sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Compreender X Ser compreendido

 


                Creio que uma grande angústia de muitas pessoas é o desejo de serem compreendidas. Hoje trazemos para reflexão alguns pontos que podem mudar as perspectivas e a satisfação na busca por ser compreendido em questões pessoais e profissionais.

                Imaginem um mecânico que dá a solução do problema do veículo sem fazer um diagnóstico, ou um médico que dá uma receita para um tratamento sem fazer qualquer exame. Quase ninguém confia em quem dá soluções sem diagnósticos, não é mesmo? Na comunicação entre as pessoas, esta situação é semelhante àquela tendência forte de “atropelar” os sentimentos das pessoas, dando conselhos sem a devida compreensão da situação. Esta atitude aumenta a probabilidade de errar no conselho, na proposição de encaminhamento, na decisão ou na solução.

Compreender verdadeira e profundamente o problema, antes de qualquer encaminhamento é sempre a atitude mais sensata. É preciso primeiro compreender, para depois ser compreendido, pois esta é a chave para a boa comunicação interpessoal. Ler, escrever, falar e ouvir são 4 pontos importantes para a comunicação eficaz. Convido os amigos para refletir sobre o tempo que dedicam a cada um destes 4 pontos ao longo de um dia, ou uma semana. A comunicação é um dos hábitos mais importantes para a eficácia das relações pessoais e profissionais. Passamos muitos anos aprendendo a ler e escrever, mas precisamos questionar o quanto nos preparamos para escutar e principalmente para compreender o que estamos ouvindo. Para influenciar pensamentos de filhos, outros familiares, subordinados ou outros colegas de trabalho, ou mesmo tomadores de decisão, é preciso primeiro compreender e isso não pode ser feito com base unicamente em técnicas, pois a quando as pessoas percebem, passam a imaginar que podem estar sendo manipuladas, se sentem inseguras e que não podem mais confiar totalmente no que lhe é dito e apresentado. A verdadeira chave para influenciar os outros é o exemplo, a conduta real, pois o exemplo flui do caráter, da pessoa que realmente é e não do que os outros pensam que é, ou falam a respeito.

Stephen Covey afirma que a maioria das pessoas procura ouvir com intenção de responder, não de compreender, e orienta que para o fato de ser necessário ouvir com empatia, para ver o mundo e a situação a partir da perspectiva do outro, compreendendo o que este sente. O autor destaca que empatia não é igual à solidariedade, que não é uma questão de concordância e sim, de compreender o outro de forma profunda. Covey lembra que depois da sobrevivência física, a maior necessidade humana é a sobrevivência psicológica como ser compreendido, se afirmar, se sentir incentivado/a, amado/a, mas parece ser difícil compreender antes de buscar ser compreendido/a. Esta dificuldade se deve pela necessidade de se dispor a ser influenciado/a, antes de influenciar.

Um vendedor eficaz precisa compreender primeiro a situação, as necessidades, o perfil, as formas de uso, para então propor uma solução mais adequada para o cliente e é por isso que o vendedor amador vende produtos, enquanto o profissional vende soluções para os problemas do cliente. O profissional se dispõe a relacionar as necessidades das pessoas com as possibilidades do seu portfólio, da mesma forma que um bom professor procura conhecer bem a turma antes de começar a ensinar algo e um bom advogado procura conhecer profundamente a causa como primeira ação do seu trabalho.

Compreender primeiro é um princípio fundamental para melhores resultados nas mais diversas situações da vida pessoal e profissional, enquanto avaliar, aprovar ou desaprovar, dar conselhos e interpretar somente a partir das próprias experiências e referências pessoais, é fonte de ineficácia, de insatisfação, dissabores e maus resultados. Incorporar este princípio no dia a dia pode gerar um grande impacto positivo na atuação em grupos interdependentes. Procurar compreender exige consideração, enquanto procurar ser compreendido requer coragem. Pense nisso e até a próxima!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Pensar e agir “ganha ganha”

 


