sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Multiplica o salário por 5,7



   Com alguma frequência aparecem propostas mirabolantes, milagrosas, mágicas, para multiplicar a renda. Quem se dispõe a ler conteúdos como neste espaço já sabe que os recursos não se multiplicam nem fácil, nem rapidamente. Uma das formas mais seguras de multiplicar a renda exige um tanto de esforço, pois inúmeras pesquisas mostram que aumentando o número de anos de estudo, aumenta proporcionalmente a renda.

Ter um ensino superior de qualidade é o grande diferencial para aproveitar as muitas oportunidades que surgem, inclusive para percebê-las. Além disso, conforme mostra o estudo publicado pelo professor e pesquisador Sergio Firpo, do Insper, os profissionais com nível superior têm ganhos de até 5,7 vezes mais do que trabalhadores com menores níveis de escolaridade. Essa diferença salarial é também consequência dos efeitos das crises econômicas típicas do Brasil. Os números que deram suporte ao estudo foram extraídos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) e tiveram como base o rendimento mensal habitual do trabalho principal dos brasileiros.

     Quanto maior a escolaridade, melhores são as oportunidades de renda. Se por um lado há um grande número de desempregados no Brasil, por outro lado há um grande número de vagas de trabalho não preenchidas, que se avoluma a cada pequeno aumento das atividades produtivas, como agora na retomada da economia. Uma das barreiras para maior agregação de valor a produção nacional é a falta de profissionais qualificados. 

        Outra situação tão importante quanto o nível de renda, é a recolocação dos profissionais, quando perdem a vaga, pois as pesquisas baseadas no CAGED (cadastro geral do emprego no Brasil) mostram que quanto maior a escolaridade, mais rápida é a recolocação. Também é fato conhecido, que os candidatos menos escolarizados enfrentam um número cada vez mais restrito de vagas, e/ou com maiores dificuldades em relação a ergonomia, segurança, insalubridade, e a periculosidade. As pesquisas indicam que no ano passado a ocupação dos trabalhadores sem instrução ou com menos de um ano de ensino recuou em torno de 20%, em relação ao ano anterior, enquanto que entre os brasileiros que concluíram o ensino médio, a ocupação cresceu 2% ano e, para os trabalhadores com ensino superior, o avanço foi de 5,3%. 

      Estamos na véspera das eleições municipais e é muito importante entender o que os candidatos propõe em seus planos de governo para aumentar os anos de estudo e os níveis de escolaridade da população. Mais do que em outros momentos, a cada 4 anos este é o período em que mais pessoas estão preocupadas com propostas de aumento de emprego e renda no local onde moram. A literatura mostra há muito tempo que uma das maneiras mais efetivas de aumentar os níveis de emprego e especialmente de renda nos municípios é estimular o aumento do nível médio de escolaridade da população. Talvez alguém esteja pensando que não viu muitos candidatos fazendo propostas neste sentido e evidentemente um grande número de eleitores não tem estas informações e por este motivo, não gera esta demanda em pesquisas de percepções, de intenções de voto, e nem protesta pela falta destes incentivos. Por outro lado, boas lideranças comunitárias, pessoas realmente preocupadas com o melhor por seu município devem primeiramente entender o que faz o seu município desenvolver e na sequencia desenvolver propostas que façam o bem para a comunidade, mesmo que seus eleitores não tenham informações para gerar estas demandas.

     Voltando a provocação do título, há muita gente atrás da multiplicação máxima de sua renda, com minimização dos seus esforços. Precisamos auxiliar que mais gente entenda que uma forma segura de aumentar a renda é estudar mais e que o nível médio de renda da população, sua capacidade de consumo é diretamente proporcional ao nível médio de escolaridade.

        Um abraço a todos e até a próxima!

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