quarta-feira, 29 de maio de 2013

Um lugar em que não chove

Enquanto conhecia uma região bem diferente da que eu vivo, pensei muitas vezes naquela frase: “Quem quer, encontra um meio. Quem não quer, encontra uma desculpa”.
Caros amigos, pensem num local em que praticamente não chove. São poucos os locais no Brasil nesta situação e estes via de regra, passam por grandes dificuldades econômicas. Nas regiões onde a agricultura tem maior impacto econômico, a falta de chuva em algumas semanas causa grande apreensão na população. No entanto, alguns locais, quebram este paradigma, provando que quando há empreendedorismo e cultura de desenvolvimento, a natureza não é um problema e o que parece uma grande barreira, pode ser transformado num recurso estratégico.
Estive visitando na semana passada empresas produtoras de vinhos, processadoras de azeite e frutas, na província de Mendoza – AR. Fiquei realmente impressionado com o fato das cidades, das empresas, das propriedades serem fartamente arborizadas e ajardinadas contando com chuvas muito escassas, que alcançam a média de 100 milímetros por ano. A cultura inca de preservação da água do degelo da Cordilheira dos Andes num imenso lago, aliada a arquitetura e engenharia rudimentar dos incas na construção de canais para distribuir a água represada, para municípios localizados a 300, 400 km de distância, aprimorada ao longo dos anos pelos imigrantes, distribuindo a água em milhares de canais que alcançam todas as quadras, todas as casas e todas as propriedades rurais de uma região de aproximadamente 800.000 habitantes, é simplesmente impressionante. A água distribuída ordenadamente por pequenas comportas controladas a partir de uma programação de horários distintos, garante irrigação para muitas praças com grandes e belíssimas árvores, jardins bem cuidados nas cidades e nas empresas, e nas propriedades rurais, imensas áreas de viticultura, olivicultura e fruticultura. A água é para estas comunidades, um dos recursos mais estratégicos e por este motivo, a gerenciam melhor do que a maioria das partes do mundo, conseguindo utilizá-la muito melhor do que quem a tem em abundância, como várias regiões do Brasil.
A região de Mendoza tem outras dificuldades naturais como as baixíssimas temperaturas do inverno que fica em boa parte abaixo de 0 C° e altíssimas temperaturas no verão, chegando próximo aos 50 C°. Por este motivo, muitas das vinícolas fazem boa parte do processamento e toda a guarda do vinho no subsolo, onde é mais fácil controlar a temperatura. Outra questão importante é que seguidamente há pequenos tremores de terra e a cada 4 anos em média ocorre um terremoto de grandes proporções, necessitando de construções com bases preparadas para suportar de 30 a 40cm de deslocamento, sem sofrer grandes danos. As 24 praças da cidade de Mendoza e o imenso parque de 420 ha possuem muitas árvores frondosas e centenárias, rodeadas de belíssimos jardins. Estes espaços, além de garantirem um pouco mais de umidade ao ar seco, são um refúgio para a população, durante os terremotos.
Com todas estas situações impostas pela natureza, é uma região muito próspera, baseada no agronegócio, grande exportadora, com belas paisagens e com uma cultura de preservação da natureza e das artes, que impressiona positivamente aos visitantes. Convivendo por algum tempo neste lugar, não há como não pensar nas pessoas ou nas culturas dos locais que parecem ver frequentemente a natureza como uma barreira. Me refiro aqueles que num dia reclamam que chove demais, outro dia que chove pouco, ou que é muito quente, ou muito frio, ou o solo é muito pobre em algum componente, ou outro problema e assim, vão deixando de fazer muitas coisas, o que no fundo é acomodação, de quem decide não fazer e encontrar desculpas.

Desejando que tenhamos todos atitudes para fazer o que é preciso, ao invés de  buscarmos desculpas, um abraço a todos e até a próxima semana!

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