                Convido os amigos leitores para lembrar quantas vezes já perceberam diferentes situações onde os resultados poderiam ser melhores se houvesse mais colaboração entre as partes envolvidas. Atividades familiares, atuação de um time, relações da comunidade e negócios poderiam ter resultados melhores se houvesse mais atitudes do que se costuma chamar de “ganha ganha”. Várias vezes estas situações podem ser interpretadas de diferentes formas, parecendo egoísmo, dificuldade de relacionamento, falta de disposição, resistência as opiniões dos colegas e líderes, dentre outros. Por que não cooperam mais? Quais vantagens os indivíduos deste grupo percebem em não cooperar?

                Estimular a competição entre os colaboradores raras vezes gera colaboração e por vezes não contribui com os resultados de médio e longo prazos. Isto ocorre quando o sucesso de poucos depende do sentimento de fracasso de vários. Estimular a colaboração para alcançar os melhores resultados para a organização como um todo é o melhor a fazer. Melhores resultados em grupo e a médio e longo prazo dependem necessariamente da cooperação, da ajuda mútua, do desejo de ganhar junto com os outros. Um problema frequente é que famílias, equipes, organizações, empresas, muitas vezes tentam obter melhores resultados baseados no paradigma da competição, todavia, não é possível mudar os frutos, sem mudar as raízes.

Sendo porteiro ou diretor da organização, quando se muda do paradigma da competição para o da colaboração, focando na interdependência, em qualquer papel exercido é preciso um aspecto da liderança que é influenciar as pessoas para a busca do resultado comum. A liderança interpessoal eficaz é focada no pensamento ganha ganha, segundo o autor de best sellers Stephen Covey. Ele também explica que ganha ganha não pode ser confundido com uma técnica, pois é uma filosofia de interação humana. Ganha ganha é um estado de espírito onde se busca benefícios mútuos em todas as interações humanas possíveis, no qual significa entender que acordos e soluções são benéficos e satisfatórios, onde todas as partes se sintam bem, comprometidas com a solução e com os resultados dos envolvidos. Entendimento de que há bastante para todos e que o sucesso de uma pessoa ou um grupo não pode ser obtido com o sacrifício ou a exclusão de outra parte. Não se trata do meu jeito ou de outro jeito, mas sim de um jeito melhor, superior. O ganha ganha é estimulado com práticas que estimulam a pessoa a ter um desempenho melhor em cada ação e que as recompensas maiores virão por resultados obtidos em equipe, em cooperação com os outros.

Claro que há espaço para o ganha-perde, para a competição e em vários momentos da vida. Todavia, é fato que os resultados em longo prazo, seja nas famílias, nos times, ou nas organizações, são maiores com atitudes ganha ganha. Pessoas muito competitivas tem muita necessidade de se mostrarem melhores do que os cônjuges, filhos, colegas ou amigos. Uma relação ganha perde, onde para ganhar, alguns devem perder, jamais poderia ser considerada quando há algum tipo de interdependência entre membros do grupo.

A melhor escolha depende da realidade de cada momento, havendo várias opções e considerando que por vezes o ganha ganha realmente não é possível. Todavia, ocupar-se tanto com os seus ganhos quanto com os ganhos da outra parte auxilia na preparação de um melhor desempenho coletivo numa próxima oportunidade. Mesmo que se vá até o fundo na busca do ganha ganha e chegando lá percebe-se que não é possível, a decisão do “nada feito” muitas vezes é a melhor para se manter as relações firmes para retomadas e novos projetos no futuro. Esta atitude gera a sensação de liberdade e permite uma ação mais autêntica, mais criativa e mais assertiva das partes, compartilhando sentimentos, emoções, mentalidade da abundância, onde há suficiente para todos e assim manter o foco na partilha de prestígio, receitas, experiências e relações.

                Imaginou ter mais ganha ganha nas suas relações? Então, comece a disciplinar seu pensamento procurando focar em como ganhar mais junto com cada parte dos seus relacionamentos e negócios.

