Em 2001 estudando para uma prova de seleção de mestrado, me deparei pela primeira vez com os estudos que apontavam para a chegada da era da pós-verdade. Fiquei impressionado com as perspectivas para as próximas décadas e comentava bastante com colegas da época. Nos perguntávamos como seria viver na era da pós-verdade, que hoje vivemos e era inimaginável para a época. A pós-verdade é descrita na literatura como a situação em que os fatos objetivos têm menos influência do que os apelos às emoções e às crenças individuais e pessoais de alguns. Em 2016 “pós-verdade” foi considera o vocábulo do ano pela Universidade de Oxford. A partir de 2018 a pós-verdade ganhou uma escalada inimaginável, em vários países de todos os continentes.
“Verdade seja dita” é uma expressão popular e bastante utilizada, mas na era da pós verdade, onde os discursos, os textos, as afirmações mesclam verdades parciais e mentiras que convém, onde as notícias falsas (fake news) atrapalham e atrasam a vida de quase todos, a verdade vai ficando difícil e encontrar e preciosa. Alguns influenciadores digitais que tem milhões de seguidores mas não estudam, não leem e parecem viver numa bolha, parecem não ter o menor pudor ao propagar informações e ideias que não condizem com fatos, pesquisas, estudos, defendendo a sua opinião, ou teorias sem qualquer fundamentação. A pós-verdade causa prejuízos para a saúde física, mental e financeira das pessoas e das empresas. Muita gente perde, mas alguns poucos se beneficiam e por isso patrocinam a propagação de informações distorcidas e ideias falsas, muitas vezes escondidos atrás de uma face do bem. Verdade seja dita: para escrever e apresentar ideias e informações é preciso estudar o assunto, ler mais, entender as consequências do que será divulgado, tendo responsabilidade sobre o que vai propor, pois para informar é preciso aprender continuamente!
O mundo não é dos espertos, escreveu Chico Xavier, é das pessoas honestas e verdadeiras, verdade seja dita, pois esta esperteza sem-vergonha, mais cedo ou mais tarde vira vergonha. Por outro lado, o tempo faz a honestidade se transformar em exemplo. A malandragem, a esperteza corrompe os valores e a vida, enquanto a honestidade e a verdade enobrecem a alma. Edgar Abbenhusen, escritor popular nas mídias sociais complementa, dizendo que o mundo é de quem pensa no quanto cada uma das suas ações e decisões podem auxiliar ou prejudicar alguém. Verdade seja dita, o mundo é de quem respeita os outros, não fura a fila, não tenta levar vantagem em tudo o que pode... E de quem, antes de ser verdadeiro com os outros, é verdadeiro consigo mesmo.
Se o mundo fosse dos espertos, não teria tanta gente retrocedendo... A gente sabe que malandragem pode até dar vantagem imediata, mas não dá futuro! A pressa não traz excelência e os trapaceiros não são felizes por muito tempo. A esperteza dos malandros raramente leva a algum lugar bom. Vivemos num mundo que a longo prazo é dos sábios, dos inteligentes e dos corajosos. Sobrevive quem tem fé, quem arrisca, quem está disposto a aprender até com quem parece não ter nada para oferecer.
Verdade seja dita, o mundo é de quem consegue equilibrar os desafios, as necessidades e os desejos ao longo de todos os dias. O mundo me parece ser dos sábios, das pessoas de fé, dos responsáveis e principalmente dos persistentes, pois muitas vezes, ao olhar de perto, um recorte da realidade, o mundo parece ser dos malandros. O escritor Abbenhusen lembra que ouvimos seguidamente “ah, mas vejo muitos espertos se dando bem por aí” e ele responde: “e é exatamente por isso que o mundo sempre dá voltas completas e justas...”
Verdade seja dita, aqueles que têm opiniões, frases, postagens, textos, vídeos verdadeiros, honestos, baseados em fatos, números, estudos, ciência, não tem muito seguidores, nem chamam tanto a atenção, nem tem muitos patrocinadores, e frequentemente são chamados de chatos, mas são lidos, seguidos e valorizados por gente verdadeira, honesta, sábia, de valor e que tem muito futuro.
Que a vida nos ensine e que Deus nos surpreenda! Um abraço e até a próxima!
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