sexta-feira, 18 de maio de 2018

Falta de gratidão e terceirização de problemas


Depois de assistir ao vídeo da palestra de Geraldo Rufino, empresário conhecido como “catador de sonhos”, passei a olhar de forma ainda mais crítica para as atitudes de muitas pessoas ao redor, no que tange a alguns dos valores mais importantes para o convívio em harmonia consigo próprio e com os outros.
Rufino é um empresário brasileiro conhecido no Brasil e exterior por sua empresa de desmanche de caminhões, muito bem sucedida em vários aspectos, que iniciou catando e reciclando latinhas. Viajando pelo mundo a passeio ou eventualmente palestrando, ele afirma, considerando os problemas de outros países, “o Brasil é o melhor país do mundo e o problema dos brasileiros é a “falta de gratidão” e a “terceirização” dos problemas”. Disposto a entrevistas, palestras e diálogos francos, o empresário entende que o brasileiro médio “agradece pouco, lamenta muito e terceiriza a culpa” pelos insucessos. Peço que os amigos leitores façam uma avaliação do que veem e ouvem ao seu redor, nas suas casas, na vizinhança, no trabalho, nas entidades. Para mim, olhando “de fora” de algumas situações, é impressionante e lamentável ouvir as reclamações e argumentos de pessoas que receberam bastante e por qualquer motivo ignoram tudo isso, esquecendo também do seu poder pessoal, limitando sua ação às culpas aos outros e até à Deus.
Voltando ao ex-catador, ele afirma que “Pobreza vem do pensamento. É um estado de espírito, porque a condição material você pode mudar”. Ele é mineiro, tem 59 anos e acompanhando os pais e sete irmãos, quando ainda criança mudou para a favela do Sapê, na zona oeste de São Paulo. Rufino classifica a favela como um lugar “cheio de empreendedores e trabalhadores”, lembrando dos pais e dos vizinhos. Ouvindo o empresário, percebe-se a diferença que faz a postura dos pais na construção da mentalidade empreendedora e responsável dos filhos: “Mamãe sempre me ensinou que, independentemente da condição, quem deve estar disposto a mudar é você. Se tiver disposição de trabalhar, neste País, só passa fome quem quiser”. O empresário diz que já era otimista desde os tempos da pobreza. “Minha vida não é boa porque arrumei alguns trocados. Ela é boa lá de trás”. Trazendo um ditado popular para retratar a situação dos brasileiros, ele lembra que “olham para as fezes e esquecem do cavalo” e dá uma opinião otimista sobre o futuro “Nosso cavalo (Brasil) está prontinho, arreado, selado, fortíssimo e gigante”.
A fala do “catador de sonhos” é realmente motivadora para pobres, ricos, trabalhadores, empresários, professores e estudantes, afirmando que o primeiro passo para aqueles que querem começar um negócio e não possuem capital é arrumar um emprego. “Empreender é um jeito de pensar. Tem que empreender no CNPJ do outro. Se já começar pensado em CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), não vai crescer. Você tem 24 horas por dia e só quer trabalhar oito?”, desafiou o empresário, alegando que a igualdade “se busca através a produtividade”. No vídeo disponível na internet Geraldo Rufino também criticou a visão estigmatizada sobre os afrodescendentes, como ele, dizendo que muitas medidas acabam fazendo muitas pessoas acreditarem que são vítimas, dificultando a crença na sua própria força e atitudes positivas.
Para o empresário, o governo deve “parar de atrapalhar” o cidadão, reduzindo a burocracia e fortalecendo o empreendedorismo. No entanto, ele não atribui à classe política a má situação do país, dizendo que “É culpa nossa, da omissão dos que se dizem bons”. Rufino diz que apoiará candidatos a cargos públicos que tentarem “levar às periferias noções de motivação e empreendedorismo”, dizendo que “o brasileiro só precisa de trabalho, o resto sabemos fazer.”
O espaço é curto para mencionar a trajetória de vida deste brasileiro que como tantos outros, e muitos dos leitores, iniciaram com muito pouco, mas assumiram o protagonismo da sua vida, tendo atitudes para encarar os problemas como seus e sendo gratos pelo que tem e o que conseguiram ao longo da caminhada. Entendo que precisamos estimular mais pessoas ao nosso redor a pensar desta maneira e podemos começar com as nossas casas, empresas e entidades.
Um abraço e até a próxima!  

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