A pandemia atrasou e atrapalhou muita coisa e acelerou e melhorou outras.
As dinâmicas do trabalho e a virtualização de algumas funções, com a
possibilidade de trabalhar em casa, assim como de qualquer lugar do mundo,
interagindo e co-produzindo, reduzindo custos, “desapegando” alguns hábitos
essencialmente presenciais, acelerou muito e no pós-pandemia se tornou uma
realidade num número enorme de empresas.
Vivemos
uma espécie de "revolução híbrida" no trabalho. De
acordo com o levantamento realizado pelo Google Workspace, em parceria com a
consultoria IDC Brasil, 56% das empresas brasileiras adotaram o trabalho híbrido em 2022. O
mesmo levantamento havia identificado que em 2021, ainda em plena pandemia a
taxa era de 44%. Durante a pandemia, o modelo foi adotado para cumprir
determinações dos protocolos de saúde pública, mas aquilo que foi visto como um
grande problema inicialmente, depois das adaptações, parece ter virado vantagem
em muitos casos. As vantagens que têm sido faladas sobre este modelo são flexibilidade, redução de
custos, pessoas atuando de lugares diferentes, mais produtividade, mais
diversidade, mais inovação, mais interatividade, funcionários mais felizes...
As empresas que tem filiais parecem ter adotado o modelo para quem mora nos
municípios sede das matrizes, com 3 dias em casa e 2 presenciais, por exemplo,
com equipes das matrizes se encontrando para trocar ideias “olho no olho”, almoçando
juntos, criando vínculos, soluções imediatas das dúvidas, estimulando
relacionamentos de maior confiança, etc. E para a turma que mora longe, a
possibilidade de participação online, gravação de reuniões para quem tem outro
compromisso, etc., viabilizando para quem está a trabalho em locais com outro
fuso horário, inclusive, diferentes formas de participar.
O híbrido ainda é uma modalidade de trabalho desconhecida para muitas
empresas, instituições, organizações diversas e é preciso mais experiências,
mais tempo de práticas para estabelecer mais avaliações, controles,
organização, planejamento, orientações, normas. Gestores de RH relatam que foi
nas confraternizações que algumas falhas foram percebidas, como a falta de alguns
colegas presencial ou remotamente, e assim decididas ações para resgatar a
presença. Uma confraternização no final pode ser o motivador para a presença
física. Mas para aqueles que realmente não podem por estar muito distantes,
quem sabe é possível enviar uma encomenda para o local físico em que estão os
participantes do remoto. Acompanhar aqueles momentos de confraternização que
envolvam os “comes e bebes”, música, risos, homenagens no palco e nas redes,
assistindo e se sentindo parte, reduz o sentimento de exclusão. Conexões
caindo, áudios ruins, câmeras desfocadas, apresentações falhando, quebras no
tempo, sem respostas no chat, sem o bom da festa, já é suficientemente excludente.
Muitas empresas e suas equipes vêm usando uma diversidade de ferramentas
tecnológicas, nem todas digitais, para aumentar a integração entre quem está
presente fisicamente e quem está no remoto. Reunir pessoas de cidades
diferentes no mesmo local, criar mini eventos, buscar mais interatividade
remota, imprimir ou projetar fotos de quem estava longe para dar a sensação de presença,
distribuir cestas interativas, fazer chamadas nas horas das fotos e brindes,
são algumas das ações relatadas como exitosas. É importante lembrar também que
os que gostam de só olhar para a festa, seguiram fazendo isso com mais
tranquilidade, enquanto os que não gostam de festa, não foram e não mudou nada.
Estamos
vendo muitos caminhos para colaboração e interação, e aprendendo a co-existir em
espaços diferentes. A pandemia afastou, aproximou, reformou e agora exige novas
habilidades para reconexão, seja ela física ou virtual. O híbrido tem se
mostrado bastante inclusivo na participação de quem está longe em reuniões de
trabalho, sem falar na economia de tempo e dinheiro. Em outras funções, mais
criatividade, diversidade, alternativas serão necessárias para manter a
participação efetiva, seja no trabalho, estudos, discussões. São adversidades
técnicas e gerenciais diferentes, que merecem nossa atenção para seguirmos
aproveitando o melhor do presencial e do virtual.
Um abraço e até a próxima!
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