domingo, 1 de maio de 2022

Uma cultura de inovação

 


        Quem acompanha este espaço há mais tempo sabe que todos os negócios precisam inovar e a grande maioria parece que quer. Muitas empresas têm profissionais com conhecimentos que poderiam fazer a inovação se desenvolver, mas em boa parte, as coisas seguem do mesmo jeito. Você já parou para pensar porque isso acontece?

Sobre este assunto, me identifico com o que tem pregado Gary Pisano, que tem várias publicações sobre o assunto e é professor de negócios na Univ. Harvard, onde tem um grupo de estudos sobre as falhas nas tentativas de implementar inovações. O ponto central dos estudos é que os pontos fracos das tentativas de inovação não estão nas ideias, como algumas pessoas pensam, mas na forma como elas são executadas.

O primeiro destaque dos últimos estudos de Pisano é que muitas empresas desenvolvem suas ideias e protótipos de bens e serviços inovadores de forma independente e meio bagunçada, o que acaba se tornando um problema maior do que o tempo que ganharam fazendo rápido. Ele retrata a situação como algo que deveria ser bom, se tornando um mostro cheio de tentáculos que se movimentam muitas vezes desarticulados. Seriam as ideias e iniciativas que surgem o tempo todo, mas não se articulam bem entre si, ou pior, não estão bem conectadas com a estratégia principal do negócio. Com esta situação, logo alguém percebe que a empresa gastou tempo, dinheiro e recursos que poderiam estar alocados em outra frente, com maior planejamento. Ter estratégias de inovação é primordial para colocar a inovação no centro das estratégias de desenvolvimento do negócio. 

       Outro problema bem comum são as cópias de modelos divulgados por outras empresas. Os verdadeiros shows que são dados em muitos palcos de grandes eventos apresentando casos como Google, Amazon, Apple, Tesla, dentre outras devem inspirar as pessoas, mas não devem representar modelos a serem copiados, pois a realidade de cada negócio é única. Além disso, é fácil constatar que estas mesmas empresas que tem seus casos relatados centenas de vezes e de formas tão diferentes tem estratégias únicas e diferentes do que tinham quando eram menores e estavam em outros tempos. É preciso entender que cada negócio, cada mercado e cada momento exige uma estratégia diferente e única e por isso, Gary diz que as empresas deveriam investir seu tempo e talentos para construir modelos rápidos de execução dos seus processos de inovação. Não de forma inspiradora como nos filmes e palestras show, mas com processos que tenham começo, meio e fim, utilizando métricas adequadas para medir os resultados.

      A terceira falha identificada pelo grupo de estudos de Harvard é o investimento em ferramentas de inovação, ao invés de investir no que de fato fará a inovação acontecer, que são as pessoas. Embora seja uma lição muito básica, a construção de uma cultura de inovação entre as equipes é a chave para que os projetos não sigam isolados das estratégias e dos processos. Os projetos acabam, mas os processos devem ser mais perenes, com melhoria contínua. Os processos devem ter equipes avaliando e fazendo pequenas melhorias com frequência. Por outro lado, os projetos, quando não viram processos, quando não são implementados ou demoram para se tornam realidade podem se tornar fatores de desmotivação até nas pessoas mais proativas. E aí cada vez menos colegas vão propor algo novo e tendem voltar para suas "caixinhas" de sempre.

As organizações de um modo geral, não inovam rápido, não desenvolvem capacidade para gerar disrupções em seus modelos de negócio, pois é bem mais confortável fazer mais do mesmo do que pensar em algo que pode pôr em risco o atual modelo da gestão. Por vezes parece que tem empresas que esperam que a concorrência faça algo, inove, para então desencadear o processo internamente. Neste caso, um dos grandes riscos é não conseguir alcançá-los. 

     Criar uma cultura de inovação onde as ações que surgirem estejam bem alinhadas com a estratégia do negócio pode demorar um pouco, mas é a melhor forma de consolidar a inovação como processos e não apenas como projetos. 

        Pense nisso! Um abraço, e até a próxima!

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