sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Felicidade X produtividade X tecnologia


       Os produtos da tecnologia da informação estão cada vez mais presentes no cotidiano de cada vez mais pessoas, independente da idade. Sempre me impressiono ao saber do número de pessoas viciadas nisso ou naquilo, assim como na variedade de atividades com potencial para viciar muita gente.
Entender o vício na tecnologia da informação tem estimulado pesquisadores pelo mundo e uma delas é a jornalista espanhola Marta Peirano, que pesquisa o tema desde os anos 90 e recentemente publicou o livro “O inimigo conhece o sistema”. A autora descreve o cotidiano digital como um sequestro rotineiro de nossos cérebros, energia, horas de sono e até a possibilidade de amar.
A jornalista chama de “economia da atenção” o esforço das empresas de aplicativos por manter as pessoas conectadas por mais tempo, que se estimulam pela busca por um usuário novo, uma notícia nova, um novo recurso, alguém que fez algo diferente, que enviou uma foto, um vídeo, rotularam algo, ou alguém. Ficamos muito inquietos ao saber que tem 5 mensagens não lidas, 20 curtidas, 3 comentários, 8 compartilhamentos e ainda não fomos conferir. “As pessoas que você segue seguem esta conta, estão falando sobre este tópico, lendo este livro, assistindo a este vídeo, usando este boné, comendo esta tigela de iogurte com mirtilos, bebendo este drinque, cantando esta música..." estão determinando nossas escolhas, reduzindo nossas opções ao que os algoritmos identificaram que é a tendência para o segmento que nos enquadramos.
"O preço de qualquer coisa é a quantidade de vida que você oferece em troca", escreve a jornalista que mais adiante fala no condicionamento de intervalo variável, no qual você não sabe o que vai acontecer. “A cada ação nas redes sociais, postando, curtindo ou compartilhando você não sabe se receberá uma recompensa, uma punição ou nada, você fica viciado mais rapidamente. A lógica deste mecanismo faz com que você continue tentando, para entender o padrão. E quanto menos padrão houver, mais seu cérebro ficará preso e continuará, gera um vício especial, porque trata-se do que a sua comunidade diz, se o aceita, se o valoriza.” Lembrando que isso ocorre pelo esforço que cada um de nós faz para ser aceito e entrar nos grupos.
Ao circular por um ambiente com presença de crianças parece que uma criança sem tela fica entediada, quando na verdade, uma criança fica entediada e consequentemente irritada por falta de interação. “O vício é o mesmo, mas cada um o administra de maneira diferente, em geral dizendo que não é um vício, pois estamos nos atualizando e ficando mais produtivos. “Você não é viciado em notícias, é viciado em Twitter, ou viciado em seus amigos ou nos seus filhos cujas fotos são postadas, você é viciado em Instagram. O vício é gerado pelo aplicativo e, quando você o entende, começa a vê-lo de maneira diferente.” escreve Peirano.
As leis de proteção de dados mostram que estamos obcecados com nossos dados pessoais, fotos, mensagens, porém, o que interessa aos desenvolvedores e aos clientes deles é o valor estatístico que o seu (e o meu) comportamento gera, mostrando as empresas e governos o que tendemos a aceitar, gostar, rejeitar, compartilhar, e a partir daí vão direcionando informações, anúncios, notícias, dicas, para todos os seus perfis. Os dados estatísticos das suas atividades são vendidos primeiro para os anunciantes, depois para criar as previsões, lembrando que muito se fala na internet de “mercado de futuros.”
O problema mesmo não é o celular, não é a internet, pois todas estas tecnologias das quais dependemos são ferramentas para facilitar a vida contemporânea. O que Marta Peirano e outros estudiosos têm defendido é que elas não precisam da vigilância para funcionar, nem precisam monitorar nossa vida para prestar um serviço.
Finalizando, precisamos utilizar a internet, o celular, o computador para facilitar a vida, melhorar a produtividade, mas redobrar a atenção para o fato de que estamos ficando menos felizes e menos produtivos por estarmos viciados na tecnologia da informação.
          Um abraço e até a próxima! 

