, e principalmente, a sensação de se sentir útil a sua comunidade, e à sociedade, além de produzir renda para si, para sua família, receitas para a organização que integra e tributos para o Município, Estado e País.
Trabalhar é bom e faz bem! Precisamos difundir esta ideia, gente!
Até a próxima!

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Encare a realidade das organizações

        O texto da semana passada provocando a reflexão sobre a motivação ou direção das pessoas nas organizações gerou bons feed backs, instigando a sequencia do assunto por outros desdobramentos. Um dos desdobramentos é saber encarar a realidade do mundo do trabalho e das organizações.
        Por vezes demonizado por questões ideológicas, o mundo do trabalho e das organizações é, por outro lado, excessivamente romantizado. Encarar a realidade é ter presente que não é um extremo, muito menos o outro! Para vivermos bem e prosperar no mundo do trabalho é preciso encarar com racionalidade as realidades. O trabalho tende a proporcionar satisfação, orgulho, mantem o corpo e a mente ativa e saudável, em função das pessoas se sentirem uteis e cumprirem com um propósito na sociedade gerando renda para si, para outros, e tributos para a comunidade. Por outro lado o compromisso que se espera das pessoas nas organizações, vem de uma pequena parte, de quem tudo depende. 
         Uma pesquisa do Instituto Gallup, mostra que 57% dos trabalhadores não está comprometida/engajada com o seu trabalho, ou seja, embora tenham potencial produtivo, não se sentem conectados com a empresa e nem colocam muita energia no desempenho de suas funções, se tornando mais propensos a perder horas e dias de trabalho pago pela organização. Para piorar o estudo mostra que 21% das pessoas está ativamente descomprometido, ou seja, seria muito bom se não fossem ao trabalho, pois deliberadamente não fazem o que devem ser feito e ainda acabam por desmobilizar outras pessoas da organização, por se sentirem infelizes, desmotivados, e minando o que os mais engajados fazem. Os 22% restantes são os considerados engajados, ou seja, pessoas que trabalham com paixão, comprometidos com a organização, com a marca, com os clientes, tendendo a produzir, inovar, atrair prosperidade, sustentando toda a organização.
         Esta é uma pequena demonstração da dificuldade de se liderar equipes e gerir negócios: contar com menos de ¼ de pessoas engajadas dentre aquelas que recebem salário, benefícios e custam encargos em sua equipe. Quem fizer uma análise precisa vai perceber que tirando os que não contribuem e atrapalham, os resultados vão melhorar.  
         Quando se entra para a liderança, “de cabeça”, querendo fazer uma gestão profissional, fatalmente se começa a entrar em certas áreas “cinzas” do mundo do trabalho e dos negócios. Por exemplo, passa-se a descobrir que muitas pessoas contratadas por você escondem a verdade, maquiam informações e números e que ao invés daquele engajamento que prometeram ao ser contratadas, estão negligenciando o atendimento ao cliente, a produção, o cuidado com a organização e com os colegas.
         Muitas vezes as dificuldades geradas em diferentes setores das organizações são fruto da falta de comunicação e de organização. Muitos executivos acreditam que são grandes comunicadores, mas isso não corresponde com a realidade, conforme suas equipes, onde parte atribui erros a falta de comunicação. É preciso que lideres e liderados encarem a realidade e não alimentem falsas expectativas. As pessoas querem e precisam ser ouvidas para receber a orientação correta e segura do que precisam fazer para alcançar os resultados necessários. Ao falar a verdade, a tendência é de se ouvir mais a verdade e isso precisa ser praticado nas equipes.
        O que motiva as pessoas é a busca do sucesso, da prosperidade, do reconhecimento. O medo só afasta, encolhe e inibe quem poderia fazer alguma coisa, além de ser a desculpa perfeita para quem não quer fazer nada. Quem atinge bons resultados é celebrado e naquele momento a pessoa é o centro da equipe. Para muitas pessoas este sentimento de ser bem-sucedido é muito mais estimulante do que para outros. É preciso aproveitar melhor estas pessoas e valorizar mais estes momentos. 
        Encare a realidade, de que as pessoas não precisam ser motivadas, os engajados precisam de direção e atenção para produzir mais e alguns outros, não vão mudar com as tentativas de motivação externas, enquanto não mudarem internamente.
Um abraço a todos e até a próxima!

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