Todos os anos a tradicional revista semanal The
Economist ouve especialistas em diversas áreas e publica um resumo de como eles
veem o próximo ano e os seguintes. Na semana anterior a edição de aniversário
do AU, apresentei alguns trechos neste espaço e nesta semana completo o
compartilhamento, com interpretação.
O varejo seguirá crescendo, porém, é lógico entender
que será cada vez mais híbrido, ou seja, quem ainda não é online também terá
operações online e quem é só virtual tende a ter alguma experiência física a
oferecer ao cliente. Mais competidores entrarão no varejo, inclusive alguns com
grande capilaridade como Facebook, Instagram, Tik-Tok, YouTube, motivados pelo sucesso
da Amazon. As lojas físicas se manterão e se desenvolverão, dependendo da
capacidade de oferecer experiências diferentes, showrooms, praticidade,
conveniência.
As mudanças climáticas voltarão ao debate com tal
intensidade que em alguns casos pode lembrar os antagonismos sobre a pandemia. As
grandes empresas seguirão se transformando fortemente e a inteligência
artificial terá cada vez mais aplicação no entendimento do mercado e na
operação. A bicicleta segue com tendência de alta não só como lazer e esporte,
mas como meio de transporte, com mais cidades adaptadas.
Novos modelos de informações e notícias por
assinatura com mais transparência, menos vieses, ajudarão a disponibilizar
conteúdo sem tantas notícias falsas e distorcidas pelas ideologias. Credibilidade
e transparência serão pontos cruciais para pessoas vincularem carreiras e
investimentos em organizações e empresas de diversos setores. As pessoas
visivelmente estão com dificuldade de conviver com tanta informação disponível,
cansando, atrapalhando e até desinformando. Devem surgir sistemas com
capacidade para selecionar o que as pessoas querem receber e serão valorizados
por isso.
A saúde mental receberá bem mais atenção, sendo um
tema mais recorrente, devendo surgir grandes plataformas para auxiliar as
pessoas no enfrentamento de situações de agressividade, solidão e angústia que
vivenciam durante o isolamento. Um dos grandes custos que 2020/21 deixará é a dificuldade
das pessoas trabalhar em equipe, aumentando as crises de liderança, que serão
mais comuns nos próximos tempos.
Os grandes problemas como educação, saúde, energia,
segurança, política, ganham destaque e aumentam o número de soluções
desenvolvidas por empresas de tecnologia. Uma parte maior dos grandes capitais será
investida para enfrentar os grandes problemas globais. Empreendedorismo social é
outro tema importante e que terá melhora significativa nos resultados
financeiros.
Os apelos natural e saudável serão cada vez mais
valorizados e a alimentação será, para um número cada vez maior de pessoas, uma
forma de experiência e interação com a diversidade. Produzir a própria comida, harmonizar, meditar
e se exercitar, passa a ser parte deste tipo de experiência. Consumo local,
real, saudável deverá ser o “novo luxo” e em nosso meio há muita oportunidade
para negócios pequenos e médios aproveitarem esta onda. Produtos suntuosos tendem
a perder valor e justificativa para um número cada vez maior de pessoas. A
reciclagem voltará muito mais forte, com novas tecnologias, depois da pandemia
que está gerando um volume que parece incontrolável de descartáveis e
desperdício.
É inevitável que as pessoas pensem num novo começo
no pós-pandemia. Depois de urgências que não puderam ser atendidas, de viagens
programadas que não ocorreram, de objetivos não alcançados, de mudanças que
estavam previstas para o futuro e tiveram que ser feitas de um dia para o
outro, é inevitável repensar objetivos pessoais, de trabalho, saúde, dinheiro e
espirituais. Mais pessoas passam a ver novas oportunidades para satisfazer desejos,
angústias e mudanças de pensamento. Alguns comportamentos pessoais estão sendo
transformados de forma a não voltar mais ao que eram.
A inovação, a tecnologia, o pensamento natural e
lateral que já vinham ganhando espaço antes da pandemia devem ser mais
protagonistas neste e nos próximos anos. Espero que este exercício de
futurologia possa ajudar a refletir sobre o que vem por aí.
Um abraço e até a próxima!
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