quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Para superar o subdesenvolvimento

             Lembram quando o discurso vigente era trabalhar para superar subdesenvolvimento? O Presidente dizia na TV que tínhamos que “apertar o cinto” e meu pai falava que já não havia “mais furos no cinto para apertar”. Descobrimos agora que há uma situação bem pior do que o subdesenvolvimento, que é a recessão com PIB negativo por 2 anos consecutivos, o que nunca antes na história deste país havia ocorrido. Dizem que sempre há o que piorar e assistimos a destruição das bases econômicas com passividade, e pior que isso é assistir passividade de quem teria que pelo menos tentar algo para salvar o país. Sinceramente, tenho grande dificuldade de entender como é que tanta gente com tanto poder consegue assistir ao país que em que nasceram, cresceram, cuja população lhes deu o comando da nação, se deteriorar sem nada fazer, ao longo de tanto tempo.
                Errar todos erramos, proteger nossos grupos é sempre o primeiro instinto, mas é inacreditável ver tanta gente que possui os cargos, as condições e os comandos necessários sequer tentar implementar medidas que pudessem evitar tamanha insegurança jurídica, fechamento de empresas, desemprego, perda de poder de compra e manutenção pela inflação, dentre outras dificuldades.
                Mais do que em qualquer outro momento na história precisaremos de todas as forças para gerar renda, empregos e principalmente tributos para pagar um pouco da impagável dívida pública que se construiu com argumentos comoventes e ações deficientes. Ainda que nós que não temos os cargos, o poder e o comando não podendo fazer muitas coisas grandiosas, precisamos conseguir fazer coisas pequenas ao nosso alcance, de forma grandiosa.
                É fácil entender que o país só pode investir recursos em infra-estrutura e direitos sociais, se arrecadar mais. O que parece muito difícil de se entender é que a arrecadação não tem outra fonte que não justamente do setor produtivo, que tem sido destruído nos últimos anos. Um dos principais pilares para a reestruturação da economia de nosso país e estados é a reconstrução do setor industrial. O agronegócio, que amenizou o desemprego e a queda de vendas de varejo em algumas regiões, especialmente ao nosso redor, tem sido a base das exportações brasileiras. Todavia, pela falta de plantas industriais pequenas ou grandes, com capacidade de transformar a soja, o milho, o leite, a carne, das quais nossos municípios e regiões são grandes exportadores, seguimos vendendo commodities para comprar produtos de alto valor agregado de outras regiões e de outros países. Vejam o caso inusitado, do Rio Grande do Sul, com o 3º maior volume de produção de soja, possui atualmente uma única planta industrial completa para transformar o grão em óleo (!!) e somente outras duas (!!) plantas que exclusivamente refinam e em baixo volume no contexto.

               Para superar as dificuldades econômicas o país precisa exportar, mas a política tributária em vigor é destruidora da indústria nacional, já tendo dado várias amostras de que corrói a economia do país e dos cidadãos. Não precisa ser especialista em economia ou comércio exterior para saber que exportar grãos e comprar os co-produtos e ingredientes diversos do setor de alimentos, condimentos, cosméticos, tintas... exportar aço e comprar veículos, motocicletas, bicicletas, máquinas e equipamentos para a indútria, componentes, aparelhos eletroeletrônicos... dentre outros, é insustentável.
                Não acredito que tenhamos a curto prazo governantes com capacidade de fazer esta mudança, que embora pareça simples, exige visão de negócios e coragem. No entanto, não vejo como recuperar o país sem desonerar a produção de bens de consumo e bens duráveis de maior valor agregado. Uma ação em larga escala para incentivar a agregação interna de valor reduziria a necessidade de importação, reduziria custos internos de transporte das commodities que enchem os caminhões e as estradas rumo aos portos e aumentaria a receita exportando produtos de maior valor.
                Nas áreas em que os governos não conseguem e em algumas em que não deveriam atuar, precisamos de governantes capazes de articular, regular, incentivar, organizar. Para termos governos assim precisamos primeiro, de cidadãos conscientes de que não há geração espontânea de recursos quaisquer que sejam e de eleitores com melhor entendimento do papel dos seus governantes.

                Um abraço e até a próxima!

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