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Verdades sejam ditas


      “Verdade seja dita” é uma expressão popular e bastante utilizada, mas neste período da chamada pós verdade, onde os discursos, os textos, as afirmações mesclam verdades parciais e mentiras que convém, onde as fake news, atrapalham e atrasam a vida de quase todos, mais do que nunca, precisamos que as verdades sejam ditas, e mostradas de diferentes formas.
Embora possam ter milhões de seguidores e aumentando, os influencers que não estudaram, que não leem, parecem viver num mundo a parte, também parecem não se importar em propagar ideias que não condizem com a realidade, nem com a ciência, defendendo “fakes’ de todo o tipo, incluindo aquelas com consequências para a saúde física, mental e financeira das pessoas e das organizações. Quem se beneficia destas ações possivelmente são aqueles patrocinadores que ficam nos bastidores e não aparecem para não vincular sua imagem as ideias falsas e distorcidas. Verdade seja dita: para escrever, apresentar ideias é preciso estudar o assunto, ler mais, entender as consequências tendo responsabilidade sobre o que vai propor,  assim como para ensinar, é preciso aprender continuamente!
      O mundo não é dos espertos, escreveu Chico Xavier, é das pessoas honestas e verdadeiras, verdade seja dita, pois esta esperteza sem-vergonha, mais cedo ou mais tarde vira vergonha. Por outro lado, tempo faz a honestidade se transformar em exemplo. A malandragem, a esperteza corrompe os valores, a vida, a honestidade, a verdade enobrece a alma. Edgar Abbenhusen, escritor popular nas mídias sociais complementa, dizendo que o mundo é de quem pensa no quanto cada uma das suas ações e decisões podem auxiliar ou prejudicar alguém. Verdade seja dita, o mundo é de quem respeita os outros, não fura a fila, não tenta levar vantagem em tudo o que pode...  E de quem, antes de ser verdadeiro com os outros, é verdadeiro consigo mesmo.
    Verdade seja dita, os exemplos positivos, as pessoas que admiramos e reverenciamos mesmo muito tempo depois de sua morte é lembrado pelo seu legado e empresta nome as ruas, prédios, praças, parques, bibliotecas, e outros, além de serem fontes de inspirações e grandes ideias, nos mostrando que o mundo é das pessoas verdadeiras, honestas, capazes de ter empatia, entender e colocar-se no lugar dos outros!
       Se o mundo fosse dos espertos, não teria tanta gente retrocedendo... Nunca soube que malandragem desse futuro, nunca vi a pressa trazer perfeição e excelência, assim como nunca soube de trapaceiros que ficassem felizes por muito tempo. Então não inveje a esperteza dos tolos, que quase sempre leva a lugar algum. A terra que habitamos é dos sábios, inteligentes e corajosos. Sobrevive quem tem fé, quem arrisca, quem está disposto a aprender até com quem parece não ter nada pra oferecer... Que a vida nos ensine e que Deus nos surpreenda (Cecília Sfalsin)
     Verdade seja dita, o mundo é de quem consegue equilibrar os desafios, as necessidades e os desejos. O mundo me parece ser dos sábios, dos persistentes, dos responsáveis, das pessoas de fé.
     Abbenhusen termina uma de suas postagens dizendo que ouvimos: “ah, mas vejo muitos espertos se dando bem por aí” e ele responde: “e é exatamente por isso que o mundo sempre dá voltas completas e justas...”
     Verdade seja dita, aqueles que têm opiniões, frases, postagens, textos, vídeos verdadeiros,  honestos, baseados em fatos, números, estudos, ciência, não tem muito seguidores, nem chamam tanto a atenção, nem tem muitos patrocinadores, a moda é chamá-los de chatos, mas são cercados de gente verdadeira, honesta, sábia, de valor e que tem muito futuro. 
     Um abraço e até a próxima! 


