Dentre as muitas
confusões que vivemos no momento, creio que uma das que está dificultando ainda
mais o desenvolvimento do Brasil é a confusão entre o certo e o errado, com
“concordo” e “não concordo”.
É tão provável que nem
todos estejam certos, quanto é provável que nem todos estejam errados na
maioria das situações, e isso é óbvio. Todavia, é comum ouvirmos justificativas
e defesas em citações como “fiz isso/fiz assim, porque todo mundo faz”.
Quem
tem filhos e/ou sobrinhos, convido para pensar naquela situação em que um é repreendido
por ter feito algo errado e a defesa é que o outro também fez, ou que o/a
vizinho/a, ou o/a colega também fez assim. Esta resposta resolve tudo?
Quem
é gestor e precisa enfrentar casos de negligência, falta de ética, desvio de
conduta de alguém da equipe, ao questionar sobre o ocorrido, se satisfaz com a
resposta de que um ou mais colegas cometeram o mesmo erro há tempos atrás?
Pense nas colas, plágios
e outras fraudes na avaliação e frequência escolar que alguns que se consideram
mais espertos que os outros cometem todos os dias no país afora... se os
professores identificam/descobrem e ao registrar o ocorrido zerando a nota da
avaliação, fica resolvido se o argumento é de que “no ano passado outros
colaram ou plagiaram também”, ou Fulano e Beltrano também colaram/plagiaram?
Evidentemente
só porque outros fizeram ou até mesmo se todos/as fizeram não está
necessariamente correto, da mesma forma, que se ninguém fez, não significa que
está errado, ou que não vai dar certo. Para muita gente, e infelizmente, parece
que para um número cada vez maior, o certo e o errado passaram a ser sinônimos
de concordar ou não concordar. É uma confusão que faz toda a sociedade pagar
cada vez mais caro e de diferentes formas. Creio que não há maior evidência
disso do que as defesas em vários níveis da sociedade, dos crimes cometidos
pelos vilões e bandidos preferidos de cada grupo antagônico no Brasil.
Fazer de conta que
esqueceu de devolver o troco; dar o troco errado; cobrar mais do que deveria;
não devolver o que pegou emprestado; colocar o nome num trabalho que não fez; colar
na prova; copiar um texto de outra pessoa ou de um autor e assinar, ou insinuar
que é seu; não devolver um instrumento de trabalho ou um livro; dar falsas
justificativas para faltar ao trabalho, as aulas e aos compromissos; pegar o
jornal do vizinho; dar atestado médico para justificar falta indevidamente; dar
licenças sem vistorias; vender e comprar produtos falsificados; furar a fila;
dirigir perigosamente; mentir; se vangloriar de algo que não fez ou não
participou tentando receber glórias sozinho; fazer “gato” de energia elétrica,
água, internet, sinal de TV fechada, dentre muitas outras fraudes, desvios,
falcatruas e golpes que alguns até conseguem achar engraçadinho, ou até ato de
esperteza... segue sendo errado, mesmo que quem cometeu o crime se justifique
dizendo que muitos fazem o mesmo!
Porque
é que alguns pensam que podem levar vantagem sobre os outros, em todas as ocasiões
possíveis, independente de quem ou quantos estejam direta ou indiretamente
sendo prejudicado, às vezes pagando com a saúde, a tranquilidade e até com a
vida?
Assistir
gente cometendo fraudes, crimes, tentando golpes independentemente do tamanho
só não é mais lamentável do que ouvir como justificativa e defesa “outro também
fez”! Aqui é importante lembrar Bertrand Russel quando escreveu “Muitos homens
cometem o erro de substituir o conhecimento pela afirmação de que é verdade
aquilo que afirmam.” Também é verdade que quem não admite os erros do passado
será condenado a repeti-los.
O errado está errado mesmo quando
todos parecem estar fazendo, o certo é certo mesmo que quase ninguém está
fazendo!
Deixo um grande abraço e até a semana que vem!
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