                Um abraço e até a próxima!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Primeiro o mais importante

 


                Uma das premissas do gerenciamento eficaz é fazer primeiro o mais importante. Entende-se esta premissa considerando que aquilo que é mais importante nunca deve depender, ficar no aguardo, a mercê das coisas menos importantes. Você já se perguntou o que deveria fazer, que se fosse feito, causaria uma grande mudança positiva na sua vida pessoal e/ou profissional?

Quantas vezes comenta-se que o dia ou a semana passou “voando” e geralmente este é o sentimento dos períodos em que se atende muitas atividades e assuntos diferentes tidos como urgentes. Qual o impacto que estes assuntos todos poderão gerar no médio e longo prazos? Qual é a atenção, tempo, envolvimento e energia que estes assuntos recebem ao longo da semana?

                É o mais importante que deveria estar em primeiro lugar, no dia a dia e em cada momento, e não o que é urgente! Um bom gerenciamento pessoal e profissional exige disciplina com o uso do tempo, com a priorização, com hábitos do líder e hábitos que se deseja implementar na equipe. A disciplina ajuda muito a criar os bons hábitos de cada pessoa e também por isso é um produto da vontade individual, ou seja, a pessoa precisa estar disposta ao que se propõe.

                Muitas pessoas bem sucedidas tem em comum histórias onde percebe-se claramente que estiveram dispostas a fazer coisas que os que falharam anteriormente, não gostavam de fazer. O que é preciso para assumir desafios e aproveitar oportunidades que outros não conseguiram? Muita coisa, mas certamente, disciplina e foco para organizar e executar conforme as prioridades.

 Os assuntos urgentes são populares, são óbvios, exigem atenção imediata, sendo fáceis e ás vezes, divertidos de resolver. A pressão e a ansiedade impede que se deixe o urgente para depois e assim, deixa-se o que é importante de lado com muita frequência. Os assuntos mais importantes são os que mais impactam nos resultados e que contribuem com a grande missão, valores e metas prioritárias. Os temas importantes de nossa vida exigem iniciativa, mais proatividade, e por isso é preciso agir, mudando da passividade e da posição de reação. Nas urgências só precisamos reagir aos chamados, enquanto aquilo que é importante exige iniciativa e disciplina.

As urgências sufocam muitas pessoas, que viram gerenciadores de crises, escravos de problemas, tendo como resultados tensão, stress e infelicidade, pois onde tem muitas urgências não há espaço para o que é importante, atendendo-se apenas as prioridades, expectativas e desejos dos outros. Também é preciso espaço para aquilo que não é nem urgente e nem tão importante. O equilíbrio é fundamental e entendo que a chave para o equilíbrio é foco no que é realmente importante, delimitando um tempo para resolver as urgências e um tempo para a atenção ao que é importante, que gera impacto positivo de longo prazo, não esquecendo do espaço para imprevistos.

Disciplina para dizer “não” para alguns chamados urgentes, para dar atenção ao que é importante é um bom sinal de que estes passaram a ter mais espaço na sua vida. Cada um de nós precisa resolver quais são as prioridades e ter a coragem para, de modo adequado e acolhedor, dizer não para determinadas chamadas urgentes, abrindo espaço para o que é verdadeiramente importante. Muitas vezes o bom é grande inimigo do ótimo, ou seja, é quando não sendo possível o ideal, deixa-se de fazer ou aceitar o bom. Por vezes descarta-se o que pode mudar a vida positivamente para gastar tempo e energia naquilo que não fará a diferença logo adiante.

O equilíbrio do uso de nosso tempo e energia entre o que é importante e o que é urgente deve ser aplicado nas relações de trabalho, negócios, família e amigos. Um planejamento semanal com metas para atenção ao que é urgente e ao que é importante pode ajudar muito. Dedicar alguns minutos a cada manhã para rever as prioridades, pode ser um bom início. A delegação de tarefas pode contribuir muito com o equilíbrio desejado na atenção ao que é importante e ao que é urgente. Delegando, podemos alcançar mais para nossos negócios, nossas famílias e amigos. 

