
Os
valores mais nobres e elevados, estabelecidos até alguns anos na cultura
ocidental diluem-se como a água com o passar dos anos, escorrendo entre os
dedos, sem que alguém seja capaz de segurar. Refletimos sobre os
relacionamentos, os empregos, as empresas, os negócios, as famílias, os credos.
A vida líquida é uma vida precária enquanto segurança e confiança, pois é
vivida em condições de incerteza constante. Quanto tempo ficaremos neste
emprego? Quanto tempo conseguimos ficar com este empregado? Quanto tempo
permaneceremos no relacionamento atual? Quantos dos meus amigos são fieis e
confiáveis? O quanto eu realmente sou amigo dos meus amigos? Por quanto tempo
conseguirei conviver com meus familiares, meus colegas, meus amigos?
Há
o tempo de Deus e o tempo dos homens. O tempo de Deus muitas vezes nos liberta,
enquanto o tempo dos homens muitas vezes nos escraviza e até distorce
conceitos.
Entendo
que uma forma de não nos escravizarmos ao tempo dos homens é pensar no legado
que nós e nossas organizações podemos deixar. Em tempos líquidos, tenho
proposto pensarmos e agirmos avaliando nossa atividade e as nossas relações pela
intensidade e pelo legado e não pelos dias, meses e anos que duraram.
De
forma prática, antes de avaliarmos se alguém partiu mais cedo de nossas vidas,
de nosso convívio, de nossa empresa, passaríamos a avaliar o que cada pessoa
deixou de contribuições a nossa vida, a nossa organização, a nossa comunidade,
país... ao mundo. Em tempos líquidos ainda temos quem fica por muitos anos
conosco e cada vez mais, aqueles que ficam fisicamente pouco tempo conosco.
Este tempo fica relativo, quando alguém que fica menos tempo do que
gostaríamos, deixa um legado que lembraremos por muito tempo.
Os
tempos líquidos vieram para que possamos aprender a valorizar mais a
intensidade dos momentos em que vivemos uma condição, ou convívio, que
gostamos, do que o número de dias e de anos. As vezes alguém parte mais cedo do
que gostaríamos de nossas vidas. Com o passar dos anos, passei a preferir
pensar no legado que cada um deixa em nossas vidas, nos empreendimentos, no
município, na região, no Estado e no país. Sabemos que o tempo do relógio e do
calendário é relativo para quem consegue intensidade no que faz, deixando um
legado importante.
Sentimos
os dias passando cada vez mais rápidos, as semanas que parecem horas, os anos
voando… e a vida se vai como o vento inesperado: não a vimos chegando, mal
podemos dizer quando ela se foi. Só nos resta tentar deixar um legado que possa
enriquecer as lembranças e estimular aqueles que também queiram deixar boas
lembranças nas vidas, nas organizações e nas comunidades com as quais convivem.
Um
abraço, e até a próxima!
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