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Escolhas da vida


         Para escrever, é preciso ler e bastante. Deveria ser assim para falar também e se fosse, talvez ouviríamos ideias e posicionamentos melhores. Palavras e ideias lidas melhoram a mente e também alimentam a alma.
         Deepak Chopra autor de muitos livros e artigos conhecido mundialmente, em parte de sua obra fala das leis espirituais do sucesso, onde uma delas é a “Lei do Distanciamento”. Para usar esta lei em nosso favor quando estamos em busca de soluções para os problemas que surgem, precisamos desapegar do profundo envolvimento com o problema. Quando ficamos muitíssimo envolvidos com um problema, temos uma compulsão pela solução que pode sair forçada, podendo não ser a melhor solução. Quando nos distanciamos, os problemas parecem diminuir de tamanho e as soluções parecem mais simples.
        Chopra diz que “Todo o problema representa uma semente de oportunidade para algum benefício maior. A partir do momento em que atingir essa percepção, uma série completa de possibilidades se abrirá, fato que manterá vivos o encantamento e a excitação.” É preciso abandonar o apego pelo que se conhece, pois busca-se soluções dentre o que já se conhece e que é sabidamente muito restrito, enquanto o que não conhecemos pode ter infinitas possibilidades.
      Os problemas abrem muitas possibilidades de reorganização, reestruturação a partir de uma situação nova. Uma boa solução pode abrir muitos horizontes até então ignorados. É sabido que quando se esta predisposto/a e preparado/a para as soluções, ao aprendizado, as boas coisas, vemos melhor as oportunidades. Esta situação, onde a oportunidade se encontra com a preparação/predisposição, que inclusive alguns chamam equivocadamente de sorte, é uma receita de sucesso!
      Deus nos permite decidir por tudo o que quisermos na vida e nos dá muitos talentos. Todavia, muitas pessoas infelizmente não pensam assim e acumulam reclamações sobre quase tudo que os rodeia. São pessoas que normalmente não conseguiram definir ainda o seu propósito de vida e isso as faz sofrer, assim como faz sofrer quem está ao redor. É comum ver gente admirada, ou até fantasiando sobre como determinada pessoa conseguiu isso ou aquilo. A primeira lição a ser aprendida é que quando alguém tem um propósito de vida claro e se prepara para este propósito, este alguém está alinhando as suas escolhas, as suas atitudes e a sua visão, ao propósito de vida, parecendo aos olhos dos outros mais fácil o caminho para chegar ao sucesso pessoal e profissional.
        É muito difícil alguém ser bem sucedido sem ter tido antes uma visão de futuro da sua vida alinhando as suas escolhas, preparação e atitudes para aquele foco. É preciso se conhecer muito bem, para estabelecer um propósito de vida e uma visão de futuro. Reconhecer e reforçar os seus talentos exclusivos tornando-se cada vez mais diferenciado nos meios em que você pretende seguir, é outra necessidade. Além disso, é preciso definir bem o que você pode fazer pelo outros. Perguntando “como eu posso servir”, “de que maneira eu posso auxiliar?” você verá muitas possibilidades de auxiliar os outros com o seu talento e a si mesmo, enquanto valor social, espiritual e consciência.
      É preciso lembrar sempre que a gratidão é poderosa em nossa vida e nos que estão ao nosso redor. Auxiliar verdadeiramente a quem precisa, também é uma forma de ser grato a Deus, a sua família e a sociedade, pela vida que temos.
         Um abraço e até a próxima! 


As pessoas do lugar é que fazem a diferença


          
       Quem me acompanha nas redes sociais sabe que passei alguns dias pelo interior dos municípios de Flores da Cunha, Pinto Bandeira, Bento Gonçalves e Alto Feliz vendo in loco o que pessoas de muito bom gosto, mas especialmente trabalhadores de pequenas propriedades, famílias empreendedoras no meio rural fazem tanto na sede destes pequenos municípios, quanto em suas localidades como Otávio Rocha, São Gotardo, Alfredo Chaves, Linha Jansen, Linha Jacinto Sul, Via Trento, Nova Alemanha, dentre outros.
       Porque fui nestes locais? - Pela indicação de muitos amigos e conhecidos, também por encontrar indicações positivas e boas avaliações dos produtos e negócios destes lugares, e ainda, porque como sabem, sou um admirador (e curioso) das iniciativas de desenvolvimento local e regional.
Um terreno extremamente acidentado, variando rapidamente entre 150 e 800 metros de altitude em relação ao nível do mar, solo rochoso e temperaturas que variam 20 graus num mesmo dia, nas 4 estações bem definidas, são algumas das características em comum destes municípios e localidades. É intrigante saber que os primeiros colonos foram atraídos para e ficaram neste locais, que por estas características, foram considerados inóspitos por expedições francesas e outras que séculos antes haviam passaram por lá.
Uma parte deste interior eu já conhecia, porém, a maior parte dos caminhos percorridos e locais visitados foi novidade e quanto mais adentrávamos ao interior, em meio a subidas e descidas de morros, mais ficávamos admirados com a quantidade de empresas produtoras de vinhos, sucos, bebidas destiladas, doces de frutas, embutidos de carne, queijos, móveis, máquinas e ferramentas industriais.
Especialmente Flores da Cunha, com quase que a totalidade das vias de acesso às mais distantes localidades, asfaltadas, com excelente acabamento, sinalização, sem buracos ou desníveis, garantindo segurança, conforto, orientação e assim atraindo e mantendo compradores, clientes, turistas, visitantes, consultores, vendedores, fornecedores de insumos, e especialmente, motivando os trabalhadores e empreendedores a permanecerem na localidade. É a descentralização do desenvolvimento econômico na prática, distribuindo melhor o transito, a geração de tributos, de resíduos e ruídos, ocupação da mão de obra, dentre outros.
Conheci somente por leitura, e ainda assim, poucos lugares em que as indústrias estão distribuídas quase que equitativamente ao longo do território, nas mais diversas localidades, como nestes municípios. Entre uma empresa e outra, entre a sede de uma localidade e outra, as propriedades rurais, tanto a área residencial, quando os espaços de cultivo, principalmente videiras, milho, pomares de frutas com destaque para o pêssego, chamam a atenção pela organização, cuidado, limpeza, gramados amplos e bem aparados, jardins floridos e bem cuidados, assim como os acessos, as casas, os silos, armazéns e abrigos para as máquinas.
O que tem aqueles lugares de diferente de tantos outros que convivemos, conhecemos e que gostaríamos que fossem assim? É uma pergunta que me faço há tempos, e é o que me motiva a visitar e revisitar, ler, estudar, tanto a história dos lugares, quanto as pesquisas realizadas a respeito do seu desenvolvimento. Até o momento, as respostas que tenho encontrado é de que são as pessoas que moram nestes locais que fazem tamanha diferença. Claro que as administrações municipais fizeram chegar o asfalto e a energia de excelente qualidade aos locais mais distantes das sedes, mas quem empreendeu, construindo fábricas, lojas e locais para visitação e compras, nos pés ou nos altos dos morros, agregando valor a produção de frutas da propriedade, e também a outros produtos a base de madeira, aço, fios, assim como cuida impecavelmente das lavouras, casas, instalações para animais e máquinas, estando ou não a primeira vista da estrada, foram as pessoas que moram lá e seus antepassados. Um conjunto que é fruto de um legado de amor pelo lugar e satisfação com o que fazem, plenamente demonstrado na capacidade de cuidar do que conquistaram, acolher muito bem a quem chega e buscar o melhor a cada dia.
Todo e qualquer lugar pode ser muito melhor, e só depende de mora lá!    
             Um grande abraço e até a próxima!

