terça-feira, 23 de maio de 2017

Poderosos

Acompanhando os acalorados debates e discussões sobre governos, reformas, economia, fico com a sensação de que a necessidade de alguns movimentos transformarem inocentes úteis em inimigos é insaciável. É sabido que utilizando de técnicas relativamente conhecidas troca-se propositalmente o sentido dos termos e palavras, mas mais lamentável é ver gente desavisada repetindo a cartilha, sem analisar com profundidade.
“Poderosos”, “democracia”, “empresários”, “mercado” são alguns entre tantos termos com o sentido deturpado de acordo com o interesse particular, fragilizando ainda mais o entendimento do contexto por segmentos que tem sabidas dificuldades de compreensão, pelo contexto educacional e cultural. Nos debates sobre linha dos governos e especialmente reformas trabalhista, previdenciária, tributária, o termo “poderosos” é frequentemente utilizado pelas diferentes matizes, que por vezes os atribui ao empresário.
O SEBRAE em parceria com o DIEESE apresentou uma pesquisa na Revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios mostrando que 99% das empresas brasileiras são micro e pequeno porte, que geram 15 milhões de empregos formais. A pesquisa mostra que nos últimos anos, os empregados das micro e pequenas empresas brasileiras tiveram um aumento real 3 vezes maior do que os trabalhadores das grandes empresas. As barbaridades que estamos lendo e ouvindo nas discussões sobre as reformas, sobre pagamentos de impostos, encargos e relação entre empregadores e empregados não condizem com esta realidade.
No último dia 1º de maio, feriado internacional, enquanto a mídia transmitia movimentos, protestos, shows comemorativos, em todas as nossas cidades, uma parte dos mais legítimos representantes da classe empresarial deste país estavam trabalhando em seus mercadinhos de bairro, na fruteira, na padaria, no açougue, no comércio de bebidas, na lancheria, no restaurante, na serralheria, na construção civil, no transporte, na banca de jornais e revistas, no escritório contábil, no escritório de engenharia e arquitetura, no escritório de consultoria, nos seus stands nas várias feiras e eventos deste período.
A quase totalidade dos empresários que eu conheço, e posso dizer que conheço muitos, tem o patrimônio pessoal limitado a casa e um ou dois veículos, geralmente dos mais simples, para que o maior investimento seja no negócio, em máquinas, prédios, conforto e segurança de quem trabalha com ele e fazendo o melhor para manter os clientes. São patrimônios pessoais insignificantes quando comparado com parte daqueles que falam e escrevem sobre empresários e gritam contra os poderosos. Todo o patrimônio da empresa e a família do micro e pequeno empreendedor é colocado em risco todos os dias no mercado das causas trabalhistas, na indústria de multas fiscais, na fragilidade contratual e na insegurança jurídica de nosso país. Neste contexto, os empresários brasileiros são na verdade super heróis das nossas comunidades, garantindo emprego, renda, serviços, benefícios sociais, tributos, mesmo sendo injustamente considerados em tantos discursos e movimentos equivocados país a fora. Esta minoria de cidadãos brasileiros que têm sido citados como vilões em petições trabalhistas, em argumentos sobre as reformas, seguem sem proteção, pagam uma conta cada vez maior assumindo além da maior carga tributária do planeta, áreas em que o Estado é absolutamente ineficiente como ações sociais, planos de saúde e previdência, educação e qualificação profissional das suas equipes.
Nas mais diferentes mídias, temos visto diariamente pessoas com vasto curriculum de cargos exercidos para defender e proteger o trabalhador, a sociedade, o interesse público, o país, sendo denunciadas, algumas poucas presas, delatando outras e mostrando recebimentos ilegais de quantias estratosféricas. É lamentável saber que os vilões, e verdadeiramente poderosos contam com ferrenhos defensores, para que possam seguir livremente suas práticas, enquanto os empresários brasileiros, verdadeiramente heróis tem seus interesses atacados e não conseguem a simpatia dos que se proclamam defensores interesses públicos.

Um abraço e até a próxima!

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