A lista do que o
Brasil precisa é tão extensa que por vezes parece mais fácil listar o que o
país não precisa. Esta lista poderia começar com “não precisamos mais divisão
do que já temos”. Jogar segmentos da população e atores da economia uns contra os
outros é nefasto, considerando o poder de destruição das relações, mas é conceito
clássico e presente em livros conhecidos. Embora a prática “dividir para
governar” integra o modelo mental de muitos líderes das esferas públicas, e
também de entidades e empresas, entendo que a história já provou que é uma
barreira para o desenvolvimento.
A polarização entorno das 2 candidaturas que alcançaram o
segundo turno na eleição para Presidente da República que já havia ocorrido em
2018 é uma estratégia tradicional e muito eficaz para os concorrentes que a
utilizam, porém, além do aumento da divisão da sociedade, atrasa-se o
desenvolvimento por falta de cooperação, inibe-se o surgimento de novas
lideranças, e consequentemente compromete-se o futuro.
A intensa divulgação de pesquisas pelos mais diversos
canais da mídia construiu uma expectativa diferente da realidade e por este
motivo, diversos resultados das eleições novamente surpreenderam. A renovação
do legislativo que já havia sido em torno de um terço na última eleição, não
foi tão grande desta vez. A polarização entre 2 candidaturas para Presidente da
República, em eleições gerais, ocasiona uma menor atenção para as disputas a
Governador, Senador, Deputados Federais e Estaduais, o que também não é bom
para a sociedade.
Há décadas se fala na necessidade de renovação do Senado
e Câmara Federal, para aprovação das reformas que o Brasil precisa e
principalmente, para a redução dos vícios na relação entre os 3 poderes. O
discurso pró-reformas está presente em quase todas as candidaturas e com o
legislativo renovado, o clima para reformas é mais favorável, no entanto, mesmo
com o passar de diferentes siglas e tendências ideológicas pelo executivo, há
décadas não são enviados projetos de reformas para o legislativo apreciar, nem
mesmo para a sociedade discutir.
Enquanto a renovação do legislativo foi um ponto positivo
das últimas eleições, o ponto negativo tem sido o agravamento da divisão do
país, especialmente entre os segmentos. Parecendo ser intencional, esta divisão
é provocada pelo foco na discussão de temas periféricos, como os costumes ao
invés de temas centrais como economia, educação, saúde, infraestrutura.
O Brasil precisa de disputas políticas mais saudáveis
onde os concorrentes aos cargos públicos deveriam apresentar propostas e
mostrar exemplos de ações que eles mesmos e seu grupo de apoiadores realizou em
outros momentos, locais e instâncias. Assim, a sociedade poderia entender a que
veio cada candidatura e discutir quais propostas atenderiam melhor as
necessidades da população.
Um grupo de lideranças
políticas focadas em soluções, ao invés de disputas de preferências, deveria articular
as mais diversas lideranças políticas, sindicais, associativas, empresariais,
sociais, responsabilidades e tarefas de
acordo com suas principais habilidades e competências para juntos finalmente
organizar e aproveitar as melhores potencialidades para desenvolver o Brasil e
propocionar uma vida melhor para nossa gente.
Há quantas décadas se fala em projeto nacional?
Quem montou uma proposta e apresentou para receber
contribuições e ser apreciada?
Uma sociedade com notórias dificuldades de entender o
contexto, avaliar cenários e planejar a médio e longo prazo, é o ambiente
propício para o velho modelo “dividir para governar”. E neste ambiente, “matar”
o outro, aquele que se posiciona diferente, ao invés de discutir, argumentar,
ajustar e buscar com agilidade o melhor entendimento e as melhores soluções
parece ser o único caminho para muitos. Assim, o país com problemas complexos tem
seu povo esperançoso de ações efetivas relegado a condição de 2 torcidas
adversárias.
Respeito é o que
precisamos antes de tudo! Se união, mobilização, racionalidade está difícil
neste momento, podemos tentar pelo Respeito!
Um abraço e até a próxima!
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