quarta-feira, 17 de junho de 2015

Percepção, neurociência e os negócios

                 O texto da semana passada sobre a neurociência e os negócios fez com que vários leitores pedissem a continuidade da reflexão sobre o tema. Por este motivo, seguimos abrangendo outras questões, lembrando que abordamos pontos importantes sobre as pesquisas da chamada neurociência aplicada aos negócios e ao dia-a-dia. São muitas as “armadilhas” do nosso pensamento, as tomadas de decisão, conforme refletirmos na semana anterior sobre o texto do estudioso da área e consultor Paulo Jacobsen, sendo que aqui seguem mais duas:
- Escolhas a 1/10 de segundos – Sempre em busca da sobrevivência, nosso cérebro está preparado para decisões muito rápidas, mesmo que nas decisões medi
anas e nas mais importantes, ficamos por minutos, horas, ou dias avaliando alternativas. A ciência comprova que escolhemos e decidimos antes de consciente e sabiamente começarmos a argumentar em favor de alguma alternativa. O fato é que tomamos decisões e depois buscamos argumentos para defender, mesmo quando nosso cérebro já fez a escolha.
- A armadilha da “posse” – Você deve conhecer ou pelo menos ter ouvido a respeito de alguém que tem no departamento de informática, ou numa moderna linha de produção, há anos, aquele equipamento importado que custou muito dinheiro e que agora está frente a uma proposta de um equipamento alternativo, para alugar, por preços mensais  que competiam, com vantagem, com os custos da manutenção do equipamento atual. Olhando de fora, nenhuma dúvida, mas do ponto de vista de alguns aposentar o equipamento que já foi uma preciosidade da organização é quase inaceitável. Dar-se conta de que algo que custou muito caro, ou que já foi tão importante não tem mais valor ou foi superado, é muito difícil para muita gente. O conceito de “custos irrecuperáveis (“sunk costs”), com argumentos que em processos decisórios onde o que importa é o fluxo de caixa dali para frente  e não o que ficou para trás entra em conflito com a ideia mental de posse. As pesquisas da neurociência mostram que o sentimento  de  “posse” é situação muito séria, envolvendo o sistema límbico, responsável pelas emoções, e por isso, deve de ser tratado com o cuidado que essa nervosa estrutura merece, pois comanda e reforça a  integridade do “eu” e o sentimento de “posse”. Quem viveu processos de “descarte” do Programa 5Ss da sua casa, ou da sua empresa, deve lembrar como esta questão funciona diferente em cada pessoa.
                Os pesquisadores das áreas de psicologia social e de neurologia desde os anos 80 vêm descobrindo importantíssimas questões através da neurociência. Já foram identificadas mais de 30 “armadilhas” que fazem a pessoa pensar de forma equivocada e tomar decisões que atrapalham o melhor desempenho independentemente da situação. Tanto para a vida pessoal, como para as mais diferentes situações profissionais, entender melhor as descobertas sobre o funcionamento da mente em cada condição, é fundamental para a melhoria das relações e dos resultados.

                Um abraço a todos e até a próxima!

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