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Uma vida para se orgulhar no futuro!


         Uma frase que gosto de lembrar aos amigos que buscam conselhos, opiniões, é “Você faz suas escolhas e suas escolhas fazem você.”, de Steve Beckman. Esta ideia está presente em palavras bíblicas, mas também em provérbios chineses e ainda, em pensadores gregos. “A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.”.. e por aí vai.
       Diz-se que a felicidade está no equilíbrio. Portanto, fazer escolhas considerando o equilíbrio entre as possibilidades, pode levar mais facilmente ao que cada um considera felicidade. Ralph Marston lembra que mesmo as melhores coisas da vida podem deixar de fazer bem, quando são levadas ao extremo. Muita gente lida com aquilo que gosta como se mais fosse melhor, todavia, isso raramente é verdade. Veja por exemplo, que alguns dias no seu local preferido para as férias é ótimo, mas depois de vários dias os problemas começam a aparecer com maior volume e evidência.
Sabendo que para quase tudo em nossa vida existe um limite, é lógico que “mais” não significa “melhor”. Em sua publicação “Extremos”, Marston escreve que nem sempre estamos com o foco correto quando queremos mais, pois muitas vezes, na verdade, o que queremos não é mais do mesmo e sim, aquilo, melhor. Um exemplo, seria quando temos fome e comemos mais, na verdade, estamos precisamos é de comida mais nutritiva e/ou mais saborosa. Outro exemplo é quem já tem bastante e quer muito mais dinheiro, deveria lembrar que esse esforço seria mais bem investido se gastasse o que já tem com mais sabedoria. Outra situação clássica são aquelas pessoas que já são elogiadas por sua beleza e seguem fazendo tratamentos, cirurgias, e outros, mas precisam na verdade, de melhor estima, sabedoria e qualidade de vida, não de mais tratamentos de beleza.
No fundo, sabe-se que quem está constantemente buscando mais e mais, e mesmo assim nunca está satisfeito, é porque provavelmente nunca vai se satisfazer com aquilo. Para Marston, a intenção de conseguir mais é sempre uma resposta óbvia e simples, mas isso não significa que seja a resposta certa. É preciso substituir a busca incessante pela quantidade, pela busca da qualidade. Quando você se der conta de que está precisando ir ao extremo para conseguir mais, é preciso avaliar se não seria melhor mudar um pouco de direção, buscando coisas diferentes e melhores para sua vida. Experiências diferentes, desconhecidas até, são sempre aprendizado e isso pode ser melhor do que ter mais daquilo que você já conhece.
Uma vida rica é uma vida diversificada de condições, fatos, experiências, erros e acertos, fracassos e vitórias. A qualidade pode existir independentemente da quantidade, pois mais do mesmo, mesmo que seja de algo muito bom, não significa melhor. Ao invés de preocupar-se em conseguir mais para ser mais feliz, penso que o foco de todos os esforços deveriam ser na busca de uma vida da qual  possamos nos orgulhar no futuro. Investir toda e a melhor energia procurando o melhor para quem está próximo, e para sua vida, pensando no legado de sua passagem por aqui: o que ficará, para ser lembrado pelas pessoas, quando lembrarem de seu nome, por onde passou.
                Pense no seu legado! Um grande abraço e até a próxima!

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