                Um abraço e até a próxima!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Seja proativo/a


 

                Um dos hábitos mais importantes, senão, o mais importante, na busca por ser mais eficaz nos objetivos profissionais e pessoais é ser mais proativo/a.

                Muitos estudiosos dizem que a personalidade e o caráter tem pelo menos 3 origens, sendo a genética, com as heranças, a psíquica, com as influências da educação e experiências vividas na família, e a ambiental, com as influências vindas dos grupos de convívio ao longo da vida. Ser proativo é assumir a responsabilidade pelo que acontece ao longo da vida, sem responsabilizar a genética, a família, ou o ambiente pelas coisas que gosta ou não gosta, que funcionam ou não. Quanto mais iniciativa e responsabilidade para realizar o que é importante, mais proatividade.

          A liberdade humana mais intocável é o pensamento, com a autoconsciência,  a imaginação e a memória. A autoconsciência ajuda a entender um princípio fundamental que é a liberdade de escolha, retratada na resposta dada a cada estímulo positivo ou negativo recebidos do ambiente. Não é possível controlar o ambiente externo, como um temporal ou um acidente, mas pode-se controlar como reagir a cada momento e acontecimento, em contrapartida de como cada um deles afeta seu comportamento e sua vida. Esperar que os outros resolvam as situações é passividade, enquanto ter iniciativa para buscar soluções é proatividade. O crescimento e as oportunidades estão reservadas para os proativos e representam as principais diferenças entre os protagonistas e os vitimistas.

                Um dos problemas vividos em grupos, pequenos como uma família ou microempresa, ou grandes como uma cidade, ou país, é que muitas pessoas se convencem de paradigmas deterministas. São pessoas que acreditam em algo que determinou algumas situações e agem como se não tivessem mais controle sobre a vida ou os negócios, colocando toda a culpa e a responsabilidade das coisas boas e ruins em  forças externas.

Stephen Covey escreve que estes hábitos das pessoas ativas e reativas podem ser separados em 2 círculos sendo o da preocupação e o da influência. O círculo da preocupação é composto por tudo aquilo que não pode ser controlado, onde não se deve concentrar energias. Quem foca naquilo que não tem controle, não consegue mudar nada e perde energia e foco. Enquanto isso, o círculo de influência é composto por tudo aquilo que é possível agir a respeito, ou seja, que podemos influenciar ou controlar. Focar nas coisas que dependem da pessoa e expandir o impacto e o círculo de influência é onde começa aquilo que muitos autores chamam de alta performance. Quem foca seus esforços na sua zona de influência, tirando o foco daquilo que não pode mudar, deixa de se portar como vítima e passa a assumir mais a direção da sua vida, e persistindo neste comportamento, passará também a influenciar outras pessoas.

                Segundo Covey, quem vive no círculo de preocupação está focado no comportamento do chefe, dos filhos, do/a companheiro/a, dos vizinhos, etc., enquanto quem está no círculo de influência está focado em ser mais paciente, mais ativo, mais seguro, mais sábio, carinhoso e assim por diante. O autor divide o comportamento das pessoas em 3 grandes tipos começando pelo que temos controle direto, com problemas que envolvem o próprio comportamento, depois o de controle indireto, com problemas que envolvem o comportamento dos outros e ainda os problemas inexistentes, que seriam aqueles que não é possível interferir, como o passado, ou realidades situacionais e conjunturais. A proatividade requer foco no ser, no pensar e agir diferente para transformar as realidades daquilo que tem-se controle direto, para que com o passar do tempo, seja possível influenciar parte daquilo que pode-se ter um controle indireto.

Apesar de livres para escolher as ações, não é possível escolher as consequências, que por muitas vezes são impensadas, como aquelas situações que se fosse  possível escolher novamente, a opção seria outra. Estes casos, precisam ser considerados lições aprendidas. Ser proativo é saber que não é o que os outros fazem que causam os maiores problemas, mas como se responde e reage a cada situação.

Um abraço e até a próxima!

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