quinta-feira, 23 de julho de 2015

A oportunidade da história

                A variável demográfica é altamente relevante para o desenvolvimento de cada pessoa, e por conseguinte, das comunidades, das regiões e dos países. A chamada idade economicamente ativa é o período da vida em que as pessoas estão mais aptas a produzir renda e tributos. Todas as populações do mundo passam por um momento na sua história em que alcançam o maior número de pessoas nesta condição. A este período, muitos pesquisadores de geografia, estatística e desenvolvimento chamam de bônus demográfico. Dentre as variáveis consideradas para definir o período está o número de nascimentos, a evolução dos anos de expectativa de vida de cada população, dentre outros.
                O período da evolução etária de cada população em que se dá o bônus demográfico é quando se produz mais riqueza e assim deveríamos investir em infraestrutura e condições gerais para que nas fases seguintes, quando a maior parte da população fica idosa, haja condições para manutenção de boas condições de vida. Conforme o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística o Brasil entrou há alguns anos neste período, que pela proporção em relação ao restante da população e idade dos integrantes deverá durar até meados 2030. No sul do Brasil, devido a redução mais rápida do número de nascimentos, assim como do aumento da longevidade, este período iniciou há mais tempo e vai encerrar antes de outras regiões, assim como em outras regiões durará um pouco mais. Restam assim, para quem estuda o assunto, poucos anos para que o Brasil possa aproveitar a oportunidade da sua história, pois após este período, passam a haver um número cada vez menor de pessoas em condições de contribuir economicamente para as comunidades e para os cofres públicos. Em 2040 a porção mais velha do Brasil será significativamente maior do que a de crianças. No sul, este fenômeno deverá ocorrer daqui a 15 ou 20 anos.
                O Brasil conta hoje com 81% da população apta para trabalhar, que é o maior em toda a história, segundo o IBGE, e que jamais será alcançado novamente. Os estudiosos da área, afirmam que no período de bônus demográfico é preciso empregar pelo menos 70% da população apta para trabalhar, mas as estatísticas indicam que em 2015 o Brasil está empregando apenas 35% desta população. O efeito deve-se ao retrocesso econômico que ocorre no momento mais importante economicamente para a história do país. Precisaríamos abrir 22,7 milhões de vagas, para contabilizar positivamente o volume de pessoas em condições de gerar riqueza e desenvolvimento. Ao invés disso, as taxas de desemprego aumentam a cada dia, sem perspectivas de melhora a curto prazo.
                Toda a vez que vejo números destes estudos, me parece que temos uma única chance para acertar o alvo e no momento em que ele está mais próximo, ficamos sem ação. No meu entender precisaríamos do surgimento imediato de uma consciência política capaz de reduzir os interesses partidários e particulares para aumentar a responsabilidade para com um futuro que já é quase imediato. 2030 é logo ali, menos de 15 anos, onde a grande maioria de nós viverá esta inflexão demográfica, com os resultados daquilo que produzimos e do que não produzimos hoje, todavia, com bem menos condições de força de trabalho para dar conta do que não foi feito, mas com necessidades maiores de saúde, infraestrutura e alimentação, a serem satisfeitas.
                Considero tão importante este tema e estes números que julgo o silêncio como irresponsável, diante do que poderíamos chamar de perda do nosso futuro. Estando diante da oportunidade da história das nossas populações, se bem aproveitada podemos transformar o momento que por um lado parece muito difícil, numa grande oportunidade de propiciar um futuro digno para todos nós.
                Um abraço e até a próxima.

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