domingo, 2 de maio de 2021

Certo ou errado X concordo ou não concordo

 


Dentre as muitas confusões que vivemos no momento, creio que uma das que está dificultando ainda mais o desenvolvimento do Brasil é a confusão entre o certo e o errado, com “concordo” e “não concordo”.

É tão provável que nem todos estejam certos, quanto é provável que nem todos estejam errados na maioria das situações, e isso é óbvio. Todavia, é comum ouvirmos justificativas e defesas em citações como “fiz isso/fiz assim, porque todo mundo faz”.

           Quem tem filhos e/ou sobrinhos, convido para pensar naquela situação em que um é repreendido por ter feito algo errado e a defesa é que o outro também fez, ou que o/a vizinho/a, ou o/a colega também fez assim. Esta resposta resolve tudo?

        Quem é gestor e precisa enfrentar casos de negligência, falta de ética, desvio de conduta de alguém da equipe, ao questionar sobre o ocorrido, se satisfaz com a resposta de que um ou mais colegas cometeram o mesmo erro há tempos atrás?

Pense nas colas, plágios e outras fraudes na avaliação e frequência escolar que alguns que se consideram mais espertos que os outros cometem todos os dias no país afora... se os professores identificam/descobrem e ao registrar o ocorrido zerando a nota da avaliação, fica resolvido se o argumento é de que “no ano passado outros colaram ou plagiaram também”, ou Fulano e Beltrano também colaram/plagiaram?

     Evidentemente só porque outros fizeram ou até mesmo se todos/as fizeram não está necessariamente correto, da mesma forma, que se ninguém fez, não significa que está errado, ou que não vai dar certo. Para muita gente, e infelizmente, parece que para um número cada vez maior, o certo e o errado passaram a ser sinônimos de concordar ou não concordar. É uma confusão que faz toda a sociedade pagar cada vez mais caro e de diferentes formas. Creio que não há maior evidência disso do que as defesas em vários níveis da sociedade, dos crimes cometidos pelos vilões e bandidos preferidos de cada grupo antagônico no Brasil.

Fazer de conta que esqueceu de devolver o troco; dar o troco errado; cobrar mais do que deveria; não devolver o que pegou emprestado; colocar o nome num trabalho que não fez; colar na prova; copiar um texto de outra pessoa ou de um autor e assinar, ou insinuar que é seu; não devolver um instrumento de trabalho ou um livro; dar falsas justificativas para faltar ao trabalho, as aulas e aos compromissos; pegar o jornal do vizinho; dar atestado médico para justificar falta indevidamente; dar licenças sem vistorias; vender e comprar produtos falsificados; furar a fila; dirigir perigosamente; mentir; se vangloriar de algo que não fez ou não participou tentando receber glórias sozinho; fazer “gato” de energia elétrica, água, internet, sinal de TV fechada, dentre muitas outras fraudes, desvios, falcatruas e golpes que alguns até conseguem achar engraçadinho, ou até ato de esperteza... segue sendo errado, mesmo que quem cometeu o crime se justifique dizendo que muitos fazem o mesmo!

           Porque é que alguns pensam que podem levar vantagem sobre os outros, em todas as ocasiões possíveis, independente de quem ou quantos estejam direta ou indiretamente sendo prejudicado, às vezes pagando com a saúde, a tranquilidade e até com a vida?

     Assistir gente cometendo fraudes, crimes, tentando golpes independentemente do tamanho só não é mais lamentável do que ouvir como justificativa e defesa “outro também fez”! Aqui é importante lembrar Bertrand Russel quando escreveu “Muitos homens cometem o erro de substituir o conhecimento pela afirmação de que é verdade aquilo que afirmam.” Também é verdade que quem não admite os erros do passado será condenado a repeti-los.

         O errado está errado mesmo quando todos parecem estar fazendo, o certo é certo mesmo que quase ninguém está fazendo!

            Deixo um grande abraço e até a semana que vem!

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